Sou filha única, depressiva, sem emprego, minha mãe faleceu e não tenho ninguém
Tenho 44 anos, sofro de depressão, alcoolismo, sempre tive medo da vida e uma imensa insegurança e nervosismo. Meus pais separaram-se quando estava com 3 meses, sendo que foram casados durante 9 anos. Minha mãe perdeu 2 gestações anteriores e ela desejou muito meu nascimento.
Cresci desenvolvendo por ela uma relação de muito amor que com o passar dos anos trouxe alguns problemas e agressividade de ambas as partes. Ela sempre me acolheu, me compreendeu, me fez sentir segura mas algo me fazia sentir rejeitada e ter reações agressivas em represália a sua intespetividade em alguns momentos da minha infância e adolescência (uma burrice sem fim da minha parte). Comecei a beber aos 18 e desde então procuramos tratamento. Recaí uma infinidade de vezes, chegando a decidir parar de vez aos 31., sem sucesso Passei por internações, psicólogo, psiquiatra, religiões, AA, grupos de apoio e o melhor que consegui foram recaídas espaçadas de no máximo 1 ano. Da última vez, foram 8 meses até minha mãe falecer e eu me afundar completamente na vodka.
MInha mãe era extremamente amorosa mas eu me sentia rejeitada e talvez por isso agia reativamente. Era uma defesa, não sei. Pensava que ela não me compreendesse. A realidade é que ela fez de tudo para preservar minha paz. De alguns anos para cá, chegamos a um ponto em que era muito raro uma discussão e quando acontecia, não durava por muito tempo. O sentimento de amor conseguia superar qualquer diferença e isso me levou a desistir de beber muitas vezes.
Estava tudo bem com sua saúde, apesar da DPOC adquirida devido a mais de 50 anos de fumo. Parou com o cigarro há 3 anos e nunca teve absolutamente nada. No último dia 03 de agosto, quebrou o tornozelo. Resumindo, o hospital mandou de volta para casa e quado chegou o dia 08 minha mãe faleceu com falta de ar. De acordo com o óbito teve uma parada cardiorrespiratória, enfisema e insuficiência venosa grave. Eu assisti a tudo e posso dizer que morri junto com ela. Chamei duas ambulâncias que vieram tarde demais Estava nervosa demais aquele dia, achando que não daria conta de cuidar dela em casa e já entrando em desespero. Talvez tenha percebido meu desequilibrio e desistido de viver por minha culpa.
Me sinto culpada, porque após a queda eu não me sentia capaz de cuidar dela. Me sinto uma péssima filha e percebo, triste, que as pessoas não gostam de mim, me olham com olhares recriminadores. Para piorar, momentos após sua morte, a minha única parente - sua irmã, que não gosto nem de dizer que é minha tia - que mora no mesmo prédio, invadiu a minha casa querendo me agredir e dizendo que matei minha mãe e a dela (minha vó, que foi a pessoa que mais amei neste mundo) de desgosto. Uma cena asquerosa, repugnante aquela bruxa batendo com sua muleta na mesa da minha sala, no mais completo desrespeito a minha dor e a memória da minha mãe. De quebra, ameaçou me interditar. Apenas dois vizinhos, até então desconhecidos me ofereceram apoio emocional, além do porteiro que é um irmão pra mim. O restante, sequer bateu em minha porta para me chamar para ir a missa de sétimo dia. Parentes nem ligaram para dar os sentimentos e soube por terceiros que meu pai disse "lavar as mãos para mim" (nenhuma surpresa, ele já havia feito isso há 44 anos atrás, nunca me deu a mínima. Não sei o que levou minha mãe a se casar com aquele lixo humano). Enfim, não tenho ninguém. Não tenho trabalho, o que tenho é o apartamento onde moro (no nome da minha mãe) e provavelmente vou perder porque não terei como arcar com despesas como condominio etc. Não me sinto capaz de conseguir trabalho apesar de ter profissão, pois estou afastada do mercado há anos. Sou extremamente tímida, insegura, além de velha, quem me daria um emprego?
Tentei me matar sem sucesso, passei dias bebendo e peço diariamente que ela me leve embora porque viver sempre foi um fardo para mim. Ainda mais agora que o meu apoio emocional, a minha fonte de amor, cuidado, carinho, o meu tudo morreu. A cada olhar de desprezo de vizinhos, a cada comentário de ganância sobre seus pertences vindo de pessoas "querendo ajudar" mais tenho vontade de morrer e medo das pessoas. Me sinto uma criança desamparada, abandonada, aos 44 anos e durmo abraçada em seu casaco. Pareço ter regredido à primeira infância, tamanho o desespero. Pode parecer ridículo mas é dolorido ao extremo, creiam.
Me perdoem pelo tamanho do texto. Apenas me ajudem por favor. Preciso de uma palavra de ânimo, de carinho, de incentivo. Me trato com psiquiatra e terei que interromper o tratamento por motivos financeiros. Muito grata pela atenção