Então, não sei mais o que fazer. Tenho 39 anos e por 37 vivi com meus pais. Sempre tive um relacionamento difícil com minha mãe, pois ela é uma pessoa complicada e nunca foi de dar carinho. Só pensa em ser agradada, é extremamente materialista e sempre fala que os filhos tem obrigação de ajudá-la. A vida toda fui manipulado por ela hoje não tenho nada. Eu sempre trabalhei pra ajudar em casa, mas nunca fui valorizado.
No ano passado me casei com uma mulher maravilhosa e não tenho vontade de visitar minha mãe. Ela me deixa de baixo astral, mas achei que, depois de casado, as coisas melhorariam, mas pioraram. Eu amo minha mãe, mas não sei o que fazer. Isso está me matando. Sinto que estou à beira de uma depressão. O que posso fazer? Tem jeito?
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2 JUN 2016
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Olá Fanio!
As vezes vivemos uma relação muito delicada e difícil, por não conhecermos outro modo de vida, estamos acostumados a lidar com aquela carga diariamente.
Ao se afastar percebemos o quanto aquela situação nos intoxicava e ficar próximo retoma sentimentos ruins.
Com todos os defeitos de sua mãe, você a ama, e parece se sentir culpado por sentir-se bem distante dela.
Procure a ajuda de um Psicólogo para lhe ajudar a organizar esses sentimentos e memórias, a psicoterapia não mudará sua mãe, mas poderá te fortalecer para que quando esteja próximo, vivencie a presença dela de uma forma mais leve.
Nós somos constituídos através das nossas relações.
Os nossos pais são os primeiros referenciais que temos do mundo e não herdamos deles apenas a cor dos olhos e outras características físicas... Muito da forma como nos relacionamos (inclusive com os nossos próprios pais) são a reedição do que recebemos deles como referência ao longo da vida.
A relação mãe-filho é muito profunda, tanto que você está muito triste, como colocou na mensagem "à beira de uma depressão" e percebo que isso é muito importante para você.
Indico que você saia do modo estático (quando nos movimentamos as coisas mudam) e experimente ligar pra ela.
Vá se aproximando aos poucos, você pode inclusive fazer isso nesse final de semana. Ligue, ouça a voz dela, experimente ligar ao longo da semana também e vá aumentando o número de ligações aos poucos, no seu tempo, conforme você consegue fazer isso.
Para realizar isso é importante estar aberto ao movimento de reaproximação, porém, respeitando os seus limites.
Depois você poderá marcar uma visita rápida, você pode ir a algum lugar próximo a casa dela e passar rapidamente para vê-la.
E assim, aos poucos você irá se (re)aproximando.
Quando você conseguir estar à vontade, você poderá ter um momento com ela, a sós, para conversar sobre os seus sentimentos, comunicar de uma maneira que não a ofenda, mas que explique da melhor maneira possível esse sentimento que tanto te angustia.
Acredito que a indicação para psicoterapia é válida sim. Inclusive a psicoterapia poderá te ajudar, te encorajar a trabalhar esses sentimentos e enfrentar esse momento delicado.
Provavelmente você descobrirá coisas profundas e intensas que essa relação com a sua mãe impõe a você.
