Respiração e autoconhecimento

Há milênios os conhecimentos antigos da Yoga e os Pranayamas revelam que os exercícios respiratórios trazem inúmeros benefícios para a mente e corpo.

5 JUL 2016 · Leitura: min.
Respiração e autoconhecimento

Esse texto faz uma aproximação das práticas respiratórias antigas e atuais, voltadas para o autoconhecimento. Mostra que existe uma relação direta entre a respiração e estados místicos e experiências profundas de conexão com o aspecto sagrado da existência.

Historicamente, as práticas respiratórias são extremamente antigas, e remetem ao inicio da raça humana. A filosofia oriental do Ioga e seus textos específicos sobre os benefícios que os exercícios de respiração (pranayamas) têm mais de cinco mil anos.

Este conhecimento que é extremamente preciso e atual, mesmo para os dias de hoje. Sob essa perspectiva, praticamente nada mudou. Somos o mesmo Homem hoje, em comparação ao que existiu há cinco mil anos atrás.

Minha formação consiste em informações a respeito do mapa da consciência humana. Estas informações são resultado de milhares de pesquisas clínicas com estados modificados de consciência, realizados a partir dos anos 1940 na antiga Tchecoslováquia e nos EUA, nos anos 1950 e 1960, até os dias atuais, por um psiquiatra chamado Stanislav Grof.

A partir de suas pesquisas, foi possível mapear um campo vasto de experiências, as quais seguem padrões específicos, e têm relação direta com experiências místicas, meditativas e de cunho espiritual. Exatamente aquelas que também ocorrem em experiências meditativas, e através de substâncias psicoativas.

Como se pode perceber, estamos lidando com um assunto bem importante, que é a espiritualidade e experiências do sagrado. Sendo a respiração uma via direta a esse campo sagrado. Quando expandimos a noção de experiências humanas para além do domínio individual e do inconsciente coletivo, mudamos o referencial da Psicologia Psicanalítica de Sigmund Freud, e vamos na direção do Inconsciente Coletivo, conforme a teoria de Carl Jung, e além. Nos aproximamos das filosofias orientais e das visões espirituais das religiões do mundo inteiro.

A noção de patologia ou doença mental muda radicalmente. Um surto psicótico pode ser compreendido a partir de referências mais expandidas do que aquelas utilizadas pela Psiquiatria e Psicologias tradicionais.

Os sonhos podem ser lidos e interpretados como mensagens do inconsciente coletivo, que está ligado a uma fonte que transcende o indivíduo, da mesma forma que um computador está conectado à rede da internet.

Os mecanismos de cura de muitos tipos de sofrimento passa pela capacidade de experimentar experiências de expansão da consciência, o que promove automaticamente, uma expansão dos conceitos de quem é o indivíduo. Dessa maneira, os sofrimentos psíquicos como a depressão ou síndrome do pânico estão inseridos num mapa da consciência coeso e organizado, que leva o indivíduo à evolução consciencial. A saúde e a doença são apenas polaridades de uma totalidade, que é a consciência humana.

Minha função de terapeuta da respiração e psicoterapeuta, é oferecer apoio às pessoas durante suas experiências, enquanto elas respiram de modo consciente. Este mecanismo é capaz de induzir a pessoa um estado de expansão de consciência. O processo é realizado num contexto preparado para acolher todas as experiências que ocorrem dentro dele, sem julgamentos, e com a proteção necessária para a transformação e a evolução da consciência.

Durante o processo de respiração consciente, as tensões corporais são ativadas na mesma medida que as tensões emocionais, e a função do respirante é estar atento ao que ocorre consigo e permitir que esse mecanismo seja realizado.

A partir do início da sessão, a presença do terapeuta é de grande utilidade, pois ele pode apoiar, encorajar e até mesmo intervir durante o caminho percorrido pelo respirante em sua jornada de autoconhecimento. O terapeuta é um observador externo do processo que o respirante está atravessando.

Uma característica fundamental do terapeuta da respiração é a plena confiança no mecanismo de evolução que a respiração é capaz de oferecer. Ele próprio teve um treinamento teórico e vivencial que o ensinou como ser conduzido dentro desses estados ampliados de consciência. Dessa maneira, ele também é capaz de acompanhar outras pessoas neste mesmo caminho da evolução da consciência.

Um observador externo de uma sessão de respiração pode observar uma pessoa deitada, com os olhos fechados, respirando de um modo mais intenso e profundo do que o habitual. Com o passar dos minutos, o respirante pode expressar várias emoções, tais como riso e choro, alegria e tristeza, sem nenhum motivo externo aparente.

Após o término da sessão somos capazes de ouvir o relato verbal do indivíduo, que poderá descrever toda a riqueza de sensações físicas, imagens visuais, sentimentos, memórias e fantasias que atravessaram a sua consciência durante todo o tempo decorrido da respiração.

Este fluxo de experiências que foram trazidos à consciência são extremamente curativos e transformadores, quando são vividos neste contexto específico de autoconhecimento, que tem como princípios o acolhimento incondicional e o não-julgamento das experiências do respirante.

O sentimento final de uma pessoa que passou por todo o processo de respiração é de leveza, física e mental, bem-estar emocional, um senso de conexão com a realidade e as outras pessoas. Esses resultados costumam ser permanentes, devido aos mecanismos de transformação e cura da consciência, envolvidos nesse processo.

Concluindo, é importante ressaltar que não se resume a técnicas de respiração, mas um método que considera o modo de ser específico de cada pessoa, e aplica-se uma série de intervenções com a intenção de ativar os mecanismos intrínsecos de cura que agem no encontro cuidadoso entre o respirante e o terapeuta.


Foto: por Rodrigo Benavides (Flickr)

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Escrito por

Antonio Vaszken

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