Regressão de memória no contexto terapêutico

A regressão de memória faz parte dos fenômenos hipnóticos. Muitas pessoas confundem hipnose com regressão. A hipnose é um estado especial de atenção onde a mente fica mais focada. Já a regressão é um fenômeno que ocorre durante o transe hipnótico que permite o acesso a memórias inconscientes. A regressão ser direcionada através de técnicas ou pode ocorrer espontaneamente durante o estado hipnótico.

Para a psiquiatra Sofia Bauer, existem vários níveis de regressão de idade. O paciente pode desenvolver regressão com algum grau de consciência estando em um transe de leve para médio. No caso da regressão de idade profunda, com revivescência das cenas e com voz infantilizada, é necessário um transe mais profundo. A regressão também pode ocorrer em transe leve como nas técnicas de Linhas Temporais usados pela Programação Neurolinguística.

A técnica de regressão de memória traz muitas vantagens por possibilitar obter informações do Inconsciente, dar informações e sugestões ao Inconsciente, permite a liberação do afeto (sentimentos e emoções) do Inconsciente, facilitar o acesso aos recursos dos paciente, acessar a causa primária do problema (origem), trabalhar com o arquétipo da criança interior e com a limpeza de memórias negativas.

Para o psicólogo americano Stephen Paul Adler, a técnica de regressão de memória permite conduzir o cliente de volta no tempo para alguma experiência com intuito de revivê-la (revivificação). Na revivificação, o cliente fica imerso na experiência, revivendo-a exatamente como ela aconteceu, ou conforme a lembrança do momento em que ocorreu. "A regressão de idade nos dá a oportunidade de viajar de volta no tempo para recuperar memórias esquecidas, ou para 'retrabalhar' antigas memórias no intuito de chegar a novas conclusões".

Muitos perguntam até que idade se pode chegar até através da técnica de regressão. A maioria das técnicas chegam até a vida intrauterina. Segundo Luiz Carlos Crozera, autor da técnica de Hipnose Condicionativa, é possível se chegar até o momento da concepção. Para o psiquiatra americano Brian Weiss é possível se chegar até vidas passadas. Muitos discordam dessa posição, como o psicólogo cognitivo comportamental E. Thomas Dowd, que afirma que a maioria dessas experiências de vidas passadas estão associadas a falsas memórias que ocorrem durante a regressão.

Segundo o neurologista Marlus Vinícius Costa Ferreira "a veracidade total dos dados obtidos pela regressão idade é ainda discutível, podendo representar realmente dados originais de estímulos passados; dados que representam a resultante de estímulos registrados anteriormente; dados que representam respostas às sugestões formuladas pelo hipnólogo no momento presente; ou uma mistura de todas as possibilidades".

Para a psiquiatra Sofia Bauer é importante respeitar o que vem do cliente durante a regressão. Como o inconsciente é simbólico o que vier pode ser considerado a realidade psíquica do paciente e é possível utilizar para o benefício dele.

Vale lembrar que o Conselho Federal de Psicologia não permite o uso de técnicas de regressão a vidas passadas, pois esse conceito está associado a dogmas religiosos que afirmam a existência de outras vidas e da reencarnação, conceitos utilizados pela doutrina espírita e pelas religiões orientais.

É importante esclarecer que a regressão de memória é uma técnica que deve ser usada dentro de um contexto terapêutico e com objetivo específico de tratar dificuldades que o paciente traz, por isso não é aconselhável se submeter a uma sessão de regressão por mera curiosidade como algumas pessoas procuram. Profissionais sérios não realizam sessões de regressão por mera curiosidade do paciente.

Antes de procurar um profissional para se submeter a um tratamento em que a regressão de memória é utilizada, procure se informar a respeito da formação do profissional. Segundo a legislação brasileira apenas os profissionais filiados aos Conselhos de Medicina, Psicologia, Odontologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional são autorizados a utilizar técnicas hipnóticas de forma clínica.

Foto: por malavoda (Flickr)

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