Sentimentos para com o psicólogo

Olá Michele! Grato por escrever. Que bom que você escreveu. Você fez uma relação transferencial de objeto amoroso para seu psicólogo. Isso não é raro, mas exige muito cuidado. O papel de psicólogo e de objeto de amor, ao mesmo tempo, são incompatíveis. Poderá ser mais fácil você trabalhar essa questão, com outro psicólogo neutro, posto que você está com as sessões interrompidas. Na verdade, esse psicólogo está sendo idealizado por você.
Sabemos que é dolorido ler o que temos obrigação de escrever, mas é preciso que não omitamos.
O centro do namoro de cada pessoa, necessita estar nela mesma, ninguém vai querer namorar alguém sobre quem tenha que ser responsáveis por controlar a sensação de estar deprimida. O grande namorado de cada pessoa é e necessita ser ela mesma. Não se vai a um psicólogo para fazer dele um namorado. Isso desfiguraria a relação profissional-científica.
Há algo em você, antes do psicólogo, que precisa ser trabalhado.
Será aconselhável que você retome suas sessões com um psicólogo ou psicóloga, que não tenham perfil assemelhado ao que você interrompeu e misturou papeis. Talvez, com sexo diferente, com idade diferente, aparência diferente, para que você não estenda a transferência.
Desculpe-me a escrita direta, é importante.
Atenciosamente (em tempos de permanência de alta taxa de incidência da pandemia, sejamos razoáveis: máscara, higiene, distanciamento físico, abertura mental, amor próprio, Ciência!)

Ary Donizete Machado - psicólogo clínico.