Esclarecendo a depressão
“...Hoje a tristeza não é passageira Hoje fiquei com febre a tarde inteira E quando chegar a noite Cada estrela parecerá uma lágrima Queria ser como os outros E rir das desgraças da vida..."
Esse trecho da música da Legião Urbana nos remete a um assunto muito falado nos últimos anos: a Depressão. Porém, ainda há muito preconceito e mitos em torno desse assunto, o que pode levar a pessoa com depressão a sofrer ainda mais e demorar a buscar ajuda.
Primeiro é importante entender o que é tristeza, para não confundi-la com a depressão. A tristeza é uma das emoções mais básicas que temos, é um estado emocional intrínseco a todo e qualquer ser humano, sendo natural ao longo de nossas vidas termos momentos de tristeza. Ela é capaz de nos paralisar e de nos fazer olhar para nós mesmos, procurando razões e explicações para determinadas situações. A tristeza nos auxilia a elaborar perdas, ajudando a nos reorganizar internamente. E um detalhe importante: ela tem duração limitada.
Em relação à depressão, é preciso deixar bem claro que ela é considerada um transtorno mental afetivo, ou uma doença psiquiátrica e é caracterizada pela tristeza constante e outros sintomas negativos que incapacitam o indivíduo para as atividades corriqueiras, como trabalhar, estudar, cuidar da família e de si.
A depressão não é "falta do que ter o que fazer", não é "falta de Deus", não é "má vontade". E frases como "vamos passear no shopping que melhora", "você tem uma vida tão boa, tá com depressão por quê?" e "se ocupe com outras coisas que você não terá tempo de pensar em bobagens", não ajudam a pessoa com depressão, pelo contrário, podem fazer com que ela se sinta ainda pior e não compreendida.
Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores: serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina. Ou seja, a depressão pode ser de origem fisiológica. Além disso, estudos apontam que fatores genéticos, consumo excessivo de substâncias tóxicas, fatores hormonais, ambientais e psicológicos também podem causar um quadro depressivo.
De acordo com o DSM-V a pessoa com depressão possui cinco ou mais dos sintomas seguintes presentes por pelo menos duas semanas e que representam mudanças no funcionamento prévio do indivíduo, (pelo menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer):
-irritabilidade, ansiedade, alteração do apetite, desânimo, cansaço mental;
-dificuldade de concentração, esquecimento;
-incapacidade de sentir alegria ou prazer;
-tendência ao isolamento familiar e social, apatia, desinteresse;
- falta de motivação, falta de vontade, indecisão, sentimento de medo;
- insegurança, desespero, vazio, pessimismo, ideias de culpa;
- baixa autoestima, falta de sentido na vida, inutilidade, fracasso;
-ideias de morte e até suicídio;
-cefaleias, sintomas gastrointestinais, dores pelo corpo, pressão no peito;
-redução da libido, insônia ou aumento de sono.
Apesar disso tudo, é importante a pessoa saber que ela não precisa suportar tamanha dor em silêncio por tanto tempo, pois a depressão tem tratamento e o mais indicado atualmente é uma combinação de medicamentos antidepressivos e psicoterapia.
Para finalizar, é muito importante destacar o papel da família e dos mais próximos que podem e devem incentivar a pessoa a procurar ajuda e conscientizá-la de que o tratamento pode demorar um pouco, mas que terá um resultado positivo. Além disso, discutir as emoções e as dificuldades do depressivo pode ajudar muito no tratamento, sua evolução e recuperação dependem muito do apoio e compreensão de seus familiares.
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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Sinto muito medo das pessoas ,isso é normal?