Homossexualidade e a relação entre pais e filhos
"Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é? Será que ele é... Bicha!" "Maria sapatão, sapatão, sapatão, de dia é Maria, de noite é João!" Atualmente ainda caberia: onde foi que eu errei?
Impossível negar a interferência da mídia em nossos dias através de telenovelas, comerciais de TV, filmes, revistas, enfim, de uma gama de ferramentas à disposição do público em geral. Encenações como as de Félix (Mateus Solano) e Cesar (Antonio Fagundes) na novela Amor à Vida podem deixar muitas pessoas enojadas, emocionadas, tristes, alegres... enfim, uma gama de sentimentos ronda nossas vidas quando o assunto é a homossexualidade.
Gerações passadas de pais se pergutavam ao saber das revelações dos filhos(as): Onde foi que eu errei? Hoje, muito mais visível, a homossexualidade permeia mais abertamente nossa sociedade, o que pode tornar um pouco mais compreensíveis as escolhas feitas pelos seus(suas) filhos(as).
Será que foram erros na educação? Falta de uma figura de gênero mais presente? Referenciais masculinos e femininos deturpados? Questionamentos como esse pairam nas cabeças dos pais. A dificuldade de aceitação, quando o assunto é dentro de casa, é muito diferente de quando se trata dos "filhos dos outros". Com a colaboração da mídia, alguns fantasmas estão sendo espantados e a maioria das pessoas consegue enxergar as expressões da sexualidade humana de forma diferente, mas há ainda um longo caminho a ser percorrido.
Nossa visão binária (ou uma coisa ou outra) em relação à questão de gênero masculino e feminino colabora muito para o fortalecimento do preconceito. Fomos criados para conseguir enxergar unicamente modelos masculinos ou femininos. As cores das roupinhas dos bebês já nos trazem isso desde muito cedo. Muitos pais e mães encaram a escolha sexual dos(as) filhos(as) como uma "fase" e, no fundo do coração, esperam que essa "fase" rapidamente passe, o que muitas vezes não acontece.
O que fazer então?
Este pequeno artigo não tem a pretensão de esgotar o assunto, que é vastíssimo, apenas buscar informar e aliviar os que se desesperam, os que não sabem como lidar com a situação. Olhar pelo lado dos pais/mães e do(a) filho(a) que assume a homossexualidade é um dos pontos principais que gostaría de tocar aqui.
Em uma sessão, uma pessoa que atendi certa vez me disse a seguinte frase: "Quando a família está com você, você enfrenta o mundo". Tanto para a família como para quem assume sua homossexualidade o caminho normalmente não será repleto de flores. Há muita dificuldade na aceitação, estranheza ao encarar seus próprios desejos, às vezes um sentimento imenso de solidão.
Outra frase dita em terapia: "As pessoas se suicidam quando não são aceitas pela família". Considero que a família é a estrutura que dá sustentação ao ser humano para uma vida em sociedade. Na natureza a maioria os animais filhotes se tornam independentes num curtíssimo prazo de tempo, o que não ocorre com o ser humano.
Gostaria de finalizar este pequeno artigo chamando a atenção para o como é importante a maneira como se reage a essas questões. Tendo a compreensão da dificuldade de todos os envolvidos, sem julgar ou dar a entender ser mais fácil para um lado ou mais difícil para o outro. Através da mútua compreensão, dos diálogos e, muitas vezes, com uma ajuda profissional, os fantasmas que envolvem essas escolhas são afastados. As pessoas conseguem superar seus medos, suas angústias e seguirem livres de culpa vida à fora!
Fotos (ordem de aparição): Assassin de la police (Flickr) e Freedigitalphotos
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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Excelente artigo sobre um tema super atual e importante! Parabéns!