Você está pronto para a terapia de casal ?
Para que a terapia de casal realmente tenha efeito, é preciso que ambos os envolvidos estejam prontos. Do contrário, o recomendado é terapia individual.
Certa vez um casal, com 19 anos de matrimônio, veio consultar-se por acreditar que o casamento estava "por um fio". Embora a filha deles já fizesse acompanhamento com outra profissional, agora os pais é que haviam percebido que precisavam de ajuda para si mesmos.
Tal como acontece com muitos outros casais, eles estavam focados somente em seus três filhos, deixando de explorar melhor os ressentimentos que foram se acumulando ao longo dos anos. Haviam, portanto, chegado a um ponto de crise.
No decorrer do atendimento o marido confessou que estava envolvido com a secretária, levando-o a pensar gradualmente em deixar o casamento. Sentia-se mais "feliz e vivo" quando almoçava com a secretária do que com a esposa. Embora ele tivesse um compromisso com a esposa, ele não queria que os filhos sofressem as consequências de um divórcio. Ele queria tentar resgatar o casamento antes que a relação com a secretária se tornasse mais do que uma amizade. Na verdade a ideia de vir a terapia foi somente dele.
No entanto, o mais importante é esclarecer se ambos os cônjuges tem, na verdade, os mesmos objetivos e querem trabalhar em seu relacionamento. Normalmente a terapia se torna mais efetiva entre os casais que conseguem "discernir" seus objetivos em comum no casamento. É importante que ambos reflitam honestamente sobre seus motivos. Isto pode economizar o tempo do terapeuta o seu dinheiro.
Outro aspecto importante é fazer pelo menos uma sessão com cada um dos cônjuges. Esta sessão pode ser relevante para identificar casos de infidelidade, se já consultou outro profissional ou se pensa ou fantasia frequentemente a vida pós-casamento.
Quando encontrei-me individualmente com o marido, ele confessou que as constantes tentativas de esposa de controlá-lo eram atormentadoras. Ele sentiu como se ela fosse mais parecida com a própria mãe do que como sua esposa, um padrão que frequentemente surge em casamentos de longa duração.
Ela, por sua vez, na sessão individual, me contou que o marido parecia um "adolescente". Ele havia se juntado a um grupo de ciclismo e fez tudo o que podia para ser "popular" no grupo. Passava grande parte de seu tempo livre no Facebook, além de ficar constantemente interagindo com o celular nos momentos de refeição. Quando lembrou-lhe para desligar o telefone e sugeriu passar mais tempo juntos, à noite, ele a acusou de ser "controladora".
As coisas se complicaram quando percebi que o marido não queria estar mais naquele casamento, mas não queria tomar a decisão para evitar a culpa. Ele queria que a esposa tomasse a decisão de sair de casa.
Ao longo de dois meses, a esposa mudou uma série de coisas a pedido do marido. Por outro lado, o marido não queria mudar nada do que a esposa havia pedido. Logo, tornou-se claro que este casal não estava realmente pronto para a terapia, já que o marido mostrava-se resistente em encontrar uma solução.
Recomendei que ele fizesse terapia individual, de modo que pudesse trabalhar seus próprios sentimentos e pensamentos, e que retornassem enquanto casal quando ele decidisse se realmente queria ficar no casamento. Até hoje não sei qual foi a decisão dele.
Por isso, saber o que se quer na terapia de casal é importante - mesmo que seja para confirmar as intenções de divórcio. Quando a terapia termina com um dos cônjuges tendo clareza se quer ou não permanecer no casamento, a "discernimento" de seus objetivos foi bem sucedido.
Foto: por Vladimir Pustovit (Flickr)
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