Apatia repentina e domingos
Domingo é o dia mais depressivo de todos, talvez pelo dia seguinte ser a segunda-feira. Normalmente sinto uma grande apatia aos domingos, mas hoje não é domingo, tudo bem é tecnicamente domingo, mas ainda não dormi, então é sábado. Eu estava bem hoje, talvez até um pouco elétrica, mas aí... Não sei se é sono, cansaço, estresse, tudo é estresse ultimamente, o mundo faz dessas coisas. Eu queria mudar o mundo, pra melhor, mas o globo terrestre é muito grande em comparação a minha estatura; Fernando Pessoa que me perdoe, mas se não sou do tamanho de minha altura, sinto-me menor. Já recebi recomendações para procurar ajuda profissional, a isso de nada importa que se preocupem, apenas me mostrem uma possibilidade. De que é essa apatia repentina? Bipolaridade? Depressão? Síndrome de Asperger? Borderline? Apenas uma confirmação de que não estou louca em desconfiar desses problemas, não que isso realmente vá adiantar de algo, mas pelo menos agora não me importo de que não adiante, a diante não parece haver nada mesmo. Às vezes é de vontade de minha parte dar um fim nisso. Se vocês tivessem poder o suficiente sobre o mundo, não o acabariam se vez? Eu o faria jamais ter existido. Tanto a minha quando a existência do mundo parecem inúteis. O que levou ao átomo existir? Eu nasci quase morta, 1 quilo e 30, com icterícia, depois de um natimorto, o que levou a mim existir? Às vezes sinto um pouco de inveja dele, porque jaz no túmulo, não precisa se preocupar com listas de exercícios nem com eleições nem com um coração, porque já não pertence à carne. Não precisa se preocupar se é inteligente, burro ou louco, nem com a opinião de outras pessoas nem com a vontade de sê-las um pouco, nem se esquece as palavras, se a memória falha, porque memória talvez nunca houve de ter, não precisa se preocupar nem com palavras nem com números, nem com as letras e a matemática, nem com a ciência, seja exata ou humana, nem com a verdade e a mentira, nem com a vida e a morte. Por que as coisas simplesmente existem e nada é tão simples? Por que o mal existe e por que o bem parece sempre recuar? Dizem que a vida é curta, mas o tempo é relativo, como, então, o possível pode existir? Isso é bem chato. Não tenho a pretensão de arrancar respostas daqui. São só questões daquelas sem respostas, das quais são chatas pela inquietude exercida sobre a mente humana. Para que serve esse aplicativo? Me imagino em um consultório e não consigo dizer o que sinto, porque às vezes parece que não sinto. Mas todas as vezes que eu digo que o mundo é uma droga e que a vida também é, superficialmente sinto que é isso mesmo, mas vou dizer de uma vez, não sinto na verdade isso, eu acho. Talvez eu goste tanto da vida, que o tanto de gostar não me cabe, o volume ultrapassa a capacidade e fico como se não sentisse, talvez eu sinta demais. Isso existe? É confuso, perdi meus sonhos, esperanças não sei mais quanto me resta. Detesto a frase: A vida vale a pena. Que pena? A pena da galhofa junto à tinta da melancolia? A pena que escreve ou a que condena? A vida vale a pena ser vivida, pior ainda é essa frase. Talvez eu seja burra demais pra compreender, mas depois da pena que significa o ser vivida? Vale a pena viver mesmo que soframos? Ah... Se pudessem ver a expressão do meu rosto, meus gestos... O pejo da vida é viver. E saber que nenhum de vocês é capaz de me ajudar, quem sabe eu esteja perdendo tempo em escrever, apenas em escrever, aqui e em qualquer outro lugar. Tenho coisas a fazer, mas não tenho vontade, nem energia, tenho muita preguiça. Por que vocês lutam pela vida dos outros? A luta é real? Sinto que estou ficando louca, que já estou. Por que o setembro é amarelo? É uma cor vibrante, é a cor dos loucos. Às vezes o ser humano é detestável e o mundo maltratado. Acho que me perdi nesse texto, mas tudo bem, sou só uma doida procurando sei lá o quê. Loucura. Não há muita linearidade no meu pensamento.