Psicologia para todos

O que é a Psicologia? Do que ela trata? Pra quê ela serve? Onde é sua área de atuação? Quais são as categorias ou abordagens existentes dentro da profissão?

3 JUL 2019 · Leitura: min.
Psicologia para todos

Muitas pessoas ainda tremem e resistem diante da recomendação "Procure um psicólogo!", e isso se dá, muitas vezes pela desinformação ou por certos preconceitos que se tem acerca deste profissional e deste campo do saber. Dentre os mais comuns, existe aquele pensamento de que "psicólogo é pra cuidar de loucos", ou ainda, "não preciso de psicólogo, eu posso resolver meus problemas sozinho". Em ambos os casos, se refletem o pouco conhecimento tanto da psicologia enquanto ciência e profissão quanto, também, da complexidade dos problemas que envolvem a mente humana.

O termo psicologia vem do grego, e, etimologicamente, significa "ciência da alma", ou "ciência da mente". Em termos práticos, a psicologia se detém no estudo dos comportamentos humanos e dos processos mentais que lhes são inerentes. Nestes se englobam desde os processos mais básicos, tais como a percepção, a sensação, a memória, a emoção e a atenção, até os processos mais complexos, como a inteligência, a aprendizagem, o pensamento e a linguagem.

É importante ressaltar que a psicologia não se foca meramente na questão dos distúrbios ou dos transtornos mentais, os quais são objetos de uma outra disciplina afim, a psicopatologia. De modo geral, a psicologia se apresenta como uma área de estudo do homem em sua totalidade, de como ele se relaciona com o mundo, com as demais pessoas, com as instituições, de suas subjetividades e crenças, em todas as fases de sua vida, desde a infância até sua velhice.

A psicologia é um ramo da ciência. Assim sendo, a pessoa que deseja se tornar psicólogo deve se submeter a uma formação acadêmica intensa, - de 5 anos ou mais – que envolve um grande volume de leituras e pesquisas em diversas áreas do conhecimento, tais como a filosofia, a sociologia, a antropologia, a fisiologia, as neurociências, a ética e as teorias e técnicas psicológicas específicas.

Além disso, o estudante de psicologia passa por um longo período de atividades pedagógicas práticas onde, sob a supervisão de um professor-orientador, ele pode exercitar seus conhecimentos e realizar intervenções, seja em laboratórios, em consultórios, em hospitais, escolas, empresas, ou outros ambientes propícios para que ele obtenha a experiência necessária para começar a atuar profissionalmente.

Da mesma forma como existem diversas especialidades médicas, assim também existem não uma, mas várias "psicologias". O psicólogo pode se inserir em todos os meios onde estiver o ser humano: nas escolas, nas empresas, nas comunidades, nos hospitais, nas associações e clubes esportivos, na mídia, nas ONGs.

Dentro da área clínica, especificamente, existem diversas linhas teóricas, também conhecidas como "abordagens psicológicas", diferentes tanto em seus fundamentos filosóficos quanto em sua visão de mundo e de homem, com literaturas e práticas tão distintas umas das outras que influenciam, inclusive, no modo como cada profissional se relaciona com os seus clientes. Dentre as diversas abordagens existentes, três se destacam como mais importantes.

  1. Comportamentais: se focam no estudo do comportamento humano, e nas técnicas de modelagem do comportamento ou de dessensibilização, baseados nas respostas da pessoa diante dos estímulos do ambiente e gerando comportamentos que modificam tanto a pessoa quanto o próprio ambiente. Neste grupo estão a Análise do Comportamento, a Teoria Cognitiva-Comportamental e as demais surgidas a partir do campo conhecido genericamente como behaviorismo. Os mais importantes psicólogos desta linha foram os norte-americanos John Watson (1878-1958) e B.F. Skinner (1904-1990).
  2. Psicanalíticas: tem como objeto de estudo as formações inconscientes que regem os anseios, os desejos e as pulsões da pessoa, se aprofundando em questões que envolvem a sexualidade e a dinâmica familiar do período da infância. A psicanálise foi criada pelo psiquiatra austríaco Sigmund Freud (1856-1939), e se subdividiu, basicamente, em duas vertentes mais bem delineadas, conhecidas como "Escola Inglesa" (ligada ao padrão formativo da IPA, a Associação Psicanalítica Internacional) e "Escola Francesa" ou "lacaniana", por se fundamentar no ensino de Jacques Lacan (1901-1981). Outras abordagens surgiram de dentro destas, mas não se configuram como essencialmente psicanalíticas, como, por exemplo, a Psicologia Analítica ou "junguiana", fundada pelo psiquiatra suíço Carl Jung (1875-1961).
  3. Humanistas-Fenomenológicas: englobam um grande número de teorias, tais como a Abordagem Centrada na Pessoa, do psicólogo norte-americano Carl Rogers (1902-1987), a Gestalt-Terapia, desenvolvida pelo alemão Fritz Perls (1893-1970), o Psicodrama, do psicólogo romeno Jacob Levy Moreno (1892-1974), e a Logoterapia, criada pelo psiquiatra austríaco Viktor Frankl (1905-1997). Nestas, genericamente, se privilegiam a relação cliente-terapeuta em seus aspectos vivenciais e existenciais, os quais devem preceder a qualquer tentativa de se tecer definições ou respostas acerca das demandas apresentadas pelo cliente.

Como se vê, é um campo bastante amplo. Sendo assim, caso uma pessoa tenha tido uma experiência não muito agradável com determinado profissional, é provável que isso se deva a uma certa falta de afinidade com o estilo ou com a abordagem dele. Ela deve se sentir à vontade para procurar um outro profissional psicólogo, o qual poderá dispor de outras técnicas e experiências que venham a ser úteis no atendimento de sua demanda.

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Escrito por

Saulo Cruz Rocha

Psicólogo e mestre em psicologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor), atua na clínica sob a perspectiva da psicanálise, atendendo adolescentes, jovens, adultos, idosos e casais. Tem experiência no tratamento da depressão, da ansiedade e nos processos de luto e separação. Desenvolve estudos sobre religião e psicologia.

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