Você já ouviu falar em Gestalt-terapia?

Você sabia que a palavra Gestalt significa "forma" em alemão? E que o estudo da forma como percebemos o mundo e a nós mesmos foi o ponto de partida para a Gestalt como abordagem psicológica?

14 OUT 2016 · Leitura: min.
Você já ouviu falar em Gestalt-terapia?

O que se entende pela palavra gestalt "é tão velho quanto o próprio mundo e principalmente o organismo que se mantém a si mesmo, e a única lei constante é a formação de gestalts".

Essa palavra de origem alemã, que não tem tradução para o português, equivale à noção de forma, estrutura particularmente organizada em seus elementos, com sentido e significados próprios que emergem na e a partir da totalidade (PERLS, 1977, p.32).

A abordagem gestáltica pode ser descrita, metaforicamente, como as diversas cores, tonalidades, formatos e dimensões que se vê através de um caleidoscópio, as quais, na medida em que o movimentamos, agrupam-se de modo novo, configurando um todo único a ser percebido.

É como estar em uma paisagem natural, constituída por elementos diferentes quanto às suas essências, como a água, a terra, o ar, árvores, os animais, a pessoa e, mesmo assim, encontrar sentido, beleza, interdependência entre as partes, e saber que nada está solto ou excluído.

Essa reciprocidade promove mudanças estruturais, ecológicas e, porque não dizer existências, já que o efeito do tempo, da força das águas, das mudanças climáticas, da ação humana, transformam o contexto e tudo que nele há, inclusive a percepção do que é, ou não, significativo.

Essas observações são válidas para compreender como a Gestalt-terapia se apresenta a nós através de suas bases filosóficas, teóricas, conceituais e metodológicas, pois revela aquilo mesmo que foi realizado por Fritz e seus colaboradores Laura Perls e Paul Goodman, no sentido de reunir em um todo coerente e único, diversas partes, isto é, diferentes filosofias, teorias, metodologia e práticas, de origem europeia, oriental e americana, redesenhando uma nova proposta psicoterápica, atribuindo a elas uma boa forma.

Ginger e Ginger (1995) contam que a história da Gestalt-terapia (GT) está situada na década de 40, na África do Sul, oficializando-se como abordagem psicoterapêutica 11 anos depois, com a publicação do livro Gestalt-Therapy, de Perls, Hefferline e Goodman.

Tornou-se amplamente divulgada e praticada na Califórnia, durante os anos 60 e 70, época marcada pelo movimento da "contracultura", cuja essência estava muito próxima à proposta da abordagem quanto à valorização do humano, criatividade, liberdade e responsabilidade. Seu início, contudo, deu-se na Europa alcançando rapidamente outros continentes, chegando à Alemanha em 1969 e três anos mais tarde já era ensinada em vários institutos.

Juliano (s/d), em seu texto de apresentação à edição brasileira da obra dos autores supracitados, afirma que a GT, para alguns que fizeram uma leitura simplista, visando uma aplicação descontextualizada de suas bases filosóficas e teóricas, representava uma "solução mágica", "uma terapia instantânea", de resultados pouco eficientes.

Esta proposta de terapia foi inicialmente chamada de "terapia de concentração, terapia do aqui e agora, psicanálise existencial, terapia integrativa, psicodrama originário ou simplesmente, terapia do contato" (GINGER e GINGER, 1995, p.16).

Mas, como um contraponto à visão simplista da GT, Perls (1973, p.18) diz que é "a organização dos fatos, percepções, comportamentos ou fenômenos e não os aspectos individuais de que são compostos, que os define e lhes dá um significado específico e particular".

Essa afirmativa encontra respaldo pela coerência e consistência teórico-prática desta abordagem dada pela filosofia humanista, existencial-fenomenológica e dialógica, bem como por sua base teórica construída através da Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo, Teoria Organísmica e Teoria Holística.

Isto possibilita uma concepção de ser humano integrado em suas dimensões sensoriais, afetivas, espirituais, cognitivas, motoras e sociais; visa facilitar o processo de consciência da experiência no aqui e agora, de atitudes cristalizadas e repetitivas, incluindo a percepção do sujeito configurada ao longo de sua história de vida, de modo que seja possível o estabelecimento de ajustamentos criativos no contato deste sujeito consigo mesmo e com os outros (GINGER e GINGER, 1995).

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Escrito por

Consultório Sandra Menezes

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