Existe amizade verdadeira?

Sabe aquele ditado: nenhum homem é uma ilha? Pois bem, os vínculos e as amizades que uma pessoa é capaz de criar estão diretamente ligados ao seu sentimento de pertencimento e bem-estar. Aliás, muitos especialistas em desenvolvimento humano apontam que são fatores indispensáveis para o sentimento de felicidade.

Mas e com o surgimento das redes sociais e a consolidação de uma sociedade mais individualizada e centrada em suas próprias necessidades continua sendo possível a existência de uma amizade sincera? Você faz parte do grupo de pessoas que, seja pelas próprias experiências ou pelo que vê no entorno, começa a duvidar que isso realmente seja possível?

A realidade é mais complexa do que parece, porque depende da necessidade e expectativa de cada um. De acordo com psicólogos, é importante entender que, à medida que a sociedade muda, também se altera a forma como ela se relaciona. Se no século XVIII as amizades tinham um aspecto público, coisa que não necessariamente acontece nos dias de hoje, e que eram simbolicamente tão intensas que importavam mais que muitos casamentos, por exemplo, a realidade dos dias atuais é diferente.

Em teoria, o ideal de uma amizade verdadeira combina duas ideias centrais:

• por um lado, apoio incondicional, disponibilidade para escutar e empatia;
• por outro, comunicação franca, intimidade e emoções compartilhadas.

A frustração aparece justamente quando se confunde as conexões das redes sociais com relações capazes de oferecer essa profundidade. A Internet facilita sim a comunicação e o contato, mas a melhor forma de cultivar uma amizade verdadeira continua sendo dedicar tempo para ter conversas presenciais, sair, se divertir e interagir.

A constante da amizade

É praticamente impossível falar sobre amizade sem que haja dúvidas sobre número de amigos ou como identificar uma amizade verdadeira. Um fato curioso foi observado recentemente pela Aalto University School of Science, da Finlândia. De acordo com os pesquisadores, o círculo de amizades dificilmente se conserva ao longo da vida. Entretanto, a pessoa mantém um "padrão de intimidade".

O que isso quer dizer? Que se na escola você tinha um amigo íntimo e um grupo de 5 colegas mais próximos, possivelmente seguirá repetindo esse padrão nas outras etapas da sua vida: colégio, faculdade, vida adulta, etc.

Daí a importância de, ao se questionar sobre amizades verdadeiras, não deixar de analisar todo o seu histórico, relembrar quem foi e quantos foram realmente seus amigos, já que o número tende a ser bastante mais reduzido do que as pessoas chegam a "confessar" numa rede social, por exemplo.

E, por mais que a convivência e a amizade sejam benéficas para o bem-estar psicológico de uma pessoa, é importante certificar-se de que se trata de uma relação equilibrada. Como?

1. pense em quanto tempo seu amigo dedica à amizade vocês. É importante que haja um equilíbrio quando se fala de entusiasmo e energia investida. Amigos verdadeiros não precisam estar em contato diariamente; porém, quando estão juntos, é importante que o vínculo tenha o mesmo significado para ambos.
2. pense se a aceitação e o companheirismo são a tônica da relação. Quando há excesso de críticas, afã de mudar o outro ou falta de transparência nas conversas, é possível que o relacionamento seja mais nocivo do que positivo.
3. pense se a amizade é fonte permanente de motivação. Amigos não precisam concordar sempre, porém é importante que haja um desejo de crescer juntos, de serem pessoas melhores e mais felizes. A intimidade não pode ser justificativa para críticas que não são construtivas.

E lembre-se: a amizade é uma escolha. Você decide dar o melhor de você, porém deve haver uma troca. Escolha com cuidado as pessoas que estão ao seu redor. A amizade sincera é possível, mas é preciso cuidá-la. A começar por quem você decide convidar para fazer parte do seu círculo mais íntimo.

Fotos: MundoPsicologo.com

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