Vício em comida: uma nova categoria de dependência

Pode parecer estranho que os alimentos, fonte vital para o nosso funcionamento e saúde, sejam considerados um vício, mas sim! Esta categoria de vício e dependência existe!Você sabia que Atualmente o Manual diagnóstico de transtornos mentais (DSM5) já considera o vício em comida como uma nova categoria de dependência que exige tratamento, você sabia?

Entenda melhor o transtorno!

O que é um vício ou dependência?

O conceito de vício pode ser considerado como hábito ou costume persistente de fazer ou consumir algo, levando à dependência e fazendo com que seu consumo seja irresistível. O que difere hábito de vício é que esse sempre oferece riscos, além de tornar-se recorrente e excessivo. Além dos efeitos de abstinência sentidos e manifestados no objeto viciante, nota-se também um sistema cerebral ligado ao prazer e recompensa que propiciam sensação de bem-estar, relaxamento e alívio.

O que é dependência de comida (DC)?

Os alimentos não estão somente ligados a nutrição de nosso corpo. Hoje, estudos tanto com animais como humanos atestam que os alimentos estão diretamente ligados ao sistema de prazer cerebral e comportamental. Os estudos indicam que nestes casos o sistema de recompensa pode estar desregulado estando diretamente ligados com quadros de obesidade e compulsão e possuem o mesmo sistema de recompensa e prazer que ocorre com dependentes químicos e outros vícios.

Qualquer alimento causa dependência?

As hipóteses científicas demonstram que alguns alimentos ou ingredientes adicionados podem provocar processos aditivos (compulsão e obsessão) em pessoas suscetíveis, como alimentos processados com alto índice de gordura ou açúcares. Como consequência, existe um prejuízo no controle de consumo destes tipos de alimentos frequentemente notado em qualquer vício ou dependência.

Critérios Diagnósticos para estabelecer o quadro de vício em alimentos (DC)

1) Manter padrão problemático com consumo de alimentos no período de pelo menos 12 meses que causem sofrimento e impactos significativos;

2) Fissura ou forte desejo em consumir alimentos específicos;

3) Consumir alimentos em excesso mesmo que existam prejuízos persistentes ou recorrentes nos aspectos sociais ou interpessoais;

4) Recorrente consumo de alimentos mesmo que resultem no fracasso de execução nos papéis exercidos em casa, no trabalho ou escola;

5) Importantes atividades sociais ou de lazer são abandonadas em função do consumo excessivo de alimentos;

6) O consumo excessivo de alimentos continua ocorrendo mesmo que exista consciência de problemas físicos ou psicológicos atribuídos ao alto consumo.

Quais são as principais características estatísticas daqueles que sofrem deste tipo de dependência?

Alguns fatores são comuns nas pessoas que sofrem com este tipo de dependência. Podemos citar como principais:

- sobrepeso ou obesidade;

- mais frequente em pacientes diagnosticados com transtornos alimentares;

- mais frequente em mulheres;

- mais frequente em pessoas cuja idade é superior a 35 anos.

Tratamento: como tratar este tipo de dependência?

Qualquer quadro de dependência, por considerarmos aspectos psicossomáticos torna necessário acompanhamento multiprofissional: requer acompanhamento psicológico para tratar das questões emocionais que levaram e impulsionam o vício, psiquiátrico (para administração de medicamentos que auxiliem no controle de impulsos) e neste caso, se faz necessário também, acompanhamento nutricional com profissional da área.

Referências Bibliográficas:

DSM 5 - Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais; American Psychiatric Association

Manual de psiquiatria - MARQUES FIDALGO, T.; XAVIER DA SILVEIRA, D.

Texto informativo do Ambulatório PRO-AMITI - Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ)

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