Eu já esgotei todas as minhas alternativas e não sei mais o que fazer

Feita por >Juliana · 2 fev 2023 Abordagem psicológica

Olá! Estive procurando profissionais de saude mental na internet e achei seu contato. Não acho que alguém irá me responder algo útil. Mas como estou sem qualquer ideia de como continuar sobrevivendo, resolvi tentar.
O texto abaixo é sobre como me sinto. Eu tentei ser clara mas acabei soando poética. É que não inventaram palavras suficientes para expressar como me sinto. Dessa forma parece mais próximo do que é.

Em um resumo, estou a muitos anos tentando encontrar um jeito de melhorar. A depressão deu as caras na minha vida quando eu tinha 7 anos de idade. Desde então ela nunca se ausentou. Só pude tratar no final da adolescência, quando me mudei para uma cidade com mais recursos. Além de que na cidade pequena que passei minha infância, em plenos anos 90, depressão era um tabu. Era absolutamente impensável que uma criança pudesse ter qualquer coisa como isso.
Perto dos 20 anos comecei a tratar. Hoje com 33 já nao sei mais o que fazer. Estive em tratamento com psicólogos competentes e com abordagens diferentes. Não é que eu nao gostasse. Mas é como remar contra a maré. Uma maré muito muito forte.
Tratei com diversos psiquiatras, com alguns neurologistas, reumatologistas, e um monte de especialidades pra encontrar o que estava errado comigo.
Nada de palpável foi encontrado. Isso é desesperador.
Tentei diversas outras coisas fora do padrão. Práticas esotéricas, práticas religiosas, exercicios constantes, dança, aula de circo... qualquer coisa que tivesse alguma chance de fazer bem.
Consegui inclusive emagrecer e me tornar uma pessoa fisicamente saudável por um tempo. Mas uma hora tudo desmoronou. Hoje em dia sinto tanta tanta tanta dor que levantar da cama está sendo uma tarefa quase impossível. Eu devo ter uma bola de ferro amarrada na meu pé pra ser tão difícil dar um mísero passo. Eu ja na sei
mais o que fazer. Mas o maior problema de todos é: eu não quero viver. Quando falamos sobre tirar a própria vida as pessoas vem com o discurso de que o suicida quer acabar com a dor e não com a vida. Acontece que eu não quero viver. É difícil. É cansativo. É doloroso. E não há nada que queira fazer aqui, nem nada que eu consiga acreditar capaz de dar algum significado a isso.
Esses meus 33 anos tem sido uma eternidades, e eu sinto que já chega. Eu não aguento mais isso.


Eu tenho um grande problema com psicólogos e psiquiatras. Eles estudam para ajudar pessoas que querem melhorar. Que querem viver com plenitude. Que querem ser felizes. Quando se deparam comigo (e imagino que com outras pessoas no mesmo estado), eles nao sabem o que fazer. E eu também já não sei mais o que fazer. O grande problema é que para mim a vida é uma obrigação. Não há nada que eu queira tanto fazer que seja capaz de dar algum significado a isso. E quando eu digo isso, eles basicamente se negam a aceitar. "Deve haver algo" " pense com cuidado " "você tem que achar algo que tenha significado pra você".
Então eu me sinto idiota. Não há nada. Eu estou aqui "batendo cartão" porque sou obrigada e muito medrosa pra tentar tirar minha vida e falhar. Ja fiz inúmeros planejamentos mas nunca chego em um método que seja garantido. A existência compulsória me deixa estressada. Viver porque os outros acham que isto é o certo e o único caminho a percorrer me deixa com raiva. Não ter qualquer pessoa que compreenda isso é muito chato. Estou cansada de terapias sem fim, nas quais tenho que fingir que tenho esperança de algo melhorar, inventar planos e significados porque é como deve ser.
Eu estou tão absolutamente exausta que é impossível colocar em palavras. Eu suspiro como se tivesse terminado um circuito de triatlo, mas na verdade é apenas a minha exaustão costumeira. Nos últimos dias essa exaustão tem sido tão grande que tenho medo. Durmo com medo de não conseguir levantar. Se eu não levantar e não trabalhar, não poderei comprar remédios. Sem remédios tudo se torna ainda mais insuportável e confuso.
Eu tenho mil mentes dentro da minha cabeça falando ao mesmo tempo sobre tudo que for possível durante todos os segundos que permaneço acordada. Talvez por isso eu goste tanto de dormir.
Por muitos anos o excesso de sono foi um grande problema. E ainda é. Estou sempre cambaleando de sono. Não há Venvanse ou modafinil que me façam ficar acordada. Sou capaz de cair num sono profundo após tomar uma dose cavalar de qualquer um desses medicamentos e muitos outros. O único momento que não consigo dormir é o momento que preciso. Então a insônia aparece. Ela tem sido uma das péssima novidades que a pandemia trouxe. Sempre tive inveja dos que tinham insônia e imaginava o quanto eu poderia fazer se não estivesse sempre dormindo. Pura ilusão...o tempo que a insônia oferece é completamente inútil. A cabeça não funciona.
E esse é outro ponto. Não sei descrever de um jeito melhor do que "minha cabeça não funciona " . Ela simplesmente não funciona. Está tudo nublado. O raciocínio nunca foi um problema pra mim... mesmo com os muitos anos que já convivo com a depressão (quase 26 anos dos meus 33), parece que minha mente chegou ao limite. Nada entra. Não importa quantas horas alguém me explique algo.
Tenho medo de mim. Esqueço coisas enquanto ainda estou fazendo. Sou capaz de preparar a janta duas vezes porque esqueci que acabei de fazer. Esqueço com frequência coisas no fogo e com mais frequência ainda esqueço o que estou fazendo enquanto ainda estou fazendo. Me sinto abobada.
Uma pena... minha inteligência tinha sido um dos poucos trunfos pra enfrentar a vida.
Mas o ponto mais importante é: eu estou absolutamente exausta. Eu
Me sinto tão tão tão exausta que nem sei como dizer. É uma exaustão sem fim. E meu corpo dói. Dói cada segundo do dia. Sem descanso. Minha pele se arrepia de tocar... de pura dor. Os exames nunca detectam nada. No fim eu sou apenas preguiçosa e fresca.
Eu ainda nao consigo entender por que... por que eu tenho que fazer isso sem a menor vontade.
As vezes acham que estou querendo uma desculpa pra deixar de trabalhar. Não é completamente mentira. Eu estou exausta. Eu não aguento mais. Isso não tem a ver com o trabalho. Mas é aterrorizante acordar todos os dias e tentar me arrastar até la com a pouquíssima energia disponível. E eu só posso escolher um único lugar para gastar ela. Se eu trabalho, eu só trabalho e não sobra pra mais nada. Se eu estudo, eu só estudo. Se eu vou a academia, então essa é a única coisa que conseguirei fazer nesse dia. A dor se multiplica, o cansaço se torna esmagador e minha cabeça não consegue absorver mais nada. Eu me torno inútil.
Todos os dias eu preciso escolher com o que irei gastar a pouca energia que me resta. Todos os dias eu preciso escolher trabalhar, pq afinal, preciso dos meus remédios pra tornar as coisas um pouquinho menos insuportáveis.
Mas então eu paro e penso: para quem estou fazendo isso? Pq estou fazendo isso? Eu realmente não quero fazer isso. E não estou falando de trabalhar ou estudar. Eu realmente não tenho vontade de fazer nada.
Quando eu abro os olhos de manhã, é como se o peso do mundo caísse sobre mim. Eu me sinto esmagada e triste. É que cada manhã eu me lembro que existo. Me dar conta disso dia após após dia afunda meu coração. Meu único momento de paz é quando estou dormindo (e nos dias que os pesadelos resolvem não me atormentar).
Essa forma de existir tem se tornado cada dia mais insustentável. Eu estou insustentavelmente exausta, zerada, esgotada.
Não, eu não quero sair com os amigos. Eu não quero ir pra balada ou pra praia. Eu não quero aprender algo novo. Porque apenas uma coisa é verdade: tudo que eu tento querer é apenas com o objetivo de criar um alvo para me distrair da minha falta de significado constante. Isso não é querer genuinamente.
Como eu poderia explicar? Imagine que vc tem um sonho muito grande... que quer fazer um curso mtu concorrido na faculdade. Então por anos você dá tudo que tem mas falha todas as vezes. Então quando está velho demais para continaur tentando, vc reavalia as opções e escolhe algo que consiga entrar para garantir que tenha uma profissão mesmo que não seja oq vc quer. Meus desejos são assim, vazios de significado. São a opção menos pior. São "o que tá tendo". É o que preciso me conformar. A diferença é que eu não tenho o grande sonho que citei o exemplo. Eu tenho apenas as opções vazias pra perseguir.
Eu me sinto assim. Quando alguém irá acreditar que eu realmente me sinto assim. Que eu realmente nao quero estar aqui. Que eu realmente nao quero existir. Que isto é uma tortura.
Eu me sinto no limite. Parece que a qualquer momento eu vou desligar. Quem me dera. Eu sei que nao vou. E isso é o mais cruel da vida.
Eu me sinto correndo atras com todas as poucas forças que me restam de algo que eu nem quero.
É tao cansativo.
Todas as coisas que me dizem, os conselhos e os tratamentos, tudo se baseia na ideia de que vc quer viver melhor. As pessoas realmente nao entendem que pode existir alguem que nao queira viver. Eu só quero descansar de verdade. Eu preciso descansar de verdade.
Estou exausta de perseguir algo que nao quero, e exausta de sentir dor. E exausta da minha mente que nao para 1 segundo. Eu gostaria de poder arramca la.
Isso é tão tão cansativo.
É tão cansativo que eu tenho medo que nao tenha fim.
Qualquer um pode pensar que m*rte é uma certeza mas eu ja nao tenho tanta certeza. Eu tenho tanto medo de nao ser o fim. Tanto medo disso continuar. Nao parece que vai acabar um dia.
Eu tenho tanto medo de acordar de manhã. Eu nao aguento mais. Eu nao tenho mais energia pra isso. Eu nao quero lutar contra isso. Eu nao quero. Eu estou cansada. Eu só quero descansar. Eu preciso descansar. Eu preciso desesperadamente descansar. Eu preciso mesmo... eu preciso muito. Eu sinto que vou explodir mas eu não vou. Então eu continuarei sentindo que estou explodindo sem no entanto explodir. E eu acabo me sentindo sufocada.
Eu sinto que meu rosto está cansado. Eu me sinto exausta todo o tempo. Me arrastando pra la e pra ca.
A minha existência para mim é uma tortura. E ninguém pode me dizer o que eu fiz e por quais motivos estou sendo torturada. No fim, eu só consigo acreditar que nada tenha um sentido. E que não ha significado maior em nada. Porque se houvesse... eu poderia ter uma resposta, não é?
Eu não vou me contentar com as respostas bobas que me dão. Eu não preciso de respostas, eu preciso descansar. Me deixem descansar. Ninguém me ama a ponto de ver meu desespero e desejar que isso acabe. Eu só tenho que continuar não importa o quão esmagador seja. Eu só tenho que pisar em tudo que sou e continuar fingindo que estou bem porque estar aqui é o correto e é a única coisa certa a ser feita. Por quê?
Eu estou tão cansada se existir.
Sabe o que me dói mais?
Se houver vida após a m"rte então eu continuarei tendo questões e desesperos. As mil vozes da minha cabeça, ninguém pode garantir que se calem.
Porém se não existir nada... então no momento que eu finalmente puder descansar, nesse exato momento, eu já não saberei mais o que acontece. Ou seja, eu nunca vou alcançar a paz que eu desejo. Por quê a partir do momento que eu a alcançar, já nao existirei para desfrutar dela.
Isso me deixa profundamente triste.

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