Como sair da caverna?

Feita por >Vic · 26 abr 2024 Abordagem psicológica

Olá, me chamo V, 26 anos e tenho sofrido muitos revezes em minha vida há pelo menos 9 anos.
Desde que tive que me tornar uma pessoa economicamente ativa (julgo que a partir dos meus 17 anos, quando ingressei na faculdade de Publicidade e Propaganda), não consegui chegar em meios que me dispusessem condições necessárias para ter uma vida positivamente equilibrada.
Eu tentei muito uma colocação de emprego na área, e não consegui (durante o período da faculdade, tive grandes problemas com autoestima que perduram até hoje, com sintomas mais graves (detalharei posteriormente)). Sem expectativas na área em que escolhi e por pressões temporais e familiares, aos 23 anos, ingressei no meu primeiro emprego de carteira assinada, em 2020, como jovem aprendiz no Sesc; no entanto os trabalhos foram interrompidos no meu primeiro dia, uma vez que coincidentemente foi a declarada pandemia da Covid 19. Assumo que passei incólume por esse período de reclusão, não senti crises de ansiedade, como muitos de meus amigos tiveram; embora eu tenha passado por momentos, no período de reclusão, em que eu não conseguia fazer o básico.
Um ano após a declaração de pandemia e com algumas regras afrouxadas, resgatei um cachorro (janeiro de 2021), produzi um filme (março de 2021 a abril de 2022), o contrato como Jovem Aprendiz no Sesc foi encerrado (julho de 2021, se não me engano) e arranjei um novo emprego como atendente na Casa Bauducco (novembro de 2021).
No meu emprego como atendente, eu tive a minha primeira experiência deveras como CLT.
Ganhei muitas responsabilidades ao longo do tempo em que trabalhei lá e depositava no trabalho em si todas as minhas frustrações e inseguranças. Era assíduo, cordial e excessivo (eu chegava uma hora antes da jornada iniciar, com o intuito de adiantar os vários procedimentos de abertura de loja; eu fazia isso, porque: passei a realizar o trabalho de duas pessoas, pois meu camarada de trabalho pediu as contas; e eu não conseguia, nos 20 minutos oficiais, realizar toda a rotina de abertura da loja (contar caixa, preparar mesas, tirar lona, limpar forno, ligar as máquinas, assar degustação etc.)).
Eu confesso que adorava essa rotina de ser útil. Depositava, reitero, todas as minhas frustrações pela excelência no trabalho. Entretanto, após quase um ano de atividades, eu simplesmente coringuei. “Como?”, você se pergunta. Digo-lhe: eu havia saído de casa normalmente, segunda-feira, no dia 22 de setembro de 2022; porém, no meio do caminho, tive uma crise de angústia e choro muito intensa, que durou todo o meu expediente. Nesse dia, uma cliente, ao ver que eu não parava de chorar, me acolheu; ela é psicóloga, conversamos muito, ela me elencou as razões para ser grato à vida que tenho e me disse, por intermédio de tudo que falei, que eu me tranquei numa gaiola e escondi a chave (chorei muito, ao ouvir essa sentença). Conversei com ela que gosto de fotografia, e ela me convidou para ir fotografar a cafeteria em que era dona, na minha próxima folga (esse evento, a tiragem de fotos, foi três dias após minha primeira crise). A minha mãe teve que ir ao trabalho me buscar, pois eu estava terrivelmente pirado nesse dia.
Eu tentei, em vão, trabalhar na terça e na quarta, pois as crises de angústia continuavam.
Fui fotografar a loja da camarada que me acudiu; senti-me bem o dia todo, no entanto, quando saí de lá, tive outra crise ao voltar para casa.
A crise que tenho é de angústia. Uma espécie de corpo estranho em meu peito que me faz ter uma histeria descomedida: eu rio, choro, grito, me bato e, em ocasiões raríssimas de desespero, me mutilo.
No sábado dessa semana em que tive a primeira crise, toda a equipe de trabalho estava muito preocupada comigo, pois era muito estranho uma pessoa aparentemente equilibrada despinguelar tão gravemente. Julgo que as opiniões que meus colegas de trabalho tinham comigo eram: “muito educado”, “gentil”, “assíduo em excesso”, “responsável” etc. Ainda no dia de sábado, minha tia, ao saber das minhas crises, foi me visitar no trabalho. Fomos almoçar, não consegui comer, ela conheceu minha chefe que nos encaminhou para uma clínica dentro do shopping em que trabalhava (os meus colegas de trabalho fizeram a gentileza de pagar a consulta). Ao chegar no local e dar os meus dados, antes de ser atendido, a minha chefe fez uma piada por se sentir antiquada por usar o “Hotmail”; não sei por quê, mas isso desencadeou uma crise grave de angústia: gritei no consultório, chorei, ri, babei etc. Quando fui atendido pela doutora, ela viu a minha situação, me afastou por dez dias e me receitou Alprazolam de 0,5mg. Apaguei, durante a viagem até a casa da minha tia, que segurou bem a onda, ao me ver, pela primeira vez, coringando.
Concomitantemente a esses episódios, eu estava apaixonado por uma antiga colega da cafeteria. Declarei-me, ela disse “não é bem assim”, e segui minha vida. Ao refletir atualmente essa passagem, creio que esse “não” foi um atestado para a depressão; porém não a culpo de nada. Foi o meu primeiro amor deveras, ela me dizia coisas muito agradáveis sobre a minha pessoa e conduta. Já faz um ano, porém, que não nos falamos.
Após a crise de sábado, fiquei afastado por dez dias, que se prolongaram por mais mais uma semana, que se prolongou para o pedido de auxílio-doença.
Passados seis meses desse episódio assustador (já em março de 2023), comecei a me tratar com o psiquiatra do SUS na minha cidade, e ele me receitou Olanzapina de 5mg, Desvenlafaxina de 50mg e aumentou a dose do Alprazolam para 2mg. Além de me tratar com esse psiquiatra, fui ao psicólogo que prometeu tudo e nada entregou.
Vou sintetizar, pois creio que estou ficando enfadonho; colocarei em tópicos:

1. Passei a me sentir perseguido pelo Trocadilho (março de 2023);
2. Terminei o filme que produzi (março de 2023);
3. Doei o cachorro que resgatei. Confesso que foi um gigantesco alívio financeiro. Eu gastei com o animal mais de 6000 reais pelo tempo em que fiquei responsável por ele (abril de 2023);
4. Pedi alta do auxílio-doença, por achar que a volta ao trabalho acabaria instantaneamente com todos os meus sintomas de ansiedade e depressão (maio de 2023);
5. Pedi demissão do trabalho na Casa Bauducco, por desgosto pelo atividade e por sentir que não tinha mais sentido continuar lá (maio de 2023);
6. Tive crise de ansiedade numa igreja, após ter ido a um centro espírita me consultar com preto velho. Os fiéis da igreja julgaram que eu estava com demônios (maio de 2023);
7. Me afundei na depressão (junho de 2023);
8. Saí do antigo psicólogo que simplesmente me ignorou, quando comuniquei o meu desejo de voltar a trabalhar (junho de 2023);
9. Arranjei um novo emprego no Sesc e fui demitido um mês após a contratação, por ter uma crise grave de pânico (setembro de 2023);
10. Entrei em uma nova psicóloga que está há meses tentando me convencer a adotar uma rotina e simplesmente eu não consigo pôr em prática o que ela me recomenda (setembro de 2023);
11. As vozes que ouço têm me denegrido demasiadamente, me chamando de “fracassado”, “miserável”, “chimpanzé reumático” etc. Isso tem afetado muito a minha paz e autoestima (janeiro de 2024);
12. Dei entrada no auxílio-doença, e ele foi negado, pois, segundo a médica perita, era contraditório o fato de estar há mais de um ano tomando Alprazolam 2mg, Desvenlafaxina 50mg e Olanzapina 5mg e não ter melhoras no quadro clínico.
Preciso de ajuda nessa questão: ela está certa?

Bom, para finalizar e sintetizar as inúmeras questões que tenho (tem muito mais, que infelizmente não consigo debater com a atual psicóloga, que, a meu ver, pretere a ideia de “passado”), eu estou terrivelmente perdido, mas não tenho ideações suicidas (que tristeza seria me matar no fundo no poço, não?). Eu não tenho vontade de fazer mais nada na vida, sinto-me corrompido, a solidão é uma constante, ouço vozes, tenho dificuldades em realizar tarefas básicas do cotidiano e me sinto sem criatividade para dar a volta por cima. Creio que nada nessa vida é permanente, mas convenhamos que esse contexto de vida pusilânime num ambiente hostil que é o Rio de Janeiro é desesperador.
Bom, quero agradecer à minha mãe por ser a única pessoa que me suporta 24/7. Ela é minha única amiga (não estou lamentando, mas sim expondo um fato).


Agradeço pela disponibilidade.
Cordialmente, V.

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