Olá, venho de uma família conservadora e recentemente me descobri bissexual. No começo escondi dos meus pais, porém minha mãe, por sempre ter sido controladora, acabou descobrindo, e por ter depressão parece que a reação dela foi mil vezes pior do que realmente deveria ser. Ela tentou se matar, passou mal, foram tantas coisas que eu tive que prometer que nunca mais ficaria com ninguém do mesmo sexo nem veria a menina novamente. Meu pai, por outro lado, me mandou embora e me bateu. Sempre fui muito controlada pelos meus pais, já sou maior de idade (20 anos) porém ainda não posso sair de casa direito, e principalmente agora que ela sempre desconfia que estou com a menina, e vive me culpando pela doença dela, isso desde que eu era criança. Acabei desenvolvendo ansiedade, não sei se pelos problemas em casa, mas hoje me sinto incapaz de muita coisa, sinto que a minha mãe deposita toda a esperança dela em mim, sempre quis que eu fosse como ela e acabou se frustrando quando percebeu que eu não sou, pois nunca me apoiou e fala todos os dias que se eu aparecer com alguma menina eu não sou mais filha dela, fala coisas horríveis pra mim, me diminui e desmerece minhas pequenas conquistas, e na frente das pessoas diz que faz de tudo por mim. Não sei o que fazer, já tentei conversar com ela pois sinto falta de uma mãe, alguém para me apoiar, pois nem mesmo o meu pai faz isso, nunca converso com eles sobre nada pois nunca me dão abertura, e quando tento sempre sai briga sem motivos. Não consigo nem manter amizades sólidas, pois qualquer pessoa que eu trago em minha casa minha mãe apenas critica, ela não me deixa viver a minha vida, até mesmo entrevistas de emprego ela já me impediu de ir.
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6 SET 2020
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Oi Luiza, sou Geime Rozanski – Psicoterapeuta
Pois é, você já tem 20 anos, é de maior e precisa conquistar a sua autonomia emocional e financeira. Autonomia emocional significa que não depende mais do amor dos pais. Basta o amor por ti mesma. Seja mãe de si mesma; seja pais de si mesma.
Você veio através dos pais, eles tornaram possível a tua existência física, mas não a espiritual.
Foi você que escolheu este casal para ser teus pais, mas não é deles.
Nesta vida, você veio para realizar a ti mesma, ser feliz, lidar justamente com esta dificuldade de ser aceita como é, bissexual. Agora você vai mostrar a si mesma que sabe lidar com esta situação, é um desafio à sua inteligência, em como fazer para se realizar de forma concreta.
A vida te deu a liberdade de poder fazer e escolher a forma de vida que você quiser, contanto que seja responsável pelas consequências de cada escolha e decisão tomada.
Depende de ti em descobrir uma forma de como poder fazer tuas experiências e ao mesmo tempo tem um convívio satisfatório com as pessoas.
Seja pai e mãe de si mesma, tenho afeto por si mesma, tenha gratidão por si mesma, orgulhe-se de ser a pessoa que é. Seja obstinada em ser o que você quer e não o que outros querem. Não tem forma certa ou errada de ser. Há apenas o sentimento de se sentir bem ou não.
Os pais podem estar presos aos preceitos religiosos e culturais e por isso condenam a tua aproximação com mulheres. Que isso não impeça que você realmente quer vivenciar.
Se ainda é dependente financeiramente deles, isto pode ser um ponto fraco que ainda precisa superar. Precisa pensar no trabalho, em como manter aLuiza, de uma forma autônoma, independente. Então, a tua casa é na verdade a casa dos teus pais e aí eles aceitam determinadas pessoas e outras não. Aí, é jurisdição deles. Por isso, a autonomia emocional e financeira andam juntas. É um bom indicativo de investimento.
16 SET 2020
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Querida Luiza, o retrato da homofobia é algo muito comum no nosso país ainda, infelizmente. Imagino que esteja sendo muito difícil para você estar enfrentando todas estas questões, também fico pensando no quanto isso deve abrir sentimentos em você, né? Ter rede de suporte em situações como essa é algo tão importante, sabe? Estar em contato com outras pessoas que vivenciam experiências como a sua podem te ajudar muito a se sentir acolhida também. Para além disso, a psicoterapia é um espaço fundamental para que você esteja em contato com suas emoções, para que possa ser acolhida na sua dificuldade e, sobretudo, para que possa atravessar tudo isso de uma maneira menos difícil para você. Um forte abraço!
5 SET 2020
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Cara Luiza, na sua idade, jovem adulto, é uma fase de descobertas, incluindo da sexualidade. Assim, que você estiver consolidada com a sua sexualidade, ter certeza das suas escolhas e modo de vida, você poderá enfrentar o viés que acompanha a escolha da sexualidade, ou seja, a aceitação ou não da família e o preconceito. A princípio, oriento você fazer um acompanhamento psicológico, para se "descobrir", ter certeza do que você sente, sonha e deseja, depois junto com o terapeuta, procurar recursos para gerar a aceitação dos pais, trabalharão juntos, para amenizar o preconceito e desestruturar a idealização que os pais tem você, como você disse no seu texto: sua mãe deposita esperança em você e você a frustrou. Há indícios também de uma convivência de pais e filha, não muito saudável, que deve ser trabalhado, pois está aparecendo controle e manipulação dos pais que está acarretando muito sofrimento à você. O acompanhamento psicológico é ideal para você ter a segurança e confiança que necessita para "enfrentar" os pais e o mundo. Espero ter ajudado.
Atenciosamente
Tatiane Andrade
4 SET 2020
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Olá Luiza!
A sua bissexualidade não ser aceita pelos seus pais ou outras pessoas, é uma realidade com a qual você vai conviver.
Como seus pais são conservadores e você ainda mora com eles, implica que você respeite o ponto de vista deles.
Uma vez que você alcance sua autonomia e possa ter a sua vida independente, então você terá o pleno direito de exercer sua sexualidade da forma que sua natureza desejar. Mas, por enquanto, melhor será você ser compreensiva com eles, especialmente com sua mãe, que vem culpando você indevidamente dos problemas de saúde dela.
O emocional da sua mão não foi pelo fato de você ser bissexual, mas pela forma como isso foi interpretado por ela, baseado nos valores que ela cultua, compreende?
Então, agora, calma, tolerância, paciência, amor com sua mãe e seu pai. Importante para que o ambiente de vocês fique mais tranquilo e menos tenso.
Espero ter ajudado.
4 SET 2020
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Olá Luiza! Grato por participar. Passamos toda a nossa vida descobrindo, construindo nossa identidade sexual. Sua mãe e seu pai também. Cada ser humano, muitas vezes, sem se dar conta, faz uma identidade sexual única. Quando nas convenções sociais ela é identificada com objeto de preconceito, os pais lutam com unhas e dentes, conforme a experiencia de vida deles, para tentar - na visão deles - poupar os filhos dos sofrimentos decorrentes das discriminações sociais. Nesse sentido poderemos entender as mobilizações dos seus pais. A questão da adequação é outra questão. Não há caminhos bons quando a comunicação civilizada, respeitosa, baseada na argumentação, na abertura mental, para lidar com todas as diferentes formas de pensar as coisas, não pode prevalecer. Infelizmente, na maior parte das vezes, os pais, apaixonados pelos seus filhos, não conseguem levar adiante uma conversa tranquila. Por outro lado, os filhos, com seus ímpetos e imaturidades, formam certezas, antes da hora, mantendo um terreno fértil para o distanciamento.
Muito provavelmente esse é o tempero da comunicação entre vocês.
Será providencial e enriquecedor, você contar com a conduta científica de um psicólogo. Para tanto você precisará ser persistente, contar com abertura, mental, exercício de empatia, disciplina.
Estaremos à disposição.
Abraços virtuais (em tempos de pandemia, sejamos razoáveis: ética, solidariedade, empatia, Ciência!)