Transtornos obsessivos e compulsivos geram sofrimento?

Os transtornos obsessivos compulsivos - TOC, geram sofrimento para o paciente e para a sua família. O processo terapêutico promove a superação desta dificuldade.

5 AGO 2020 · Leitura: min.
Transtornos obsessivos e compulsivos geram sofrimento?

Os livros de história, romances, literatura, os filmes que assistimos na TV e no cinema há anos, descrevem situações onde estão presentes monstros, fantasmas e bruxas. Desenhos animados despertam contextos ligados a super-heróis e histórias de assombração. Crianças têm medo de monstros que ficam dentro do armário ou embaixo da cama. Fomos acostumados a ver nossos personagens favoritos atravessar paredes sem resistência, cair sem se machucar, ou andar sobre as águas, dando ao personagem e ao mundo a possibilidade de fazer coisas irreais.

É comum, em enredos que envolvem o mar, aparecer tempestades e monstros marinhos. Podemos afirmar que desde criança aprendemos a conviver com fantasmas, sacis, sereias, extraterrestres, vampiros, peixes voadores, bicho papão e tantos outros personagens que fazem parte deste imaginário infantil. É dentro de contextos desde tipo que desenvolvemos alguns tipos de medos, angústias, obsessões, compulsões, ansiedade e inseguranças.

Muitos desses fatores, tais como, conflitos familiares, problemas conjugais, problemas socioeconômicos, práticas educativas coercitivas e punitivas, problemas no desempenho escolar, violência, exclusão social, familiares com comportamentos obsessivos-compulsivos, entre outros, são elementos de risco presentes na construção dos transtornos de ansiedade desde a infância.

Podemos imaginar o sofrimento de pessoas que têm algum tipo de fobia, pânico ou transtornos de ansiedade, bem como, antecipar o sofrimento dessas pessoas quando não têm conhecimento do que está ocorrendo. No momento atual, de pandemia, verificamos um aumento de comportamentos obsessivos/compulsivos, assim como de casos de depressão.

Com esse texto quero esclarecer algumas coisas que vão ajudar a diminuir esse sofrimento.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5):

"O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões. Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos e indesejados, enquanto compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente."

Embora as obsessões e compulsões sejam vividas de forma muito individual, existem sintomas muito comuns no TOC, por exemplo: rituais repetitivos, que podem muitas vezes ocupar grande parte do dia trazendo consequências negativas para a vida pessoal, preocupação excessiva com limpeza e higiene pessoal, acumulação, compulsões de repetição, organização e contagem e transtorno de tricotilomania, que é o transtorno de arrancar o cabelo.

A Hipocondria, que é a preocupação constante com a possibilidade de ter ou vir a ter uma doença grave, faz com que muitas pessoas tenham uma busca obsessiva por informações e por consultas médicas para diagnosticar os sintomas que têm, e também a levam a não ter confiança nos resultados de exames ou nos pareceres médicos, deixando a pessoa em ansiedade crônica ou angústia por causa do seu estado de saúde.

O transtorno de acumulação, de acordo com o DMS5 é "caracterizado pela dificuldade persistente de descartar ou se desfazer de pertences, independentemente de seu valor real, em consequência de uma forte percepção da necessidade de conservá-los e do sofrimento associado ao seu descarte".

Transtornos de obsessão e compulsão, conhecidos como TOC são um problema psicológico que diz respeito a uma personalidade e à construção desta personalidade. Embora a pessoa possa experimentar não prestar atenção aos seus pensamentos, tentando por exemplo desviar a atenção para não repetir alguns comportamentos ou tentar se envolver com outras coisas, ela não consegue. Mesmo prometendo para si mesma mudar certos rituais, não acumular, relaxar na arrumação de um armário ou gaveta, é difícil não seguir a ordem proposta anteriormente. Assim também, por mais que deseje acreditar no laudo de exames e nos diagnósticos e tratamentos oferecidos pela ciência a pessoa que sofre com a hipocondria não confia em tais resultados.

O que identificamos em comum em obsessões e compulsões, como as descritas anteriormente, é o fato do Eu ou a Personalidade estar sempre em ameaça e na impotência causando ansiedade. O mundo é um só mas se organiza de maneira diferente para as pessoas. A organização do mundo é uma para quem tem medo de elevador, lugares fechados e outra para quem não tem.

Para compreender como ocorrem esses fenômenos psicológicos, precisamos de um trabalho psicoterapêutico científico, onde é possível descrever o sujeito em situação inserido num contexto sociológico e antropológico, e verificar o movimento concreto desse sujeito. Um ponto é o que a pessoa antecipa que vai lhe ocorrer se não seguir os rituais pré-estabelecidos. Outra questão importante é a relação de identidade da situação atual com a do passado, temos que identificar esse fenômeno psicológico e encontrar a situação material de ameaça para localizar o que está ocorrendo. Também fundamental é demarcar a gênese dos transtornos.

Sabemos que uma experiência emocional marcante tem a possibilidade de afetar uma pessoa gerando nela a certeza de estar destinada a reviver indefinidamente essa experiência face aos elementos que por relação de identidade ativam essa certeza ou esse saber de ser. A psicoterapia vai levar o paciente a mudar esse saber de ser na situação e mudar a forma de relação com os objetos da obsessão-compulsão.

Comportamentos obsessivos e compulsivos tendem a agravar-se quando não devidamente tratados ou diante de situações estressantes. No cenário atual de pandemia, onde muitas pessoas se encontram em sofrimento psicológico, a busca pela compreensão do problema e a intervenção precoce são imperativos para a recuperação emocional e a consequente regularidade emocional do indivíduo.

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Escrito por

Claudia Holetz

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