Ideação suicida é uma etapa prévia diretamente anterior ao suicídio em si?

Feita por >rsh · 13 jul 2021 Depressão

Eu sei que venho sofrendo de depressão há anos, com altos e baixos frequentes. Tenho 36 anos e não faz muito tempo que comecei a olhar para minha vida em busca de respostas para certos comportamentos repetitivos. Eu hoje consigo entender algumas dinâmicas desses comportamentos nocivos que tenho, faço até ideia de onde o problema tenha começado, mas não sei como sair dessas repetições, nem como quebrar esses ciclos e nem como curar essas dores e angústias. De alguns anos pra cá, depois de perdas significativas, erros e enganos, meu estado tem se agravado consideravelmente: quando comecei o segundo grau em (2001), havia passado em um concurso para uma escola federal e até ali sempre fora uma aluna exemplar, responsável e tudo mais. Assim que passei nesse concurso, quando já não tinha mais obrigação de retribuir com boas notas o sacrifício da família em pagar pelos meus estudos, de uma hora para outra, simplesmente entrei num estado de letargia severa, onde não conseguia mais sair da cama para ir às aulas e nem para canto nenhum ou coisa alguma. Fiquei assim por 3 anos. Perdi minha matrícula, terminei meus estudos no supletivo. Algum tempo passou e decidi fazer vestibular, passei novamente para federal e, novamente, veio o estado de letargia. Larguei a faculdade. Anos depois tentei de novo o vestibular e passei, e, novamente, larguei de novo. Nunca me custou passar, sempre fui inteligente, nunca fiz curso pré e nem estudei para passar. Posso ser inteligente, mas em compensação, não tenho nenhuma determinação para levar nada do que eu começo ao termo, paro sempre no meio do caminho. Agora falando sobre minha vida social, estou em completo isolamento há anos (e não se trata de pandemia), tenho facilidade para deixar pessoas de lado (faço amizades mas se houver afastamento com o tempo, não faço nenhum esforço para manter o vínculo). Tive 3 relacionamentos amorosos significativos (2 anos, 7 anos e 5 anos). Nenhum deles vingou. Todos terminaram comigo eventualmente. Sofri por um tempo, mas muito mais pela ideia de fracasso, humilhação e incompetência em manter relacionamentos saudáveis do que pela falta da pessoa em si. Superei todos eles. Desenvolvi um temperamento irritadiço, intolerante e tóxico, o que me custou alguns empregos. Só a minha mãe me atura, na verdade. Todos se afastam e, sinceramente, apesar disso me entristecer e de eu ter ciência que a culpa é minha, prefiro o isolamento, acho q combina com meu estado de espírito, pois sinto um gasto ENORME de uma energia que não tenho dar atenção a alguém ou levar uma conversa branda e amena, ou seja, "fazer sala" ou fazer novas amizades ou entreter em conversas outra(s) pessoa(s), mesmo que seja algum familiar ou amigo (antigo, pois novas amizades eu não faço há muito tempo), mesmo que sejam pessoas queridas, do meu interesse. Eu me sinto exausta nessas interações, pois forço uma polidez social que não tenho, forço sorrisos que não quero dar e animação e entusiasmo falsos, quando por dentro estou vazia. É essa a palavra, vazia. Não sinto mais nada, às vezes nem sentimentos ruins eu sinto. Não tenho interesse em mais nada. Às vezes bate uma onda de entusiasmo por algo e eu penso "vou fazer isso e aquilo e minha agenda diária vai ser assim e assado" e quando percebo, não passa um dia e desisto de absolutamente tudo. Perco o interesse e o foco por coisas e pessoas e atividades com a velocidade da luz. Não tenho força física e muito menos emocional para mais nada. Isso tem se agravado consideravelmente e chega a sufocar a angústia dessa situação. Venho pensando e considerando cada vez mais a morte como resposta e saída. Não tenho coragem de me matar. Nenhuma, para ser sincera. Mas eu quero e almejo essa coragem. Quero morrer. Sou uma inútil, não faço e nem nunca fiz nada de bom para ninguém nessa vida (nem para mim mesma). Só fiz mal aos outros (maltratei muita gente querida, familiares, com esse meu jeito intolerante, impaciente e grosseiro de ser). Levei minha mãe às lágrimas muitas vezes e hoje, com o câncer, se ela morrer, vou levar um remorso eterno e uma dor mais que insuportável para o resto da minha vida.
Não sou uma pessoa boa e o mundo ficará muito mais leve sem a minha existência.
A verdade é que não vejo a vida como uma dádiva, mas como uma maldição. Eu não queria ter nascido, nunca teria escolhido, caso tivesse esse direito, existir. Quando eu era pequena (uns 3 anos), quase morri com uma pneumonia viral e, por causa do avanço na medicina, eu sobrevivi. Acho q a ciência do séc xx e xxi tem burlado o processo de seleção natural, pois indivíduos defeituosos que deveriam morrer, como eu deveria, estão sendo salvos pela ciência e causando um efeito borboleta no resto do mundo e no desenrolar da história da humanidade. Acredito que um efeito nocivo, a tomar pela minha vida....
E não acredito nessa história de "missão de vida", pois já assistiu aos noticiários, quando informam, por exemplo, que um bandido tal morreu no confronto na favela ou sei lá como, o negócio é que era bandido e morreu (e geralmente morre cedo)? Simplesmente o cara vem ao mundo, não faz nada que preste nem pra ele e nem pros outros, faz um monte de merda, comete um monte de atrocidades e acaba morrendo. Qual a "missão" dessa criatura?! Não tem essa de missão nenhuma! O negócio é entender e admitir que muitas pessoas vêm a esse mundo para nada, pra bancar o coadjuvante (na melhor das hipóteses). Não tocam a vida de praticamente ninguém significativamente, dentro de um ou dois anos cairão na completa obliteração e se você parar pra pensar sobre isso, vai chegar a conclusão da grande inutilidade e desperdício de energia quando a natureza (ou Deus, se assim vc crê) decide conceber um indivíduo assim. É inútil. É ridículo. E eu me sinto inclusa nessa estatística dos que vieram ao mundo para nada e para merda nenhuma (desculpem o vocabulário). E, agora chegando ao cerne da minha pergunta: percebi que o meu desejo de morte tem evoluído. Antes eu não cogitava, depois comecei a pensar sobre isso esporadicamente. Depois passei a cogitar como uma opção viável, mas em última instância apenas. Depois eu passei a ver a morte como única saída. Depois passei a desejar a morte, mas com dualidade de sentimentos. Depois passei a idealizar o suicídio. Depois cheguei a pensar e planejar nas maneiras de me matar menos dolorosas, imaginar como faria, a carta que escreveria,a época etc. Hoje, para chegar aos finalmentes de fato, só me resta coragem. Eu ainda não tenho, mas desejo muito ter. E daí veio a dúvida, se esse sentimento vem evoluindo assim, essa fase da ideação suicida é a fase imediatamente prévia ao ato do suicídio em si ou ainda tem alguma etapa intermediária?
Obrigada. Desculpem-me o texto prolixo...

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A melhor resposta 17 JUL 2021

Rsh. Seu texto não é prolixo. Vc escreve bem.
Vc passou por muitas coisas pelo q vc colocou e se culpa muito por tudo. O q aconteceu vc deveria deixar p traz e não virar um remorso constante.
Vc me parece depressiva e talvez vc esteja assim há muito tempo o que explicaria esse isolamento, essa falta de interesse pela vida, o desânimo e até a irritação.
Vc precisa de terapia.
Se interessar conheça o pelfil dos psicólogos e faça sua escolha. Não desista de vc.
Sou Mônica psicóloga

Monica Mesquita Psicólogo em Rio de Janeiro

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20 JUL 2021

Ola tudo bem?

Acredito que você fazer uma psicoterapia ira lhe ajudar a clarear esses pontos que descreve. Auto- conhecimento nos liberta,

Abraços Psicologa Natalia Martins
Instagram: psicologa natalia martins

Natalia Martins Psicólogo em São Paulo

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20 JUL 2021

Olá RSH. Quem pensa em suicídio ou mesmo tempo não necessariamente quer morrer. A pessoa quer para de sofrer e não morrer, quer que o sofrimento morra ou que a causa do sofrimento morra. A melancolia, a depressão e outros transtornos promovem prejuízos cognitivos e emocionais. Se vc quer mudar e adquirir outra visão de mundo e de si mesma precisa de ajuda profissional. Um psicólogo e um psiquiatria trabalhando juntos podem te ajudar grandemente. Você pode recomeçar. Boa sorte. Fique bem.

Eduardo D Andrade Psicólogo em Brasil

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19 JUL 2021

oi! Posso lhe ajudar no que vc precisa. Se quiser entrar em contato comigo é so agendar que vou lhe responder o mais rapido possivel

Rafaela de Arruda Custódio Psicólogo em Belém

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16 JUL 2021

Bom dia Rsh.
Sugiro acompanhamento psicológico e a leitura do livro "Viver é a melhor opção", de André Trigueiro.
Célia Jovanka.

Célia Jovanka Psicólogo em Rio de Janeiro

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15 JUL 2021

Olá!
Primeiramente obrigada por compartilhar conosco e sinto muito que esteja passando por isso, com certeza é algo muito difícil.
Você apresenta alguns sintomas de depressão, e com essa ideação suicida é essencial que você busque por acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Falo dos dois juntos pois é comprovado terem mais eficácia assim; ao passo que a medicação te ajuda a diminuir os sintomas e colocar em prática os aprendizados da psicoterapia para que com o tempo você possa prosseguir por conta própria. O fato de vocês estar nos escrevendo agora demonstra seu desejo de viver e melhorar, então se agarre a ele e busque acompanhamento profissional.
De modo geral, eu percebo que você não tem muitos reforçadores no momento, ou seja, coisas da vida que nos trazem satisfação. Sugiro implementar coisas que você goste, em passos pequenos. Porque se você for se forçar a fazer algo que não gosta, só irá te desanimar ainda mais de fazê-lo no futuro. Então você pode começar, por exemplo, mandando mensagem para seus amigos e familiares, perguntar como estão, algo rápido e que você não precisa se forçar a ficar mantendo imagem como se se encontrassem presencialmente. Quando mandar mensagem for ficando mais fácil, parta para ligações, e assim por diante.
A mesma coisa com estudos, você não conseguiu manter pois estava em um momento difícil, mas ter feito o vestibular mais de uma vez demonstra seu desejo em estudar. Então que tal um curso curto? Algo que seja 1x por semana por poucas semanas, por exemplo.
Isso são recomendações mais básicas, pois é preciso avaliar seu caso com calma e entender seus pensamentos e crenças, o que só é possível em psicoterapia.
Espero ter ajudado e me mantenho a disposição,
Ingrid Oliveira
CRP 06/168161

Anônimo-390081 Psicólogo em São José dos Campos

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14 JUL 2021

Oi RSH! Obrigado pelo texto. Foi-me muito útil. Você apresenta uma série de ponderações ricas e interessantes. Certamente será muito interessante a qualquer pessoa ou psicólogo poder se inteirar da tua história, das tuas vivências, das tuas análises. Elas são muito enriquecedoras. Imagine quantos saberes você adquiriu e precosa dividir. Todos somos carentes de interações, de trocas, de aprendizados.
Vamos para as interações, para as trocas sociais. Talvez somente falte a colocação dos limites e a persistências para encaminhamentos e conclusões de processos de vivências que sejam éticos, integrados à cultura, signficativos para você e ao mesmo tempo saudáveis.
Vamos conversar mais profudamente?
Nós, psicólogos, aguardaremos.
Abraços virtuais (em tempos de pandemia real, de falsos políticos, de falsos religiosos, alguns falsos cientistas, sigamos as direções das intistuições científicas, como as Universidades Públicas, Instituto Butantan e Organização Mundial da Saude.)

Atenciosamente:

Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

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