Entendendo de uma vez por todas o que é a depressão

Gosto muito de falar por histórias. Nesta mostro os sintomas da depressão e logo mais, saberemos como o personagem saiu dessa!

23 JUN 2016 · Última alteração: 8 AGO 2016 · Leitura: min.
Entendendo de uma vez por todas o que é a depressão

Para começar vou contar uma historinha inventada para que fique mais fácil de entender o tema, que é bem atual: a depressão! É importante lembrar que o personagem não foi inspirado em nenhum amigo, parente ou paciente, mas como os sintomas de depressão são os mesmos, qualquer semelhança é mera coincidência, ok?

Bruno andava triste e já não era de hoje. A vizinhança toda estava comentando o que estava havendo, visto que ele era um menino alegre e que vivia brincando com todo mundo. Tinha 25 anos, trabalhava, cursava mecânica, morava em uma casa boa, bonita, tinha um irmão mais velho e uma irmã caçula, morava com os pais, mas estava juntando dinheiro para comprar seu próprio apartamento, era um menino esforçado!

Todos os dias se perguntava o porquê de toda essa tristeza e se culpava "pare com isso! Você não tem motivos para estar triste! Tem gente passando frio e você tem cama, casa e roupas quentinhas, e você aí, triste? Ahhh, vá catar coquinho Bruno!". E este pensamento o fazia se sentir ainda pior, se sentia ingrato, triste e com grande sentimento e culpa.

Estava se arrastando há algumas semanas, tanto para ir ao trabalho, como para ir ao curso, que, no início do ano, era sua maior paixão! Quando iniciou o curso, Bruno era o primeiro a chegar em sala de aula e o último a sair; devido ao seu interesse nos conteúdos e nas matérias, notas altas em provas e trabalhos, conseguiu um ótimo estágio em uma grande multinacional da cidade; nessa época, Bruno também frequentava a academia do bairro, e as mudanças físicas em seu corpo elevaram sua autoestima e autoconfiança, fazendo com que Bruno alavancasse ainda mais em diversas áreas de sua vida. Mas tudo isso, aos poucos, foi mudando.

Quando criança, Bruno havia tido uma infância normal e saudável. Era o filho do meio, e seu irmão mais velho era considerado o inteligente da casa, Bruno era o sociável, o engraçado, o simpático e a caçula, uma menina, a princesa. Queria ser o inteligente, queria tirar as notas tão altas quanto as do irmão, mas, por mais que se esforçasse, continuava sendo o sociável.

Quando entrou para o curso, entrou determinado a ser o 1º da sala, e por um tempo conseguiu e estava muito satisfeito e feliz, entrou para a multinacional, ajudava os pais em casa, mas não era o suficiente, ele continuava sendo "aquele menino sociável, engraçado e simpático", e o irmão, o inteligente, o garoto prodígio.

Sentia que seu esforço não valia a pena, que por mais que fizesse por merecer, não seria recompensado, e começou a ficar triste, começou a sentir que nunca seria o menino inteligente. Perdeu o prazer em ir para o curso, em trabalhar, estava sempre cansado, com sono, parou a academia e com o tempo, já nem tinha mais vontade de se arrumar, "Me arrumar pra que? Ninguém vai me notar mesmo!".

Estava perdido em milhares de pensamentos e sentimentos negativos, seu passatempo favorito era ficar no quarto, assistindo algo na televisão ou no computador, e seu desempenho no trabalho começou a cair. Bruno achava que havia algo conspirando contra ele, e sentia muita raiva…"

Para que não fique cansativo e entediante, hoje, apresentarei, através da história do Bruno, os sintomas da depressão; e no próximo texto, explicarei como o psicólogo pode ajuda-lo. Hoje em dia fala-se muito em depressão, mas eu, como psicóloga, vejo que muita gente confunde a depressão com a tristeza em grande intensidade; ficar triste é comum , mesmo que muito triste e é saudável! Imagine um mundo só com pessoas alegres, o tempo todo?! Eu, particularmente, ficaria muito brava com pessoas alegres pela manhã (risos)!

Bruno sentia culpa por estar triste, algumas vezes, raiva, mas o que ele não sabe é que a depressão é uma doença, e que há alterações químicas no organismo no indivíduo com depressão, e isso tudo contribui com a sua situação atual. Resumidamente, o que posso dizer, é que na depressão há uma queda de algumas substâncias, chamadas serotonina, noradrenalina, dopamina e outras, que são responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.

Como mencionei na história, Bruno andava triste há algum tempo. Um dos fatores que diferencia a depressão da tristeza é há quanto tempo a pessoa vem se sentindo assim. Como disse, é natural e saudável ficar triste por um ou dois dias, principalmente quando há uma razão para tal; quando este período de tristeza se estende por semanas ou meses é interessante buscar ajuda.

Ele amava seu curso, seu trabalho, a academia, mas com o tempo deixou de sentir prazer nas atividades que sempre gostou. A perda de interesse por atividades que, antes eram interessantes e satisfatórias é outro sintoma clássico da depressão; especialmente quando envolve o abandono dos mesmos; Bruno acabou abandonando a academia, teve uma queda no rendimento no trabalho e no curso, etc.

A depressão está também "rodeada" de pensamentos negativos. No caso de Bruno, vemos "meu esforço não vale a pena, sou só simpático e sociável (anulação do lado positivo), ninguém me nota, tem algo conspirando contra mim" entre outros; pensamentos como este geram raiva, insegurança, medo, tristeza.

Para terminar, um dos passatempos preferidos dele passou a ser ficar em seu quarto, assistindo algo na televisão ou no computador, estava sempre cansado, com sono; a falta de motivação, falta de vontade, procrastinação (deixar para depois, adiar as coisas), também são sintomas de depressão, bem como a tendência ao isolamento, preferir ficar sozinho no quarto a ficar na companhia de outras pessoas.

O que vimos aqui foi a história do Bruno e através dela, pude falar um pouquinho da depressão, uma doença que não escolhe idade, gênero, raça ou classe social e que, segundo a Organização Mundial de Saúde, atinge cerca de 7% da população mundial e é uma doenças mais incapacitantes. O melhor e tudo isso é saber que é um quadro reversível, e no próximo texto, vamos ver como o Bruno saiu dessa!

Espero que tenham gostado, que tenha ajudado e que tenham se sentido, de alguma forma, acolhidos!

Júlia Balieiro Benedini - Psicóloga (CRP 08/14965)

PUBLICIDADE

Escrito por

Júlia B. Benedini

Consulte nossos melhores especialistas em depressão
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

últimos artigos sobre depressão

PUBLICIDADE