Será que é dependência química?

Muitas pessoas tem dúvidas quanto a ter claro quando o uso de qualquer substância química se tornou ou não uma doença, por isso abordei essa questão, espero que ajude!

21 OUT 2014 · Leitura: min.
Será que é dependência química?

De repente, alguém começa a perceber que passou um pouco dos limites na bebida alcoólica, mas pensa “é normal de vez quando". O problema é quando esse pensamento começa a ser mais corriqueiro porque a atitude começa a ser mais corriqueira. O mesmo se dá com o uso de outras substâncias psicoativas, como a maconha, cocaína, cigarro e etc.

E então, quando é que podemos desconfiar de que aquele comportamento de uso de alguma droga, lícita ou ilícita, está abusivo e pode ser classificado como dependência química? A resposta não é simples, mas pode começar a ser pensada nos prejuízos causados para si e para outras pessoas nesses momentos.

Os prejuízos começam gradativamente a afetar as diversas áreas da vida da pessoa:

  • familiar: o indivíduo começa ficar mais agressivo e intolerante com os familiares, as mentiras passam a fazer parte das relações de maneira mais intensa, até para poder esconder o uso e evitar aborrecimentos
  • financeiro: os cálculos matemáticos com o dinheiro passam a ser em quanto conseguirá consumir com aquele valor, as contas começam a deixar de ser pagas para poder comprar a substância, roubos dentro de casa também são comportamentos que passam a surgir
  • social: as amizades começam a se modificar para os companheiros de uso, deixando de lado aqueles que há tempos fazem parte do seu ciclo, em alguns casos, parte-se para o isolamento
  • profissional: faltas no trabalho, desleixo, falta de compromisso, mentiras, atrasos e inclusive, demissões
  • saúde física: inchaço por todo o corpo, pressão alta, taquicardia, impotência sexual, tremedeira, perca da memória, hepatite, etc.
  • sintomas de abstinência: fortes sensações físicas e psicológicas da falta da droga, dores de barriga e de cabeça, tremedeira, pensamentos obsessivos e incontroláveis do desejo de consumir, irritação, insônia, sudorese, etc.

Lendo isso, percebe que você ou alguém que conhece está apresentando essas características (falta de controle e prejuízos)? O que fazer? Antes de qualquer coisa, a pessoa precisa reconhecer o problema e buscar por ajuda para resolvê-lo. Há várias linhas de ajuda. Na religiosa existem os grupos de apoio: AA – Alcoólicos Anônimos, NA – Narcóticos Anônimos, para a pessoa que está abusando do uso da substância e Amor Exigente, Nar-anon e Al-anon para os familiares que querem um recurso de informação e suporte.

Atualmente, muito tem se fortalecido na área da psicologia e psiquiatria. Pessoas renomadas fazem pesquisas e contribuem para um tratamento mais específico e científico, em que a combinação de medicação com terapia tem apresentado excelentes resultados. Em alguns casos, a necessidade é de uma internação, e então, há clínicas que os tratamentos abordam as duas linhas ou uma delas.

A dependência química abrange o alcoolismo e é definida pelo CID-10 (Classificação Internacional das Doenças), como uma doença em que o indivíduo apresenta quadros de intoxicação, uso nocivo e síndrome de abstinência.

É uma doença que se instaura gradativamente. Percebê-la e reconhecê-la passa primeiramente pelo crivo da negação da pessoa afetada ou dos familiares, eu não tenho nada, controlo e paro quando eu quiser", “meu filho é uma boa pessoa, logo essa fase passa, é que perdeu a namorada", seguida da vergonha porque esses pensamentos começam a não condizer com a realidade. O medo paralisa e a acomodação com a situação permite que a doença avance.

Os familiares não percebem, mas adoecem junto. Pagam contas que não tem fim, mentem também para esconder o problema, deixam de se sentir livres, pois precisa saber onde o filho/marido/irmão (etc.) está, se isolam para não passar vexames nas festas e assim vivem às vezes por anos, até se darem conta do que acontece ao redor, normalmente quando a situação já está caótica e insustentável.

Render-se ao problema é a fase mais difícil, porém, fundamental, pois só assim qualquer auxílio poderá ter sucesso. Buscar por ajuda ainda negando o problema, faz com que se perpetue a doença de modo velado. Mesmo sabendo que não é aconselhável ingerir bebida alcoólica, os familiares que negam ainda incentivam em festas familiares para não parecer diferente dos outros, ou dão dinheiro sabendo dos riscos, mas acreditam que será diferente a partir de agora, até que se deparam com uma recaída e as preocupações começam tudo de novo. Esse caminho decorre das duas partes: o portador da dependência química e seus familiares.

Compreender que é uma doença como outra qualquer que não tem cura, mas é tratável, auxilia a todos a conviverem bem, com qualidade de vida, tomando os devidos cuidados e levando a sério o tratamento. A questão é decidir quem é que manda e direciona a sua vida: você ou a dependência química?

Foto: por svaboda (Flickr)

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Escrito por

Juliana C. Zeborde Pinheiro

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