Me sinto como se vivesse num mundo paralelo mas muito próximo do que vivemos

Feita por >Ellizabeth Duarte · 19 abr 2020 Desenvolvimento pessoal

Eu não lembro da maior parte da minha infância, mas sempre escuto de todos o quanto eu era(sou) uma criança(pessoa) muito madura: sempre soube me portar bem socialmente, simpática, empática, obediente, educada e inteligente. Mas até mais ou menos os 10 anos nunca tinha criado laços emocionais com outras pessoas além da minha mãe e do meu irmão; as amizades que eu passei a fazer eram mínimas e nada se pareciam com as amizades das outras pessoas da minha idade; o meu mundo parecia rigidamente separado entre o meu mundo e o mundo fora dele. Não fazia questão de ter pessoas pra conversar ou brincar, ou fazer qualquer coisa por que eu não sabia fazer essas coisas casuais. Sempre fui muito boa em me comunicar em relações parecidas com as profissionais; durante a escola gostava muito de conversar com os professores sobre os assuntos que me interessava (história, filosofia, literatura, etc...). Mas ao mesmo tempo sentia falta disso que todos tinham e eu não. Aos 15 anos fiz alguns amigos que hoje significam muito para mim, e depois deles mais alguns - pensei que estivesse finalmente construindo aquilo que ansiava - mas pareço sempre estar emocionalmente um passo atrás de mim mesma, sentir saudades não é o suficiente para querer estar perto deles (eles foram um exemplo, isso vale para outras pessoas, parentes...), e quando penso que quero - e realizo - me vejo sem reação ao estar com essas pessoas. Sempre estive um passo atrás e parece que sempre estarei, sinto como se nunca fosse me sentir normal. Lembro de uma vez, com 11 anos que me sentia extremamente apática a tudo, pensava que era um pouco psicopata, que não tinha realmente sentimentos, que eu só pudia supo-los e não os sentir de verdade: como um só aos pensamentos sobre mim que ao mesmo tempo que me deixam lúcida pareciam me enlouquecer. Então peguei uma galinha da vizinha que ciscava no nosso quintal e matei estuprada com um cabo de vassoura, me senti a pior pessoa do mundo. Não entendia como podia ser tão empática e ao mesmo tempo tão insensível e cruel. Não sabia que parte era verdadeira ou qual era falsa ou se tudo era verdadeiro ou era falso. Nunca soube porque nunca mais voltei a ter um comportamento parecido. Me confirmei em ser apática no meu mundo e ser aquela criança do início para os outros, já que não me sentia uma pessoa podia ao menos viver para os objetivos de mamãe. Passei a sentir algum prazer em fazer estripulias adolescentes, era pouco mais já era alguma coisa. Aquele momento em que tudo em você diverge dos pais chegou: a adolescência. Eu queria abrir descobrir quem eu era, só via um reflexo da minha mãe, uma miniatura dela. Fui me desgrudando disso aos poucos, assumindo meus próprios pensamentos, sempre da forma mais racional possível, sem brigas (apesar de as vezes ser inevitável), sempre mediando. Muito raramente tinha/tenho momentos muito felizes, me sentia invencível como se o mundo fosse meu, mesmo parecendo tudo frenético gostava quando estava assim, falo até de futilidades e sinto gozo nisso, faço piadas, nem me reconheço. Sempre tive uma personalidade melancólica, minha mãe diz ser fleumática, talvez um pouco de cada. Voltando aos meus amigos quando os conheci queria muitíssimo sentir-me parte daquilo, me sentia é claro, me sentia querida e queria retribuir mas para mim mesma me sentia muito mecanizada, não importa o quanto tente não consigo alinhar todas as minhas partes no presente, no ver e sentir e falar; depois de algum tempo sempre me afasto de todos e passo a manter raros contatos, não aguento essa sensação apática que eu sinto a todos que sei que amo, me sinto uma atriz, porém me sinto muito mais verdadeira nas performances que faço, sou elogiada pelo sentimento que passo ao declamar um poema. Me perguntava como era sentir raiva, me perguntava se eu saberia que eu estava sentindo raiva quando sentisse raiva, recentemente eu senti, escutava minha mãe cantar e tinha vontade de socar tudo ao meu redor, soquei a parede, mordi meu braço e bati a cabeça na parede algumas vezes, descobri que já tinha sentido raiva antes,e perguntei como não tinha percebido. Lembro uma vez ter lido algo de um filósofo chamado Fitche, algo como para entender o mundo era necessário estar a parte dele, gostei muito porque era/é exatamente assim que eu me sentia(o), entendo tudo mas não posso explico-lo, não consigo passar nem dez porcento disso para a linguagem muito menos aos sentimentos. Sou atenciosa mas indiferente, não entendo.

Resposta enviada

Em breve, comprovaremos a sua resposta para publicá-la posteriormente

Algo falhou

Por favor, tente outra vez mais tarde.

A melhor resposta 20 ABR 2020

Olá Ellizabeth. Você parece estar buscando um auto conhecimento, quando diz no final “não entendo”. Muitas coisas, do seu relato, podem ser discutidos em psicoterapia para que você entenda melhor cada atitude que tomou e o que te levou a elas, assim como cada momento que se sentiu apática. Talvez você esteja racionalizando demais e não deixando que seus sentimentos aflorem, ou não. Mas para que você saiba exatamente o que está acontecendo com você é que a psicoterapia tem anos de estudos, e depende de você querer se aprofundar neste seu universo interior. Estou a disposição. Jane Assunção.

Jane Assunção Psicólogo em São Paulo

1476 respostas

2617 pontuações positivas

Contatar

A resposta foi útil a você?

Obrigado pela sua avaliação!

20 ABR 2020

Olá! Obrigado por participar. O eu de cada um de nós, somente se completa quando se torna nós. Certamente um pouco dessa questão faz o pano de fundo da sua solicitação. Gostar, aprofundar, interagir, exige treino, persistência e sentido. Os vínculos vão adquirindo sentido particular a cada pessoa, e precisam ser fortalecidos. Uma atriz representa um pepel; você vive papéis. A atriz precisa ensaiar, treinar, você não. Para cada atividade de vida enfatizamos uma parte de nós; assim, há uma lado interpretativo para cada tema, cada contexto de vida real. Você citou o exemplo da galinha, e demonstrou que foi uma experiência marcante. Os sentimentos podem ser análogos a uma gangarra: quanto mais forte vai para um lado, mais forte volta para o outro. A falta de um tipo de afeto o faz buscar de maneira tão forte que o mesmo aparece de forma desproporcional, não podendo ser reconhecido na sua inteireza e com o nível adequado de tensão. Pelo seu relato será muito útil a você, um psicólogo esmiuçar sua história de trocas e evitamentos afetivos. Um abraço virtual (Fique em casa). Ary Donizete Machado.

Ary Donizete Machado Psicólogo em Limeira

8699 respostas

9129 pontuações positivas

Fazer terapia online

Contatar

A resposta foi útil a você?

Obrigado pela sua avaliação!

Psicólogos especializados em Desenvolvimento pessoal

Ver mais psicólogos especializados em Desenvolvimento pessoal

Outras perguntas sobre Desenvolvimento pessoal

Explique seu caso aos nossos psicólogos

Publique a sua pergunta de forma anônima e receba orientação psicológica em 48h.

50 Você precisa escrever mais 19400 caracteres

Sua pergunta e as respectivas respostas serão publicadas no site. Este serviço é gratuito e não substitui uma sessão de terapia.

Enviaremos a sua pergunta a especialistas no tema, que se oferecerão para acompanhar o seu caso pessoalmente.

A sessão de terapia não é grátis e o preço estará sujeito às tarifas do profissional.

A sessão de terapia não é grátis e o preço estará sujeito às tarifas do profissional.

Coloque um apelido para manter o seu anonimato

Sua pergunta está sendo revisada

Te avisaremos por e-mail quando for publicada

Esta pergunta já existe

Por favor, use o buscador para conferir as respostas

Psicólogos 20350

Psicólogos

perguntas 19400

perguntas

respostas 67800

respostas