Não consigo mais me apaixonar, estou com defeito?
Me apaixonei pela primeira vez com 12 anos de idade... Eu nunca tinha sentido algo como isso antes.
No meu primeiro dia de aula senti alguém me encarando de longe, logo me senti incomodada e resolvi olhar para ver quem estava me olhando.
Nem eu nem ele conseguimos desviar o olhar. Eu senti meu rosto queimando e minhas pernas amolecendo. Como meu coração batia como louco eu finalmente desviei o olhar e me senti um tanto quanto atordoada.
Nós tinhamos muita vergonha para sequer falar um com o outro. Sem contar que eu sempre tropeçava ou dava com a cara na parede sempre que ele estava por perto.
Foi nesse mesmo ano que eu fiquei "mocinha" e entrei na puberdade.
Também foi o mesmo ano em que entrei em uma depressão profunda.
Passei a ter crises de estresse, ansiedade, e ataques de pânico.
Então minha escola exigiu que eu fizesse terapia.
Eu tinha muitos problemas com a minha mãe. E meus pais falavam de divórcio com frequência.
Também tinha uma menina na minha sala que era extremamente manipuladora, e vivia inventando mentiras, me humilhando e fazendo com que todos aqueles que eu considerava amigos me tratassem como maluca.
Minha psicóloga me diagnosticou com depressão, porém na época meus pais não aceitaram.
Minha mãe me disse que era falta de deus, e que eu estava conspirando contra ela insinuando que ela era uma péssima mãe. Já meu pai disse que remédios viciam e desaprovou totalmente.
Essa situação se desenrrolou por mais alguns anos.
O menino em questão achou que eu estava o evitando e começou a namorar outra pessoa. Apenas depois de um ano disso sem vê-lo eu desencanei dele.
Eu ainda conseguia me sentir atraida pela ideia de um romance. Cheguei a me apaixonar 2 vezes no Enssino Médio. Nessas duas vezes eu me confessei e quebrei a cara. Não que eu tivesse sido rejeitada. Mas senti que não me levavam a sério.
O primeiro não queria manter apenas amizade, mas também não queria namorar comigo. Então eu mandei pastar.
O segundo falou que achou que eu tinha retardo mental, e que não esperava que eu pudesse conversar normalmente com outras pessoas... Ficou insistindo que eu era uma garotinha reprimida e que iria me "ajudar"... Ainda disse que eu devia me esforçar se eu quisesse o reconhecimento dele... O pior de tudo, é que se tratava de um amigo que eu conhecia a anos... Que sempre estudou comigo, porém nunca me ajudou com nada...
Eu já me medicava e tratava adequadamente minha depressão a essa altura do campeonato, e pude perceber com clareza que ele estava tentando me manipular se aproveitando das minhas fraquesas e isso me decepcionou muito.
Eu sei que pessoas com baixa aoutoestima como eu tendem a se envolver em relacionamentos abusivos por criar uma dependência emocional.
Me senti muito ofendida de estar sendo tratada dessa forma.
Eu disse da forma mais educada possível que eu não precisava do reconhecimento dele pois gosto de quem sou, e que se ele não podia me reconhecere como pessoa como se quer ele era meu amigo? Então ele explodiu comigo.
Disse que só estava tentando ajudar, e que se eu não queria ajuda eu podia morrer sozinha então. Isso que ele sabia que eu tenho depressão e tomo remédios controlados.
Eu me senti muito amarga, e não consigo deixar de guardar rancor, apesar de não ter problema nenhum caso eu precise conviver com ele (já que temos um grupo de amigos em comum). A presença dele não me atrapalha em nada, e meus amigos demoraram 1 ano para perceber que tinha algo errado entre a gente já que eu não demonstro meu desprezo para não deixar ninguém desconfortável.
Desde então eu venho melhorado bastante da minha depressão mas não consigo me livrar de uma apatia constante que carrego comigo.
Não consigo sentir mais nada por ninguém.
Nada além da indiferença.
Não tenho o desejo de casar ou ter filhos. Acho estranho que as pessoas vejam isso como um sinônimo de felicidade.
Quero me tornar uma adulta independente e com autonomia, para nunca depender de ninguém.
Minha psicóloga disse que sou nova e que ainda tenho muito tempo pela frente. ( tenho 20 anos) Mas me entristeço sempre que vou ler ou ver um romance.
Sinto que não consigo mais ter empatia com os personagens como costumava. E que eu no lugar deles não conseguiria me apaixonar... Não conseguiria sentir nada além do vazio.
O vazio me entorpece, e me faz sentir pena de qualquer um que se apaixone por mim futuramente. "Sinto muito, não consigo sentir nada".
Mesmo que sinta que finalmente voltei ao normal. É como se eu tivesse voltado ao eu de antes dos 12 anos. Que era capaz de sorrir, mas não de se apaixonar.
Eu cheguei a esquecer como eu era quando eu não estava triste ou ansiosa. Eu não conseguia me lembrar de como era ser feliz, nem me vizualizar sendo feliz.
Eu apenas tento ser eu mesma da melhor forma, de um jeito positivo e saldavel
Talvez seja uma resposta que dependa apenas de mim. Que não seja sobre pensar e sim sobre sentir.
Mas eu não lembro como sentir.
Não sei se ainda sei sentir e sempre sinto cada vez menos.