Como assumir a bissexualidade?

Heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade: nem sempre é fácil respeitar seus próprios desejos, deixando de pautar sua vida por aquilo que a sociedade considera correto, ou que os demais esperam de você. Em função disso, os conflitos que começam na adolescência podem ir sendo arrastados ao longo da vida adulta, provocando mal-estar, uma sensação de não-pertencimento e relacionamentos sentimentais pouco significativos.

Quando se fala em bissexualidade, é importante derrubar o mito de que na verdade se trata de um momento de indecisão, de uma fase anterior à escolha definitiva: a homossexualidade. Nem sempre é assim, e não deveria ser um problema ter interesse sexual e emocional em pessoas do sexo oposto e do mesmo sexo, em igual medida ou não.

O bissexual pode chegar a enfrentar preconceito em dobro: tanto por parte dos heterossexuais como por parte da própria comunidade LGBT. Como assumir a bissexualidade diante de um cenário assim?

A melhor forma de enfrentar a avalanche de perguntas e opiniões alheias, as cobranças e o preconceito é dedicar tempo a se questionar sobre o que você precisa para ser feliz e pleno, e contar com o suporte de pessoas de confiança durante esse processo e, por que não, de um psicólogo.

Quanto tempo tardará para que você se sinta confiante o suficiente para assumir a bissexualidade (para você e para os demais) vai depender de uma série de fatores. A educação que você recebeu em casa, o entorno familiar, a configuração do seu círculo social são apenas algumas das questões que podem funcionar como lastros ou propulsores.

Nesse sentido, entender como foi o processo para outras pessoas pode ser de grande ajuda. Há uma série de relatos na Internet e grupos de apoio LGBT, que podem ser contatados presencialmente ou online. Rumo à aceitação da sua sexualidade, comece por entender algumas verdades sobre a sexualidade:

1. Homens sexualmente ativos com outros homens também podem desfrutar de uma relação sexual com uma mulher, e vice-versa;
2. Para muitos, apaixonar-se está muito mais associado a uma conexão emocional entre duas pessoas, do que entre dois sexos;
3. Não é porque você é bissexual que precisa gostar de fazer de tudo com ambos os sexos. Haverá casos de envolvimento sexual com um determinado sexo e envolvimento emocional com o outro. Questões assim também fazem parte do processo de descoberta;
4. Manter relação sexual com ambos os sexos não significa medo ao compromisso ou hiperssexualidade;
5. Bissexual não é sinônimo de poligamia. Se é o que a pessoa necessita, pode estar em uma relação monogâmica e ser igualmente realizado como um heterossexual ou um homossexual.

Como cada pessoa é única, não há um caminho único a seguir na hora de assumir a bissexualidade. Entretanto, algumas posturas podem ter impacto positivo nesse processo:

• comece contando para pessoas de confiança, respeitando seu conforto e desejo de falar sobre o assunto;
• não se sinta obrigado a falar sobre sua sexualidade com quem não quiser;
• não se sinta obrigado a responder as perguntas;
• você não precisa dar provas da sua sexualidade para ninguém;
• faça apenas aquilo que se sinta cômodo;
• permita-se mudar de ideia e de gostos em um futuro, não se sentindo escravo de escolhas ou rótulos, respeite seu desenvolvimento e transformações;
• fundamental é respeitar o que você deseja (e precisa) neste momento.

Vale lembrar que Sigmund Freud, um dos mais renomados teóricos da psicanálise reconhecido mundialmente, afirmou que a natureza da orientação sexual dos seres humanos é bissexual, atribuindo a valores culturais e religiosos durante a evolução da sociedade a criação de rótulos e critérios que leva a opressão de desejos e características natas de sua identidade. Estudos demonstram relações homossexuais e bissexuais até mesmo na vida animal, representando uma porcentagem significativa de diversas espécies. Portanto, empodere-se para fazer escolhas sentindo-se confortável com sua natureza e orientação, fazendo com que prevaleça sempre seu bem estar, qualidade de vida e satisfação com quem você é.  

Fotos: MundoPsicologos.com

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