Síndrome do sobrevivente: a culpa de continuar existindo
Há uma síndrome que afeta aqueles que sobreviveram a grandes tragédias. Estamos falando da síndrome do sobrevivente, um quadro desencadeado e sustentado pela culpa.
Você já ouviu falar da síndrome do sobrevivente? Não? Apesar de não estar formalmente catalogada no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), trata-se de uma síndrome intimamente ligada à culpa de haver passado por um grande trauma e ter sobrevivido.
Ela foi descrita pela primeira na década de 60 e suas características coincidiam com as observadas em muitos sobreviventes do Holocausto e seus descendentes. E não há como entender esta síndrome sem falar de suas características e formas de conter os danos emocionais.
Entendendo a síndrome do sobrevivente
Quem desenvolve um quadro como esse tem por hábito culpar-se pela morte dos outros. Trata-se do primeiro grande sinal. O peso da culpa e do trauma favorecem o aparecimento de uma série de sintomas (físicos, psíquicos e comportamentais):
- perturbações do sono
- ansiedade
- nervosismo
- pensamentos negativos
- transtornos gastrointestinais
- isolamento social
- alterações bruscas do humor
- cefaleia
- depressão
A gravidade da síndrome do sobrevivente pode variar de pessoa a pessoa, assim como a intensidade dos sintomas. Identificar os sinais e buscar a ajuda de um profissional especializado é fundamental para conter o agravamento do quadro.
Muitas vezes, quem sofre com o problema não consegue dar esse passo por si só. Daí a importância de contar com o apoio de familiares e amigos, para viabilizar o tratamento que vai ajudar na superação do problema.
Não se restringe ao Holocausto
Os sintomas que caracterizam a síndrome do sobrevivente também foram observados em pessoas que vivenciaram tragédias de proporções similares, como as bombas de Hiroshima e Nagasaki, por exemplo. Mas engana-se quem pensa que se trata de um problema relacionado a fatos de um passado distante.
Os profissionais que trabalham com a síndrome do sobrevivente como reflexo de um stress pós-traumático pontuam que há fatores de uma realidade muito mais próxima que pode desencadear os sintomas característicos do quadro, como sobreviver a uma doença com mínimas possibilidades de cura, viver com o vírus do HVI/Aids sem apresentar sintomas ou sobreviver a um desastre de avião.
Como tratar a síndrome do sobrevivente?
Independente da origem, quem sofre da síndrome do sobrevivente experimenta um forte sentimento de culpa, que perturba sua autoestima, afeta sua autoconfiança e coloca em cheque seu bem-estar psicológico.
Os danos emocionais podem ser contidos se a pessoa começar a trabalhar suas questões num processo de psicoterapia. Nele, encontrará espaço para dar um significado a esse sofrimento, compreender suas origens e construir uma nova perspectiva de vida, com mais esperança e positivismo.
Fotos: por MundoPsicologos.com
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Eu sobrevivi a um câncer no cérebro e sem sequelas. Muitas vezes lembrei de pessoas que não tiveram a mesma sorte e de uma certa maneira me sentia mal por isso. Finalmente li algo que diz respeito a esse meu sentimento.
Então eu tenho todos os sintomas, porém no meu caso a pessoa não morreu de fato porém ficou como uma criança, e eu cinto muita cupa por isso e acho que deveria ser eu no lugar. Eu posso caracterizar como síndrome de sobrevivência