Quais as consequências do bullying na vida adulta?
Sabe aquelas brincadeiras sem graça da infância e da adolescência, de perseguir e acossar? Não se engane, isso é bullying, e pode deixar marcas profundas na vida da pessoa. Saiba mais:
Já se foi o tempo em que as tal brincadeiras de mal gosto durante a infância e adolescência eram vistas como normais, e até mesmo consideradas saudáveis para o desenvolvimento da autodefesa. Esse comportamento tem um nome: bullying.
O bullying é caracterizado por qualquer tipo de violência física ou psicológica, sendo frequentemente praticado entre crianças e adolescentes em seus grupos de convivência, principalmente no âmbito escolar. Como qualquer tipo de violência, deixa sua marca na vida da pessoa que está obrigada a lidar com ela.
Quais os impactos que a prática do bullying pode acarretar na vida adulta?
Períodos de desenvolvimento x estrutura psicológica
Muitos pais e educadores se preocupam em proteger as crianças e adolescentes de qualquer tipo de violência que possa ser praticada por adultos, mas afinal, por que a violência praticada por outra criança ou adolescente causaria menos danos?
Tanto o período da infância como o da adolescência são considerados etapas de desenvolvimento físico e psicológico. O resguardo e cuidados são absolutamente necessários nestes períodos, especialmente quando existe exposição a violência ou traumas, pois podem contribuir para inúmeros prejuízos na estrutura psíquica da vítima.
Em menor ou maior grau, a violência sempre deixará marcas, portanto, a prevenção e amparo devem ser praticados com devida seriedade, sem menosprezar o sofrimento experimentado pelo outro.
Dentre os prejuízos e efeitos mais comuns decorrentes da exposição de bullying na infância ou adolescência que permanecem na vida adulta, podemos mencionar:
- Baixa autoestima: vinculada tanto à sua aparência física quanto à personalidade. A vítima de bullying tem extrema dificuldade em se reconhecer como alguém empoderado em relação ao seu passado. A baixa autoestima dificulta a autovalorização, estimula dúvidas sobre sua capacidade. É um componente essencial em suas relações profissionais, sociais ou afetivas.
- Insegurança: atrelada à baixa autoestima, a insegurança costuma estar presente em diversos aspectos da vida e das relações, especialmente no que se refere à dificuldade na tomada de decisões e ao alto grau de tensão quando avaliado em grupo.
- Agressividade: de maneira inconsciente, o temor por sofrer violência é tão presente que, mesmo na presença de situações consideradas neutras, a pessoa se mantem em postura defendida e agressiva, desejando transparecer uma personalidade imponente como mecanismo de defesa.
- Dificuldades nas relações interpessoais e afetivas:carregando o fardo da rejeição, são experimentadas inúmeras dificuldades em suas relações interpessoais e afetivas. Dois aspectos chaves podem ser a falta de habilidade na comunicação, frequentemente confundida com uma personalidade tímida, e ainda o temor à rejeição, exclusão ou abandono, que faz com que a vítima de bullying se posicione de maneira submissa ou inferior em suas relações, apresentando inúmeras dificuldades de se posicionar com questões pessoais e de limites, ou romper vínculos quando necessário ou desejado.
Além destes aspectos psíquicos e comportamentais, quando tais questões não são trabalhadas, aumentam-se a chances do desenvolvimento de depressão, transtornos de ansiedade e transtornos alimentares.
Também há o risco de dependência por álcool e drogas. As drogas lícitas ou ilícitas se tornam atraentes para desinibição e possuem para muitos o efeito anestésico de memórias dolorosas e insatisfação pessoal.
É possível trabalhar as marcas deixadas pelo bullying na psicoterapia mesmo depois de muito tempo?
Sim! A psicoterapia é um processo de autoconhecimento e fortalecimento emocional. Constantemente, a pessoa sequer atribui suas dificuldades ou mal-estar a situações vividas no passado, mas, inconscientemente, na presença de situações que a remetam à possibilidade de violência, suas memórias emocionais são resgatadas como se ainda ocupasse a posição de uma criança ou adolescente que carecia do poder de decisões, julgamento ou defesa.
Neste sentido, a psicoterapia é fundamental para que tais memórias sejam ressignificadas, contribuindo para que tais marcas do passado sejam permanentemente excluídas de seu presente e futuro.
O outro lado da moeda!
Não só as vítimas, mas também os praticantes de bullying não estão livres do mal-estar em relação ao seu passado. Os agressores tendem a manifestar tais comportamentos na tentativa de defesa ou destaque nos grupos que está inserido, durante seu período de desenvolvimento; tais memórias, conflitando com seus valores atuais, podem despertar, além dos aspectos mencionados anteriormente, um profundo sentimento de culpa e desejo de reparação. Para eles, a terapia também é importantíssima!
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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Esse é o melhor post sobre bullying E as reflexões que ele trás na vida adulta que eu já li, tão completo é tão rico de informações. Parabéns ao criador.
Quando eu era adolescente sofri bullying até mesmo hoje em dia ouso uma piadinha aqui outra ali, isso trouxe consequências para minha vida adulta. Hoje tenho 24 anos e sou travada parei no tempo, sou insegura, não consigo fazer amizades, tenho palavras agressivas derrepente, sofro de baixo autoestima, não consigo me desenvolver em sentido nenhum. Oro a Deus que me de ânimo todos os dias, o bullying fez acabou comigo, hoje só de lembrar me sinto um lixo. Não sou mãe ainda mas quando for vou ensinar a amar ao próximo, e que o bullying é algo grave que não se faz com ninguém.
Muito interessante...descobri tarde ser uma vítima , realmente as consequências são danosas e afetam a minha vida em todos os sentidos . Sofri Bullying na escola e na própria família .
Na infância e adolescência sofri bullying devido ao fato de minha família ser religiosa e fundamentalista. Eu era muito diferente das outras crianças. Nos últimos 40 anos simplesmente coloquei uma pedra sobre o assunto até que, recentemente, comecei a sofrer com alguns transtornos psicológicos para mim inexplicáveis. Hoje estou em terapia psicológica, mas descobri que meu cérebro sofreu fisicamente com a agressão contínua de tantos anos. Por isso não posso dispensar tratamento psiquiátrico e medicação específica. Graças a Deus não "descontei" em meus filhos minhas frustrações passadas, nem enveredei o mundo das drogas. Mas tive sérios problemas profissionais e sociais. Bullying é intolerável.
Tenho 55 anos, fui dispensada de meu trabalho como Recepcionista em uma Editora nesse mês de setembro e fui hoje a uma outra editora fazer entrevista. Infelizmente fui vítima de Bullying de funcionário enquanto aguardava para entrevista. Não foram diretos, mas não sou criança e entendi que o meu lenço no pescoço serviu para eles falarem... torcicolo.... além do desrespeito com outras palavras, que me deixaram tão triste, tão incomodada, que levantei e fui embora...e essa entrevista não aconteceu. Não escrevi para o diretor dessa Editora, Livraria, porque não quero me estender nisso. Mas eu já trago comigo trauma de bullying em criança na escola... isso me fez uma pessoa tímida, fechada e não aceitação de como sou e quem eu sou. Mas não quero e não vou passar por situações desse nível a essa altura da minha vida, enquanto busco um trabalho. Psicologicamente abalada por conta de trabalho e isso é totalmente desnecessário...