A violência contra mulher é um problema naturalizado?

Mais de 40% dos homens brasileiros já cometeram algum tipo de atitude violenta contra mulheres, apesar de que somente 16% admitem a agressão. As ações são físicas e tambéms psicológicas.

13 JAN 2014 · Leitura: min.
A violência contra mulher é um problema naturalizado?

A violência contra a mulher no Brasil caminha a passos largos rumo à naturalização. Mais de 40% dos homens já cometeram algum tipo de atitude violenta contra mulheres, apesar de que somente 16% desse total admite o ato. Isso significa, considerando a população do país, que 52 milhões de brasileiros já foram violentos com sua atual ou anterior companheira.

Os números desvelam um quadro de violência percebida, mas não assumida. Os dados são de pesquisa recente, divulgada pelo Instituto Avon, que entrevistou mais de 1.500 pessoas em todas as regiões do Brasil (homens e mulheres com mais de 16 anos). Segundo o levantamento, tal comportamento está em todas as classes econômicas (baixa, média e alta) em proporções muito similares.

O ato violento mais comum foi o xingamento, praticado por 53% dos homens entrevistados. Aparecem também na lista empurrões (19%), ameaças verbais (9%), tapas (8%), o ato de impedir a vítima de sair de casa (7%) e arremesso de algum objeto durante uma briga (65). A lista inclui também humilhação em público, socos, sexo sem consentimento e ameaça com armas.

De acordo com a coordenação do estudo, um dado que preocupa é o fato de muitos homens não enxargarem determinados atos como violentos, porque se trata de algo já construído dentro de suas relações sociais. A mulher também demora a perceber seu lugar de vítima, e normalmente quando isso acontece já enfrenta a depressão e começa a sofrer de ansiedade ou insônia.

“Para uma violência física acontecer já houveram várias outras manifestações de violência psicológica. E essas são muito danosas, tanto para a saúde mental dos homens como também das mulheres", comentou um dos especialistas a participar da pesquisa, Sérgio Flávio Barbosa.

O peso da violência

As frequentes manifestações de violência contra a mulher seriam fruto de uma desigualdade que acada dando aos homens “poder" sobre as mulheres. Do total de entrevistados, 62% afirmaram reconhecer a violência psicológica como uma forma de violência, porém ainda há um longo caminho por percorrer, disseminando informação.

Um exemplo concreto é o nível de conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência doméstica e familiar. De acordo com a pesquisa, 94% dos entrevistados afirmam conhecer a Lei, mas apenas 13% sabem qual é o seu conteúdo.

Ainda segundo a coordenação do estudo, os resultados evidenciam uma invisibilidade dos atos violentos no cotidiano da nossa sociedade, fato que deve ser objeto de reflexão e mudança.

Foto: por nada abdalla (Flickr)

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Comentários 3
  • Equipe MundoPsicologos.com

    Bom dia Olga, a melhor forma de conseguir respostas para sua dúvida é perguntar aos especialistas cadastrados, na seção de Perguntas do portal. Att. Equipe MundoPsicologos.com

  • olga ferens

    Eu vivi num relacionamento de 5 anos com um tipo de violência que deixou marcas profundas,(violência psicológica), até hoje não consegui me libertar da dor, é horrível! Choro quando lembro (inclusive nesse momento) eu preferia violência física, seria menos doloroso. Amei, me dediquei por inteira a um homem que me humilhou muito, não consegui até hoje me libertar, perdi o ânimo, não tenho paz, muito menos qualquer tipo de alegria, sei que preciso muito de ajuda mas não encontrei alguém para me ajudar. Eu própria não tenho ânimo e não tem quem perceba como me sinto...

  • Rita Fialho

    A violência psicológica e emocional causa problemas gravíssimos em qualquer ser humano. Uma palavra depreciativa é suficiente para agredir a autoestima. Gestos e palavras agressivas transformam a mulher em um rascunho de ser humano, perdida na dependência emocional e sem forças para enxergar uma realidade melhor.

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