Adolescência: a difícil luta em separar-se dos pais

Toda criança idealiza e admira os seus pais de alguma forma. Conforme cresce, os filhos começam a perceber as falhas dos pais.

17 NOV 2015 · Leitura: min.
Adolescência: a difícil luta em separar-se dos pais

Toda criança idealiza e admira os seus pais de alguma forma, até enfrentar o processo de separação da adolescência, que envolve a maturação sexual e a luta pela independência financeira e emocional.

O adolescente já não satisfaz a demanda dos pais, quer "pensar com sua própria cabeça". Torna-se mais exigente, questionando as regras e fazendo críticas às fraquezas aos pais a fim de enfraquecê-los. Atravessa um período de encontro: encontrar sua identidade, ser quem se é e assumir um posicionamento na partilha dos sexos.

Trata-se de um encontro que não pode ser evitado e do qual os pais não podem salvar o filho. Existe aí, um processo de "luto" na dolorosa tarefa de desligar-se dos pais e realizar escolhas, que envolve um longo trabalho de elaboração das faltas e insuficiências encontradas nos pais.

Ao enfrentar o desamparo, a angústia e as impossibilidades, considerando que se está "no meio" da travessia: o adolescente não é mais dependente como foi um dia na infância, mas ainda não é dono de seu próprio destino. Enfrenta a separação dos pais idealizados, ao mesmo tempo em que incorpora os pais da infância e precisa lidar com as diferenças, com aquilo que é dos pais, mas que não reconhece como seu, buscando construir seu próprio jeito de ser.

Quanto mais sólidos forem os valores e consistentes forem as relações entre pais e filhos, melhor serão a qualidade dos recursos que o adolescente utiliza para lidar com esta fase de decisões, dúvidas e medos. Muitas vezes, ao perceber que os filhos não buscam mais consolo nos braços da mãe ou no colo do pai, os pais acabam se separando dos filhos antes destes poderem se separar deles e aí os papéis se invertem: diante do "abandono" dos pais o adolescente luta desesperadamente pela atenção deles, com atitudes e comportamentos considerados "rebeldes".

É preciso então que os pais suportem a separação e o crescimento dos filhos e compreendem que, mesmo que nem todas as suas referências de vida servirão para eles, não deixarão de ser seus filhos. É importante cultivar um espaço de diálogo para que toda a família possa expressar sua opinião e não desistir de cuidar das relações só porque se acha que não é levado em conta. O que o adolescente quer do outro e do mundo é apenas um lugar, uma oportunidade, um olhar compreensivo.

Diante disso, o papel dos pais consiste em ouvir, orientar, estabelecer limites e demonstrar amor, além de aceitar que o desamparo faz parte da vida e que não cabe aos pais proteger os filhos para sempre, mas sim enriquecê-los com valores que o auxiliem a enfrentar o desamparo sozinhos...

Foto: por Nicki Varkevisser (Flickr)

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Escrito por

Psicóloga Audrey Leme

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