Descobri que tenho HIV: como enfrentar?

No Dia Mundial da Luta contra a Aids, é fundamental que nos questionemos sobre o preconceito e a melhor forma de enfrentar uma realidade assim.

1 DEZ 2018 · Leitura: min.
Descobri que tenho HIV: como enfrentar?

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 36,7 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, e precisam lutar, todos os dias, contra o preconceito e a discriminação.

O número de novas infecções registradas no ano passado foi quase de 2 milhões, evidenciando a necessidade de continuar falando sobre a Aids, suas formas de contágio, fatores de risco, mas também sobre como fortalecer o lado emocional para enfrentar uma doença assim. Somente no Brasil, são 40 mil novos casos ao ano.

A ciência avança e, de acordo com a ONU, 2/3 dos portadores de HIV tiveram acesso à terapia antiviral em 2017, fundamental para controlar evitar epidemias e para dar mais qualidade de vida para quem é portador do HIV. Porém, ainda falta um largo caminho para garantir as mesmas condições a todos e reduzir ao máximo o número de óbitos.

Aproveitamos a data para levantar um questionamento: o que sucede, a nível psicológico e social, a uma pessoa que acaba de descobrir que é portadora de HIV?

Primeiro, o trauma...

De acordo com o psicólogo Matteo Monego, descobrir que se enfrenta a uma doença grave, como a Aids ou outro quadro crônico, sempre é uma experiência traumática. É um duro golpe à integridade da pessoa e à sensação de segurança e “imunidade”.

Esse aspecto se reforça ainda mais num caso de diagnóstico de HIV. Infelizmente, ainda há uma condena moral e social associada à doença, com grande parte da população insistindo em outorgar ao soropositivo a responsabilidade parcial ou integral por seu diagnóstico.

Na cabeça dessas pessoas, só teriam HIV aqueles homens e mulheres com comportamentos “desviantes” e questionáveis, com a homessexualidade, as relações sexuais ocasionais e a dependência química encabeçando a lista. Isso é uma carga a mais para quem se depara com o HIV.

Para além da individualidade, a pessoa que enfrenta a esse tipo de diagnóstico costuma responder com sentimentos de vergonha, culpa, raiva, rechaço, medo e ansiedade.

É como se todas as certezas que a pessoa esteve alimentando durante a sua vida desaparecessem naquele momento, numa fração de segundos. Os relacionamentos afetivos e sentimentais, a sexualidade, o trabalho, a visão de futuro e a morte, tudo se vê abalado.

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Como enfrentar o trauma?

De acordo com Monego, o aspecto mais importante é a informação; saber todos os detalhes sobre o HIV e ir derrubando cada prejuízo que a pessoa, ainda que de forma inconsciente, construiu sobre a doença, para ir se acercando da visão idônea.

A pessoa não precisa se identificar com o HIV nem a Aids. Ela é um portador do vírus, não o HIV em si mesmo.

Superado o temor inicial, vem a descoberta de que é possível, sim, manter uma vida normal, com alguns ajustes de comportamentos e posturas, mas sem mudar a essência. É fundamental para esse processo que a pessoa compreenda que sua atitude mental é um grande aliado para enfrentar o diagnóstico.

O equilíbrio emocional ajuda o sistema imunológico a responder melhor, enquanto uma atitude negativa e passiva não soma nada ao enfrentamento do quadro. Os tratamentos antivirais são capazes de garantir à pessoa uma qualidade de vida satisfatória, porém é importante que este indivíduo entenda que fazer as pazes consigo mesmo e retomar seu equilíbrio é o que lhe ajudará a manter o nível de serenidade que será determinante para o bem-estar futuro.

Quando procurar ajuda psicológica

As principais consequências do diagnóstico de HIV costumam ser problemas de concentração, insônia, ansiedade e depressão. A pessoa que resiste em pedir ajuda, acaba sofrendo mais, agravando sua instabilidade emocional e tendo mais dificuldade para administrar os múltiplos aspectos da doença.

As estatísticas são preocupantes: cerca de 70% dos soropositivos acabam sofrendo algum quadro de depressão. Buscar um especialista, um psicólogo que possa apoiar esse processo de recuperação, não somente é recomendável como extremamente benéfico.

É importante lutar contra o impulso de isolamento, cercar-se de pessoas que oferecem um apoio incondicional, tanto na família como entre amigos, e não ter medo de procurar apoio na psicoterapia.

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