Bom, agora no processo terapêutico, estou começando a abordar questões sexuais com meu psicólogo. Possuo muita dificuldade em falar sobre isso pois tenho timidez e passei bons tempos na igreja tendo visões bem restritivas sobre o tema. Hoje, eu não sigo mais nela, mas acredito que ela influencia bastante minha forma de pensar e como eu lido com a sexualidade, apesar de atualmente eu não seguir os ensinamentos da igreja e não concordar com o que ela prega sobre esse assunto.
Pois bem, o problema foi que na última sessão, tivemos um percauso por conta de horário, atraso e atendimento dos outros clientes dele, e aí eu entrei na sala da consulta sozinho e fiquei um tempo lá enquanto ele se despedia da cliente que estava sendo atendida antes. E lá eu vi uma carteira de documentos com a palavra "Fé" e eu sei que aquilo é algo que cristãos gostam de usar. Então fiquei pensando se era dele ou da cliente que esqueceu, se podia ser de outra pessoa, já que a sala é utilizada por outros psicólogos e até profissionais de outras áreas, porém acredito ser dele mesmo.
Antes eu até meio que tive uma paranóia quando trouxe para a terapia que me incomodava quando pessoas questionavam minha fé em Deus. E aí fiquei pensando que ele era ateu e estava achando minha questão besta demais e fiquei pescando "evidências" da falta de crença dele. Porém, quando comecei a falar sobre meus problemas com a igreja e meus próprios questionamentos, me veio à cabeça que ele poderia ser cristão e que estava pensando mal de mim por eu ter deixado a religião. Qualquer mini conhecimento dele sobre termos ou coisas do cristianismo me fazia pensar que ele poderia seguir essa fé.
Agora não sei o que faço e não sei como minha mente vai reagir com isso. Ainda quero falar sobre meus questionamentos, reclamações pelo o que passei e também me abrir mais sobre o pontos sexuais. Será que falo pra ele sobre o que houve? Deixo ok pq eu gosto muito dele como profissional? Fiquei um pouco mal com isso, pois eu tinha essa desconfiança, mas não queria saber realmente da vida dele, até pq ele parece querer disfarçar essa questão. (agora pra mim está sendo uma tentativa de disfarçar, mas ponho o benefício da dúvida de ser só um mal entendido meu e que ele não seja religioso).
Espero que minha mente não fique com pensamentos de que ele vai me julgar ou qualquer coisa do tipo. Mas de qualquer forma, sinto que posso ter um receio de continuar a tocar nesses assuntos.
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17 FEV 2021
· Esta resposta foi útil a 4 pessoas
Olá Júlio! Que bom que você escreveu. Psicólogo, é muito mais gente do que psicólogo. A maior parte das pessoas vivenciam, experimentam alguma fé, alguma crença. Consultório de Psicologia é lugar de praticar Ciência. O importante é seu psicólogo saber separar as coisas, respeitar sua caminhada, trabalhar com abertura mental, tendo sempre como parâmetros os alicerces da Ciência Psicologia, mas considerando também a Ciência das religiões.
A sexualidade das pessoas apresenta uma vinculação corporal-histórica de cada um, de tal forma que para cada pessoa há uma identidade sexual em constante construção e aperfeiçoamento.
Converse com seu psicólogo. A contrário do que parece, falar de tuas verdades, de teus temores, escritos para nós, com ele, será muito enriquecedor para ele te compreender e te ajudar.
Fique muito tranquilo, fale com a maior abertura e honestidade possível, certamente será muito enriquecedor.
Espero ter ajudado.
Abraços virtuais (em tempos de aumento gravíssimo da pandemia, evitemos mortes: máscara, higiene, distanciamento físico, vacina obrigatória para todos e por todos, senso de comunidade, empatia, Ciência!)
Olá Julio!
Todo o profissional da área psicológica está preparado para lidar com todas as questões dos pacientes. Isso é um princípio básico para exercer a profissão. É bem provável que estes sentimentos despertados em você, sejam somente seus. Procure conversar com seu psicólogo sobre o assunto, independente da opção religiosa que ele possa ter. Com certeza, esse passo vai abrir uma grande evolução terapêutica para você! Em frente! Não tenha receios!
Olá Júlio, quando falamos de Psicologia, falamos de ciência, está é a profissão de seu psicólogo, correto? E no exercício da profissão o psicólogo utiliza de sua escuta técnica sobre qualquer tema que você leve a ele, sem julgamentos, de forma empática, receptiva, porém impessoal, ele tentará compreender a sua situação. Então, reflita: ele pode estar te julgando ou você pode estar se julgando?
Vale lembrar que o psicólogo é um ser humano, como todos os outros, tem sua religião, família, finanças e problemas...
Mas em seu exercício profissional, a conduta é direcionada a sua demanda.
Se ainda assim, sentir desconforto, é interessante levar a questão abertamente para ele, para que possam discutí-la e esclarecê-la.
Olá Júlio.
Um dos princípios do atendimento psicológico é suspender o julgamento, isto significa que fora do ambiente terapêutico os psicólogos tem sua própria maneira de pensar, mas nos atendimentos deve suspender qualquer tipo de julgamento. Portanto se até hoje não se sentiu julgado e se sente bem com o profissional que está, sinta-se a vontade para continuar, e se entender que falar sobre o ocorrido te fará melhor, seria bom se expressar quanto a isso.
espero ter ajudado.
Jane Assunção.
Julio,
Quem somos nós? Quam é você? De onde veio? Para onde vai? Onde estavas antes de nascer?
Nasceu para quê? Qual o teu objetivo de vida?
São perguntas fundamentais que exigem uma resposta condizente para segurança e tranquilidade de ti mesmo e explicam o porque dos conflitos, dos problemas.
Todos estamos em um processo de evolução, de crescimento, de desenvolvimento e para entender este processo todo devemos ter os pés no chão.
Como o médico cuida da saúde física, o Psicoterapeuta cuida da sáude fisica e mental.
A mente não é só racional, antes é Mente Pura, espiritual.
Não se concebe um psicoterapeuta sem este entendimento global da pessoa humana.
Então fé, é uma coisa. Religião é outra coisa.
A fé pertence à Vida e Vida é essencialmente espiritual.
Religião é o canal que uma pessoa escolhe para expressar a sua fé. Então creio que está havendo uma grande confusão em sua cabeça e é bom que seja esclarecido.
Olá Júlio, imagino como está situação deva estar te gerando ansiedade. Na relação psicólogo x cliente, deve haver confiança, entre outras coisas. Acho que será extremamente importante para você, levar para seu psicólogo, as dúvidas e angústias que você trouxe aqui sobre como tem se sentido em relação a ele e o que ele pode estar pensando em relação a você. Tenho certeza, que a partir desta conversa, você se sentirá muito aliviado e pronto para continuar seguindo no seu processo terapêutico. O psicólogo não deve julgar, direcionar ou influenciar nenhuma escolha de seus clientes. Muitas vezes, o cliente, projeta no psicólogo dificuldades que ele ( cliente, tem em aceitar algo em si ). Por isso, toda vez que algum desconforto, dúvida, em relação ao processo terapêutico ou ao profissional que o está atendendo, precisam ser discutidas ali, na terapia, para que as arestas possam ser aparadas e o processo terapêutico volte a fluir.
Olá Júlio!
Tudo aquilo que lhe desperta que envolve o processo psicoterapêutico, seja da pessoa do psicólogo, seja do tratamento em si, é de extrema importância que isso seja colocado em palavras no momento da terapia. Diga para ele o que você trouxe na pergunta, esse material será trabalhado e discutido em sessão. Não se sinta acanhado em dizer, a posição que ele ocupa como profissional, não é de julgá-lo ou achar algo sobre suas crenças ou falta delas, mas sim de compreender junto contigo, o que lhe atravessa disso que você crê ou não. Caso você não faça isso, poderá acabar acontecendo de aumentar a sua resistência em falar sobre vivências suas que poderiam ser tratadas e compreendidas, atrapalhando bastante o processo da terapia.
Grato pela pergunta, qualquer coisa estou à disposição.
Psicólogo / Psicanalista Túlio Bueno R. Martins.
