Síndrome do Impostor e a crise do falso "Eu"

A chamada “Síndrome do Impostor” não é uma doença, mas uma experiência “supostamente” impostora que muita gente já sentiu, principalmente no trabalho.

16 FEV 2023 · Leitura: min.
Síndrome do Impostor e a crise do falso "Eu"

Um fenômeno psicológico em que uma pessoa tem uma sensação persistente de fraude ou falsidade, apesar de ter realizado conquistas significativas em sua vida. Um sentimento de incapacidade, incompetência para fazer algo ou assumir alguma posição que não se julga merecedora. A pessoa pode sentir que está enganando os outros ao se apresentar como capaz e competente e tem medo de ser descoberta como uma fraude. Isso pode levar a uma baixa autoestima e crises de ansiedade.

A designada "Síndrome do Impostor", cada vez mais presente em nossa sociedade, é muito comum entre pessoas bem-sucedidas nos meios coorporativos, empresariais, acadêmicos e científicos.

Essa insegurança está muito associada as diversas máscaras que normalmente usamos para atuar no meio social e profissional. Essas máscaras são nossas defesas naturais para atuar de acordo com as necessidades que o ambiente nos impõe.

Quando as máscaras se tornam habituais e não temos certeza da nossa verdadeira essência, da nossa autenticidade, ficamos inseguros em nossas ações e duvidamos da nossa competência e capacidade.

A excelência que a sociedade, o mercado de trabalho imprimi em nossa cultura molda a educação das crianças e a forma como os pais vão exigir isso dos seus filhos. Torna-se uma criação para resultados composta de uma educação muito depositária de conhecimento sem o desenvolvimento adequado da criatividade, espontaneidade e senso crítico tão essenciais ao autoconhecimento e a formação de uma personalidade que corresponda aos anseios, desejos e vontades da verdadeira essência da pessoa.

Estamos vivendo uma verdadeira crise do "Self" ou do "Eu", ou seja, uma crise de personalidade.

A crise de um falso "Eu" refere-se a uma situação em que uma pessoa apresenta uma personalidade falsa, exagerada e não autêntica nas mídias sociais ou na vida pública, que difere significativamente de sua verdadeira personalidade e vida pessoal. Isso pode levar a problemas de autoestima, ansiedade, insatisfação pessoal, além de causar desconfiança e tensão nas relações pessoais e sociais.

As formas mais comuns dessa síndrome apresentar-se é através de uma ansiedade extrema antes de realizar alguma tarefa importante, seguida por procrastinação ou preparação em excesso para ela atribuir o sucesso ao trabalho duro (que, na mente do impostor, não é indicação de uma habilidade real), sentir necessidade de ser melhor que seus pares (ainda que secretamente), perfeccionismo, achar que os outros são sempre mais inteligentes e medo do fracasso são outros indicativos.

É importante que as pessoas encontrem um equilíbrio entre sua imagem pública e sua verdadeira personalidade, a fim de viverem de maneira autêntica e saudável.

E é nesse contexto que o trabalho terapêutico que aplico, atua nesse mergulho consciente e profundo na personalidade verdadeira da pessoa.

Uma vez se afastando de padrões ideais que muitas vezes molda uma personalidade excessivamente egocêntrica, perfeccionista ou narcisista, ela possa sentir mais confiante e com liberdade para ser quem realmente ela é. Pessoas que atingem esse nível de autoconsciência são autênticas, espontâneas e criativas, conquistando um nível de segurança que lhes permite aceitar os próprios erros sem crises de ansiedade, sentimentos de culpa e desvalorização delas mesmas, pois conhecem mais suas habilidades, seus pontos fortes e seus pontos fracos, e portanto, sabem explorar com mais eficiência e maestria os desafios que a vida profissional e social lhes apresentam.

A grande autoanálise que devemos começar a fazer é respondendo duas perguntas bem básicas com bastante sinceridade: Quem realmente eu sou? (por favor, sem respostas de entrevista de emprego) e Sinto-me realmente seguro e confiante?

Referências

Winnicott, D. W. (1960). Distorção do ego em termos de verdadeiro e falso self. In: Winnicott, D. W. O Ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Porto Alegre: Artmed, 1983. p. 128-139.

Winnicott, D. W. (1964b). O conceito de falso self. In: Winnicott, D. W. Tudo começa em casa. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 53-58.

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Escrito por

Fabio Fernandes de Oliveira

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