Amar a si mesmo

“A mais profunda raiz do fracasso em nossas vidas é pensar 'como sou inútil e fraco'. É essencial pensar poderosa e firmemente 'eu consigo', sem ostentação ou preocupação”. Dalai Lama

21 SET 2015 · Leitura: min.
Amar a si mesmo

O que é autoestima? Li uma vez uma definição que achei interessante, autoestima é a "o quanto você admira a si mesmo", isso é a forma como enxergamos a nós mesmos. Trata-se de quanto nos respeitamos e nos queremos bem.

Eu escolhi esse tema, porque percebo como a autoestima interfere em tudo que fazemos; nos relacionamos, nas nossas escolhas, nos nossos posicionamentos, no nosso dia a dia. Sim, ela reflete nas situações em que nos colocamos e nas decisões que fazemos para nós mesmos.

É um momento de parar e perguntar:

  • As atitudes que toma são boas para você?
  • Tem um tempo do dia, da semana ou do mês, dedicado a você, a se cuidar, a fazer algo que gosta, escutar sua música preferida?
  • Você acredita na sua capacidade de realizar as coisas?
  • Você acredita ser merecedor das coisas que sonha e das que conquista?
  • Você está contente consigo mesmo?

Essas são apenas algumas perguntas, mas se a maioria das respostas for negativa é interessante você procurar uma forma de se ajudar a mudar essa autoimagem.

A pessoa sem autoestima não gosta dela mesma e inconscientemente faz escolhas ruins para si. Com isso acabam reafirmando sua crença de não ser merecedora ou que na vida dela tudo é difícil e que ninguém gosta dela.

Faz o que chamamos de autossabotagem. Assim, em seus relacionamentos amorosos, se envolvem com pessoas "erradas", que a tratam mal ou que não estão disponíveis. Nas relações de amizade, sentem-se sempre "sugadas", dando mais do que recebendo e se aproximam de pessoas que não lhe acrescentam novos afetos, novos conhecimentos, companheirismo. No campo profissional, não consegue evoluir, pois não tem confiança no próprio potencial e nem coragem para tentar algo novo.

Quando em grupo ou situações novas tem medo se expor, medo "do que o outro vai pensar dele". E muitas vezes são tão fortes os sintomas, que as mãos transpiram, as palavras somem, "dá branco". E qualquer obstáculo que apareça, a faz desistir, fugir, muitas vezes inconscientemente arrumando uma "desculpa" para aquela fuga. Se forem crianças ou adolescentes, ou mesmo o adulto estudando, prefere continuar com suas dúvidas a levantar a mão e perguntar ao professor e ficam no canto torcendo para o professor nunca lhe perguntar nada. Trabalho em grupo, é sempre uma tortura.

A falta de conhecimento próprio e a autoimagem distorcida são uma das causas da falta de autoestima. Também o abandono, a culpa, a rejeição, carência, timidez, humilhação, perdas, principalmente a financeira podem causar a baixa autoestima.

Nossa autoestima começa ser construída desde a infância, os pais e as pessoas que cuidam da criança precisam lhe dar atenção e reconhecimento, reforçar seus comportamentos, sua aparência física, suas habilidades, suas conquistas... E tudo isso vai contando à criança quem ela é e lhe dando parâmetros. Assim, ela desenvolverá sua autoimagem e, consequentemente, seu amor próprio.

Se ela for criticada a maior parte do tempo, desprezada, tratada sem carinho, sem reconhecimento, tendo uma relação deficitária com as pessoas que cuidam dela, se não recebeu referências suficientes de si mesma, como resultado não consegue se enxergar de forma positiva, vai ficar sempre se comparando aos outros e não confiando em si e preocupada com o que estão pensados a seu respeito.

Acredito que a autoestima rebaixada pode fazer parte das características de personalidade, mas com certeza pode ter interferência de fatores ambientais. A família pode, mesmo sem querer, ensinar posturas derrotistas. VivÊncias traumáticas podem deixar sequelas, por exemplo, pessoas que sofreram bullying e também a pessoa pode ter características depressivas que a levam a auto estima rebaixada.

Como uma pessoa pode saber se sofre com falta de autoestima?

Pode-se identificar a falta de autoestima, por exemplo, quando alguém à sua volta o elogia e você não acredita que seja verdade, que o outro realmente gosta de você, que achou boa uma característica sua, ou seu novo corte de cabelo ou uma atitude sua. Ainda quando desvaloriza o elogio, achando que qualquer um poderia fazer aquilo.

Também é possível identificar a falta de autoestima quando você não acredita que é capaz de realizar algo, não por não ter instrução, mas por medo. Outras pessoas descobrem esta característica ao se consultarem com seus psicólogos e este profissional identifica a razão de suas dificuldades.

Alguns sintomas da falta de autoestima:

  • Sentimento de insegurança, sentir muita dúvida e incerteza na tomada de decisão.
  • Não acreditar que tem capacidade para melhorar, falta de autoconfiança em si.
  • Excesso de autocrítica, só enxerga seus próprios defeitos e não vê as suas qualidades.
  • Não quer ser criticada, qualquer coisa que falam a seu respeito, a destrói. Quem tem boa autoimagem, escuta a crítica, pensa o que realmente serve para ela e busca melhorar, mas sabe que é um detalhe, isso não a desvaloriza.
  • Busca relacionamentos destrutivos, tem dificuldade em impor limites, tem necessidade de agradar.
  • Carência afetiva, o que leva a aceitar relacionamentos que lhe dá muito pouco, onde aceita tudo.
  • Pensamentos negativos, pessimismo, ansiedade, sentimento de inferioridade, necessidade de aprovação.

Como é possível tratar a falta de autoestima?

A psicoterapia ajuda em vários aspectos: ajuda a reestruturar pensamento distorcidos, a ressignificar o modo de ver situações, o autoconhecimento, a um diálogo interno (porque a autoestima é construída de dentro para fora), a descobrir e aceitar suas qualidades, a tratar-se com amor, a estabelecer limites, a buscar coisas que te deixem feliz, a aumentar seu amor próprio e assim buscar relacionamentos, trabalhos, amizades, que sejam recíprocas e lhe tragam paz interior.

Quando temos ou alcançamos a autoestima elevada passamos a gostar e ficar à vontade para oferecer e receber elogios, ter facilidade em expressar afeto pelos outros, somos mais flexíveis e temos melhor compreensão sobre os outros e sobre os acontecimentos, confiamos que as coisas boas chegam para a gente e no que vamos realizar, nos sentimos menos ansiosos, melhora nosso desempenho em todas as áreas, diminui nossa necessidade de aprovação e insegurança e procuramos relacionamentos sadios.

O amor ilumina nossa alma e é o que dá sentido a vida. Amar e nos sentirmos amados é tão necessário a nossa existência como o ar que respiramos, a água que bebemos, a o pão que nos alimenta. Ninguém vive sozinho e precisamos ser cuidados e tocados, temos necessidade de "pertencer", "fazer parte", observamos isso durante toda vida, mas na adolescência isso é muito evidente.

A criança aprende e desenvolve mais rápido sentindo-se amada, reconhecida e no envelhecer, se não nos sentirmos amados definhamos. Sem amor, adoecemos. A visão que temos de nós mesmo, a nossa autoimagem, influencia nessa sensação de pertencimento, de aceitação e tudo começa em nós mesmo. Para amarmos o outro, precisamos nos amar antes e isso significa, autoaceitação, autorrespeito... a tão falada autoestima.

Foto: por kevin dooley (Flickr)

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psicólogos
Escrito por

Ana Cristina Machado

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Comentários 2
  • Hemilly

    Que texto maravilhoso e esclarecedor ❤️ Gratidão

  • Cláudio dos Anjos

    Passei a compreender com mais clareza o que a autoestima é e o que posso fazer para construir uma boa autoimagem. Sábado, 21/12/2019 Excelente artigo! : )

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