Desvendando os Mistérios da Baixa Libido

A libido, muitas vezes referida como o motor pulsante da intimidade, pode passar por períodos de calmaria, deixando muitos indivíduos perplexos e inquietos. A baixa libido, longe de ser um sinal de fracasso.

21 DEZ 2023 · Leitura: min.
Desvendando os Mistérios da Baixa Libido

As pessoas, de maneira geral, apresentam uma diversidade notável em seus níveis de apetite sexual. O desejo sexual não segue um padrão único, variando não apenas de pessoa para pessoa, mas também ao longo do tempo, mesmo para um mesmo indivíduo durante um relacionamento.

Uma queixa frequente entre casais envolve a discrepância no desejo sexual. Esse desejo pode ser influenciado por uma variedade de fatores, muitos deles de natureza psicológica e interpessoal. Contudo, é importante ressaltar que isso não se configura necessariamente como um transtorno, tornando-se diagnosticável apenas quando compromete a qualidade de vida e gera angústia. A disparidade nos impulsos sexuais entre parceiros pode transformar-se em um problema não resolvido na relação.

A diminuição do desejo sexual pode ter raízes em problemas de relacionamento e, por sua vez, contribuir para esses problemas. O histórico de abuso sexual na infância também pode impactar negativamente o desejo sexual posterior na vida.

Definir o que constitui um desejo sexual "baixo" (ou hipoativo) é relativo. Parceiros que utilizam o nível de desejo sexual experimentado no início do relacionamento como referência podem interpretar a diminuição no desejo ao longo do tempo como um problema. Além disso, um indivíduo com baixo desejo sexual em relação a um parceiro pode não apresentar a mesma disparidade com outro parceiro. A chamada baixa libido de um parceiro pode, na realidade, refletir um desejo sexual hiperativo no outro.

As causas do baixo desejo sexual são diversas, sendo a depressão uma das principais causas psicológicas. A fadiga e um estilo de vida estressante também exercem impacto no desejo sexual. Problemas de imagem corporal podem igualmente contribuir para a diminuição do desejo. Além disso, a diminuição do desejo sexual é um efeito colateral conhecido e comum de alguns medicamentos antidepressivos.

Os sintomas do baixo desejo sexual geralmente se manifestam como uma falta de resposta às iniciativas do parceiro para a atividade sexual. Transtorno de excitação sexual, disfunção erétil, ansiedade que inibe o desempenho sexual, baixo interesse sexual, falta recorrente de desejo e ausência de fantasias sexuais são sintomas adicionais que podem estar associados ao baixo desejo sexual.

O tratamento do baixo desejo sexual abrange uma gama variada de abordagens, adaptadas às causas subjacentes e às necessidades individuais. Ao investigar possíveis causas físicas, como alterações nos hormônios endócrinos, é crucial realizar exames médicos para descartar essas condições. No entanto, é importante ressaltar que, em muitas situações, as raízes do baixo desejo sexual não são facilmente identificáveis por meio de exames laboratoriais.

A TERAPIA se destaca como uma opção valiosa no tratamento do baixo desejo sexual, especialmente quando há conflitos interpessoais, ressentimentos ocultos, lutas de poder ou outras barreiras emocionais ao interesse erótico. A resolução de questões psicológicas, como a depressão, também desempenha um papel essencial na restauração do desejo. Terapias psicológicas, como a terapia cognitivo-comportamental, não apenas mostram eficácia na redução da depressão, mas também não interferem na libido, ao contrário de alguns medicamentos psicotrópicos.

No contexto do baixo desejo sexual em mulheres, não há uma solução única ou "pílula mágica". O tratamento eficaz muitas vezes envolve educar homens e mulheres sobre os verdadeiros mecanismos de excitação feminina. Abordagens que incorporam a atenção plena, conectando sensações corporais de excitação com estímulo psicológico, têm demonstrado promissoras no tratamento do desejo hipoativo em mulheres.

Para os homens, a diminuição nos níveis de testosterona pode desempenhar um papel significativo no baixo desejo sexual. Em alguns casos, o tratamento com testosterona pode ser considerado para restaurar o desejo. No entanto, é imperativo que esse tratamento seja supervisionado por profissionais de saúde, pois o uso inadequado de testosterona pode acarretar efeitos colaterais indesejados.

Em suma, o tratamento do baixo desejo sexual deve ser abordado de maneira personalizada, levando em consideração a complexidade das causas subjacentes e as preferências individuais. A colaboração com profissionais de saúde, incluindo terapeutas sexuais, médicos e psicólogos, é fundamental para encontrar abordagens eficazes e sustentáveis, promovendo a saúde sexual e o bem-estar emocional.

Referências

Herbenick, D., Mullinax, M., & Mark, K. (2014). A discrepância do desejo sexual como uma característica, não um bug, dos relacionamentos de longo prazo: estratégias auto-relatadas pelas mulheres para modular o desejo sexual. Revista de medicina sexual, 11(9), 2196-2206.

Vogais, L. M., & Mark, K. P. (2020). Estratégias para mitigar a discrepância do desejo sexual nos relacionamentos. Arquivos de comportamento sexual, 49(3), 1017-1028.

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Escrito por

Clarete Duarte Galdino

Psicóloga clínica com pós-graduação em neuropsicologia e neuropsicopedagogia. É especialista em terapia de casal e relacionamentos seguindo a abordagem da terapia cognitiva-comportamental. No entanto, seu estilo como terapeuta é eclética, atuando de forma flexível, porque cada paciente é diferente.

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