A presença dos pais na vida dos filhos

Sobre as dificuldades de se criar filhos no mundo atual. A presença real e psicológica essencial dos pais.

23 SET 2016 · Leitura: min.
A presença dos pais na vida dos filhos

Nos perguntam se os filhos gostam ou não da presença dos pais em suas vidas e a resposta normalmente sim, mas depende do momento. Há momentos em que a presença dos pais é essencial e é desejada por eles e há momentos em que eles não gostam, mas isto não significa que os pais devam amolecer e fracassar diante dos seus filhos. Os filhos adoram a presença dos pais quando eles estão em paz, quando a comunicação é boa e quando são menores de 10 ou 12 anos de idade ou antes da adolescência.

Na adolescência, entre eles "pegaria mal" a presença do pai ou da mãe e de forma geral eles desejam passar uma impressão de que já são grandes e autossuficientes. Alguns pedem para que os pais não os levem até os seus encontros com os amigos, pede que parem longe da escola e das festas e então, eles têm uma espécie de vergonha da presença dos pais, não porque tenha necessariamente nada contra os pais, mas por uma questão de autoestima e até para evitar eventuais bullyings.

O apego entre pais e os filhos oscila entre a adoração que ocorre até aproximadamente 12 anos de idade, depois há um afastamento até aproximadamente os 20 anos de idade, quando vai ocorrendo a reaproximação, que é maior entre a filha e o pai e o filho e a mãe devido ao chamado Complexo de Édipo e acontece naturalmente ao longo da vida.

Quais sinais indicam que os filhos gostam (ou não) da companhia dos pais?

Os filhos demonstram gostar mais da companhia dos pais quando vão fazer compras, por exemplo numa loja de tênis ou de roupas, quando vão numa agência comprar um carro ou no banco sacar dinheiro, ou seja, quando vão fazer coisas de interesse deles. Os pais percebem que eles trabalham 24 horas por dia para os seus filhos quando desejam criá-los bem e sabem que são "empregados" deles.

Atualmente, em geral os filhos acima dos dez ou doze anos de idade começam a se afastarem por quererem vender uma imagem de que são adultos, e quando não querem nunca presença dos mais, precisamos ter cuidado porque pode ser que ele estejam fazendo algo ilícito, usando drogas, bebendo ou descobrir a sua vida sexual.

Filho que valoriza o tempo que está junto com os pais faz isso por conta da personalidade dele ou por uma criação que sempre deu atenção a esse ponto?

Quando os pais são presentes e gostam de ter uma boa vida em família, os filhos se acostumam com a presença deles, passam a gostar dos momentos coletivos com os pais e gostam da presença deles. Não gostar da presença dos pais é sinal de que algumas coisas não andam bem quando eles são ainda pequenos e pode ser sinal de conflitos e até de abusos.

Quando os pais estão se separando eles se apegam mais aos pais por insegurança, depois de separados, os filhos às vezes ficam com sentimento de culpa quando ouvem as queixas de um ou de outro e sofrem com isto, por isto, os bons pais são aqueles que evitam falar mal dos seus companheiros para os seus filhos.

Mas até os que gostam da companhia dos pais, podem querer ficar sozinhos ou sem eles em alguns momentos? Por quais razões? E tudo bem?

Todos os filhos gostam de ficar sozinhos por algum tempo, gostam da fossa, gostam de jogar e ouvir músicas, falar com os amigos ao celular ou nas redes sociais. Isto é bom e faz bem para eles. Eles precisam muito de ficarem sozinhos porque assim também se cresce e inclusive porque dormem muito. Isto é normal especialmente quando começam a namorar e a descobrirem a sexualidade. Na verdade, o controle excessivo dos pais revela a fragilidade deles e pode não levar a nada.

Ter vergonha de conversar com o pai na frente dos amigos é normal?

Normalmente os filhos não gostam de conversar com os pais, especialmente na frente de amigos, sentem vergonha, medo de levar um fora e dos pais falarem sobre coisas que eles não gostariam de compartilhar com ninguém. Então, especialmente quando estão namorando, eles preferem ficar sozinhos, começam a se masturbar, tem espinhas no rosto e querem se esconder a maior parte do tempo e a família precisa compreender isto, eles começam a gostar de ficar mais, por exemplo, com os avós.

Como perceber os sinais que o filho dá por sentir-se constrangido na presença dos pais?

Os filhos adolescentes não gostam que seus pais tenham amizade com os seus amigos e que falem das suas coisas intimas aos amigos e os pais precisam compreender isto a não ser que se trate de pessoas estranhas ou suspeitas. Falar de detalhes íntimos da família é literalmente a morte para alguns deles. Assim, o melhor a se fazer é respeitar as relações de amizade dos filhos com seus amigos.

Normalmente, quando os pais se tornam amigos dos amigos dos seus filhos, a amizade deles se rompe. Quando os filhos estão namorando, e os pais se tornam íntimos demais dos namorados ou namoradas dos seus filhos, por alguma razão as relações entram em crise, sogros e genros e sogras e noras não podem ter relacionamentos íntimos demais para que as relações dos filhos não entrem em crise.

Quando não é possível perceber o quanto estas relações são prejudiciais à vida do filho, os pais podem conversar e podem compreender a nuances do encontro entre eles.

Quais costumam ser as razões para esse constrangimento? E o que os pais podem fazer para amenizar isso?

As razões que fazem com que os filhos queiram ver os pais longe das relações com seus namorados ou amigos é a vergonha, a exposição, contar sobre a vida passada dos filhos, os relacionamentos anteriores, coisas do tempo de criança, gafes e querer fazer amizade com os amigos dos seus filhos.

Os pais devem respeitar e se afastarem discretamente, fazer um bolo, um lanche e colocar um refrigerante na mesa, trazer uma pipoca sem dizer uma só palavras às vezes faz com eles fiquem agradecidos e se sintam compreendidos e é melhor do que ficar tentando conversar com eles.

Sentir que não têm intimidade com os pais também pode prejudicar o tempo em família? Por quê?

Os pais precisam manter a janela aberta, ficar à disposição, pergunta como eles estão sem querer dar conselhos nem ajudar muito. A diferença de idade entre eles é muito grande, os ciclos vitais são diferentes, as cabeças são diferentes, então, é evitar querer forçar conversas e dar conselhos, porque isto afastaria ainda mais eles.

Quando somos contra alguma coisa ou temos que colocar limites, precisamos se categóricos para que eles não fiquem confusos com a nossa fala. Eles não têm os recursos verbais que temos e o melhor mesmo é não usar ideias ou palavras sofisticadas.

E como perceber essa falta de intimidade? Há alguns sinais disso?

Não existe um manual "como" perceber se falta ou não intimidade. O que acaba com a intimidade é o excesso de intimidade. Se você for íntimo demais dos seus filhos, isto mais atrapalha do que ajuda.

É normal um jovem não querer conversar com os pais?

Não é normal um jovem não querer conversar com os pais, a não ser em momento de brigas quando os pais perderam a razão e faltaram com o respeito com eles. Os adultos também erram e às vezes isto prejudica a comunicação com a família. Em geral, os filhos são generosos e compreensivos com os erros dos seus pais e até os ajudam a superá-los.

E de que forma o pais pode aproximar-se desse filho? Esse é um quadro que pode ser revertido ainda na adolescência do filho?

Os pais podem se reaproximar os seus filhos sendo respeitosos e seguros, falando de forma assertiva e até pedindo desculpas se estão errados. Quando os erros dos pais não são muito graves, o próprio tempo se encarrega de resolver os erros do passado, mas como todos podem errar, os pais não precisam ficar constrangidos com seus erros. Os pais precisam ser firmes, especialmente na criação de filhos homens.

Nos dias atuais, é melhor evitar que os filhos passem a noite fora ou em lugar onde os pais não conheçam. Na noite de uma cidade grande, não há muita coisa que uma criança possa fazer sozinha e que faça bem a ela, com o tempo e sutilmente, é melhor que os pais conheçam os amigos dos seus filhos, tenham o telefone dos seus pais e conheçam os familiares dos amigos seus filhos, para evitar que eles se envolvam com pessoas estranhas.

Foto: por MundoPsicologos.com

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Escrito por

José Carlos Vitor Gomes

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