Suicídio: tentativa de por ponto final a uma dor psíquica

A experiência de trabalho numa instituição de saúde em uma cidade no norte da Bahia levantou fortes interesses sobre a referida temática. Os dados estatísticos levantados ao longo de vivência prática nos leva a pensar de forma mais profunda o que tem por trás dos eventos suicidas que tanto faz parte do cotidiano daquelas pessoas.

Não se pretende aqui fazer um estudo de um caso clínico, nem tão pouco, elaborar uma equação explicativa para o ato. O objetivo desse texto é chamar atenção para o assunto em todas as esferas de grupos sociais. Essa dissertação tem como referencial teórico a psicanálise, tendo em vista que esta oferece um vasto material sobre o tema em questão. Desse modo iniciaremos tentando responder o que seria o trauma e se este estaria relacionado ao sofrimento psíquico e ao suicídio.

A partir das leituras de Freud percebe-se que em seus textos já nos anos de 1892 e 1895 o trauma era tema de seus estudos. Nesse primeiro momento, o mesmo defende que"transforma-se em trauma psíquico, toda a impressão que o sistema nervoso tem dificuldades em abolir por meio de pensamentos associativos ou de reação motora".

A partir do aprofundando nessa discussão podemos sugerir que o trauma seria uma forma particular de vivenciar uma experiência desconfortante para o sujeito que resultaria num excesso acarretando sofrimento.

Essa ação do traumático acarreta uma situação de dor. Na maioria das vezes o indivíduo tem a dificuldades de nomear o que se encontra nesse terreno angustiante e vazio de significados. Assim, essa situação enigmática acaba potencializando cada vez mais o padecimento psíquico.

O suicídio pode entrar nessa relação como via de finalização desse sofrimento. Logo, o sujeito pode buscar no ato de acabar com a própria vida, uma maneira de por fim ao excesso proveniente de traumas vividos.

Nessa perspectiva a psicanálise, objetivando a interdição de situações extremas, entra como uma forma de tratamento acolhendo esses sintomas até então sem fala, sem sentido. Em outras palavras, o espaço de análise possibilita ao indivíduo simbolizar seus anseios e sofrimentos permitindo dessa forma, novos modos de lidar com o que lhe fere internamente.

Foto: por lauren rushing (Flickr)

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