Olá, me chamo Bia, sou carioca e namoro há distância há 3 anos com um cearense, nos vemos a cada 2 meses. Com a chegada do corona vírus, nossas visitas foram afetadas, não podemos nos ver pois estou no grupo de risco (tenho asma) e moramos com pessoas em grupo de risco, um voo se torna muito arriscado. Estamos há quase 4 meses sem nos ver. Meu namorado sempre teve depressão leve, sempre deu pra controlar, mas parece algo impossível agora. Ele é trabalhador informal, logo, não está recebendo nada (incluindo o coronavoucher, que ainda está em análise), não dorme, passa o dia me pressionando para viajar e falando que sou culpada por não estar ao lado dele na quarentena, fala que eu não quero vê-lo pois não o amo, faz muita chantagem comigo, está sendo altamente grosseiro comigo e não percebe, qualquer tentativa de conversa ele se torna agressivo, quer se isolar e começou a falar em suicídio. Preciso de ajuda, ele exige de mim uma atenção de 24h, não estou dormindo antes de 3 h da manhã, não trabalho direito, não estudo como antes, não me cuido mais, não sei o que fazer.
Como devo agir com alguém com depressão? Como ajudar a distância? O que devo fazer? Ele estava sendo tratado no ano passado, mas desde janeiro interrompeu o tratamento, falando que não quer intoxicar o corpo dele com remédios (cortou a medicação dele) e tudo piorou na quarentena, insistindo que não há nada de errado com ele. Os médicos dele não estão atendendo virtualmente e ele se recusa a buscar ajuda online, não quer ser contrariado.
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16 ABR 2020
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Oii Bia,
Tem 2 pontos aí super importantes :
1) Seu namorado está com depressão e aparenta estar em intenso sofrimento, isso indica que ele precisa de acompanhamento psicológico e avaliação psiquiátrica! Por mais que você queira tirá-lo dessa condição, acredito que a melhor forma é escutando-o, sinalizando o quanto ele está em sofrimento (isso mostra que você reconhece a dor e está com ele) e justificando que por se preocupar tanto com ele, você precisa insistir que ele procure ajuda especializada e você poderá ajudá-lo a encontrar.
Se ele falar em suicídio é importante que você comunique familiares ou alguém que esteja próximo a ele.
2) Muitas vezes pensando no outro acabamos nos prejudicando e além de não conseguir ajudar o outro de uma maneira eficiente, entramos no sofrimento de tal forma que ,muitas vezes, até aumentamos o sofrimento do outro.
Por isso, em primeiro lugar, acredite no que é melhor para você, esteja disponível para auxiliá-lo e imponha os seus limites, isso vai te proteger e provavelmente mobilizá-lo a buscar ajuda e compreender melhor esse momento.
Olá Bia!
Antes de mais nada deve apoiar e incentivar que seu namorado retome o tratamento. Por ser um transtorno psicossomático, a depressão exige acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Entendo que ele está passando por muitos conflitos mas acredito que a melhor maneira de lidar neste momento é tentar ao máximo exercitar a empatia de um com o outro. Quando ele se queixa, questione se existe algo que você possa fazer para ajudá-lo, na maioria das vezes ele mesmo pode chegar a conclusão de que não exista nada dentro do seu alcance neste momento. Outro ponto muito importante é você se sentir a vontade para falar como você se sente em relação as falas dele, desta forma, a comunicação pode ser aprimorada e as expectativas alinhadas.
Vocês dois precisam de ajuda. O seu namorado para sair da depressão e você para entender quais os limites da sua ajuda e trabalhar uma provável dependência afetiva.
Você não dá conta de tirar o seu namorado desse estado. Isso é um caminho dele com ajuda especializada.
Olá Bia, antes de pensar no outro é importante pensar em você mesma. Então eu te pergunto: Você está cuidando de você, se respeitando, se dando, sabendo o que é melhor para você, colocando limites e sabendo ser assertiva nas palavras? A partir do momento que conseguir estar melhor com você mesma, você poderá ajudar o seu namorado. Procure ter uma conversa franca, respeitosa e assertiva com ele, explicando suas reais necessidades, ao mesmo tempo respeitando quem ele é, e o sofrimento em que ele se encontra. E quando se trata de pensamentos suicidas é importante que as pessoas que estão próximas dele, tenha consciência do que está acontecendo para poder ajudá-lo. Estas pessoas também precisam entender que não se trata de “frescura”, e sim de um sentimento que para ele é real, embora possa parecer a outros algo absurdo. Então sugiro que primeiro cuide de você mesma, inclusive com psicoterapia, depois saiba que ele está em sofrimento e precisa de tratamento, e por último que alguém próximo a ele possa acolhê-lo e ajuda-lo a entender que precisa de cuidados médicos e psicológicos.
Olá Bia! Grato por participar. A questão central é se você está namorando a si mesma; isto é, se está cuidando da sua rotina, da sua saúde, somente pode ajudar ao outro aquele que, primeiro, ajuda a si mesmo. Namoro apresenta graus de envolvimento diversos, quando esse namoro é à distância, o grau de envolvimento é diferente. No seu caso, pelo relato, vocês se viam, antes da Covid-19, a cada dois meses, mas é muito provável que se comuniquem virtualmente com grande frequência. É melhor reduzir as comunicações, e dar maior qualidade e direção a elas. Com esse panorama você cita alguns aspectos que merecem considerações: ele te culpa, acontece que a verdade é pessoal, você não precisa se sentir culpada, se esta acusação não for razoável para você; ele apresenta depressão, que vem antes de você, assim como, certamente, lá na terra dele ele cultiva vínculos de amizade e parentesco, anteriores e mais cientes da história dele, em relação a você. Essas pessoas podem apoiá-lo; também você diz que ele tomava remédios, que parou, fato não raro, mas dificultador, quando o uso gera certa estabilidade psíquica. Postas essas coisas, vale à pena você iluminar para dentro de si e resgatar bons hábitos de sono atividade física (mesmo dentro de casa - fique em casa), alimentação saudável, alegria, lazer, sentimento de utilidade ao fazer coisas adaptadas, mas significativas para você, dentro das possibilidades atuais. Coloco-me à disposição para maiores aprofundamentos. Um abraço: Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.
Bia, para que possamos cuidar de alguém doente, precisamos nos perguntar o quanto estamos cuidando de nós mesmas. Partindo daí, você consegue distinguir o quanto você está com condições de cuidar do outro. Uma pessoa com depressão precisa, em primeiro lugar, de tratamento. Isso inclui médico, psicólogo e a realização de atividade física. Qualquer pessoa que se proponha a cuidar de alguém que está adoecido mas não se trata, corre sério risco de adoecer também. A depressão está muito relacionada a uma visão negativa das coisas e acarreta em grande medida o distanciamento de vínculos sociais. É necessário, junto ao tratamento, ampliar a rede de apoio dele seja com familiares ou amigos. Não hesite, acione pessoas próximas dele fisicamente para auxiliar a aderir algum tratamento. Espero ter ajudado!
Acabei de ler seu relato e sinto muito que você e seu namorado estejam passando por essa delicada situação. Eu compreendo sua dor, sua preocupação e acho muito louvável seu desejo de ajudar seu namorado a passar por essa situação.
É isso mesmo, você está certíssima em não abandoná-lo nesse momento em que ele mais precisa de você. O simples fato de você estar disponível a ele já se torna um alívio para o sofrimento que ele tem oriundo da depressão e das limitações que o isolamento social acarretam.
Sua empatia, sua compreensão e disponibilidade em ajudá-lo, por mais que ele não perceba nem admita, têm sido fatores essenciais para que ele consiga se reorganizar nesse tempo de isolamento social.
O distanciamento prejudica muito o contato entre as pessoas, porém existem outras formas de vocês continuarem se vendo. Os recursos tecnológicos são variados e vocês podem se beneficiar muito com eles.
O importante nesse momento é que seu namorado está com seus sentimentos bastante afetados, e isso pode estar fazendo com que ele diga coisas que não estão alinhadas à realidade. Mas quando envolve risco de suicídio, é necessário que uma postura mais séria seja tomada para preservar a vida dele. Quem sabe uma conversa entre você e os familiares do seu namorado? Pode ser isso, mas o que importa é que a rede de relacionamentos dele esteja preservada, para que ele se sinta acolhido e cuidado nesse momento. O acompanhamento de um profissional da Psicologia também é indispensável!
Quanto a você, é importante que você esteja com sua terapia em dia para que possa lidar com todas essas situações da melhor forma possível. Seus sentimentos, emoções e pensamentos podem estar bastante afetados, e um acompanhamento psicológico será bastante benéfico para a sua saúde mental.
Coloco-me a sua disposição para ajudar a você e seu namorado a passar por esse momento delicado, mas que com ajuda profissional pode ser muito mais fácil passar por ela.
