Primeiro trimestre de gestação: sentimento e sintomas

Há algum tempo, venho conversando com mães que estão passando pelo primeiro trimestre da gestação ou passaram há pouco por ele. Constatei que há dificuldades que são comuns a quase todas.

16 NOV 2015 · Leitura: min.
Primeiro trimestre de gestação: sentimento e sintomas

A maioria comenta sobre seus medos, anseios, inseguranças e, principalmente, sobre a dificuldade em compartilhar tais sentimentos com seus parceiros, familiares e amigos sem que, com isto, sejam "julgadas". Muitas recorrem aos blogs específicos para mamães, com o intuito de encontrarem suporte e orientações que possam de alguma forma lhes ajudar. Neste contexto, resolvi contribuir e escrever sobre o primeiro trimestre, sentimentos e sintomas.

É comum escutarmos mulheres afirmarem que "sentem" que estão grávidas, mesmo antes da confirmação do exame clínico, em alguns casos, mesmo antes da data que deveria ocorrer a próxima menstruação. Não é difícil a mulher, ao engravidar, "captar" as transformações bioquímicas e corporais que identificam uma gravidez e expressar essa percepção através de intuições e sensações. De fato, neste período, já são marcantes as mudanças bioquímicas, corporais, sociais e psicológicas.

A partir do momento da percepção da gravidez se inicia a relação materno-filial e, consequentemente, as modificações familiares. Concomitante às mudanças biológicas (vômitos, náuseas, hipersonia…) também se instalam os sentimentos que irão se manifestar de diversas formas no decorrer dos três trimestres e após o parto, a saber:

O primeiro trimestre de gestação e o sentimento de ambivalência afetiva

Para Maldonado (1980) não existe uma gestação totalmente aceita ou totalmente rejeitada; mesmo quando existe uma predominância de aceitação ou de rejeição o sentimento oposto jamais está totalmente ausente. Este fenômeno é totalmente natural, e caracterizam todas as nossas relações interpessoais, eu jamais odeio ou amo totalmente uma pessoa, o sentimento oposto sempre existirá.

A complexidade do relacionamento humano permite que exista essa ambiguidade dos sentimentos. Além disto, a gestação é um momento de grande mudança na vida de uma família, que implica em perdas e ganhos, e isso por si só, já justifica a existência de sentimentos ambivalentes.

O sentimento de dúvida de estar ou não grávida, nesse primeiro trimestre, são as manifestações mais comuns de ambivalência, mesmo com a confirmação clínica, o feto por estar muito pequeno e não ser concretamente sentido pela mãe e as alterações corporais ainda serem bastante discretas colaboram com a dúvida, que por sua vez tende a evocar uma mistura de sentimentos de alegria e preocupação e, alguns casos, rejeição.

É comum também ouvirmos das mamães de que seu feto não está suficientemente "preso", ou que seu útero não está "bem formado" para segurar seu filho, o que provoca inúmeras fantasias de aborto e reações de autoproteção e cautela exageradas, que fazem com que a mulher restrinja rigorosamente diversas atividades.

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Sim mamães… constatar que existe um ser pequenino em nosso ventre e que somos inteiramente responsáveis pela sobrevivência e qualidade de vida de uma criança totalmente indefesa, que vamos amá-los e nos dedicar por muito tempo de nossas vidas a eles, é muita responsabilidade, é uma grande mudança na vida que não se dará somente com o corpo e com os hormônios que irão se bagunçar, mas sim a vida inteira, o social, o financeiro e o psicológico, até que tudo se encaixe novamente.

Essa mudança é uma desorganização temporária do estado de equilíbrio familiar, onde todos estarão passando por um momento de adaptação interna e externa. Esses medos, anseios e inseguranças, provavelmente não são somente seus, mamãe. Então, sentar e conversar sobre eles é a melhor forma de passar por esse momento sem muitas fantasias.

Os resultados naturalmente vão depender de fatores que podem influenciar uma relação, tais como, maturidade, momento de cada um, experiências anteriores, entre outras. Se ainda assim os resultados não forem os esperados talvez seja o momento de procurar uma ajuda profissional.

Sintomas do primeiro trimestre de gestão

Um dos primeiros sintomas do primeiro trimestre é a hipersonia, manifestação muito comum, a mulher/mãe sente uma necessidade maior de dormir do que o habitual. Existem diversas teorias e interpretações sobre as manifestações vivenciadas por gestantes num período gravídico, mas sem sombra de dúvidas sabemos que o nosso corpo precisa de uma preparação para as tensões fisiológicas durante e após gestação aumentando a necessidade de repouso.

Outro sintoma comum são as náuseas e os vômitos, mais esperados no início da gestação, muitas vezes nem chegando ao final do primeiro trimestre, contudo, em alguns casos podendo durar os nove meses. Pesquisas sobre os fatores psicogênicos das náuseas e vômitos na gravidez apresentam vários pontos contraditórios, pois diversos povos estudados e diversas mulheres não sentem essas manifestações.

Sobre as manifestações de desejos tão característicos da gravidez, vontade compulsiva por alimentos não muito desejados fora da gestação ou repulsas por alimentos ou bebidas específicas nunca sentidas anteriormente. Também são diversas as teorias e interpretações sobre os desejos e repulsas, que vão da mais utilizada popularmente que é a folclórica, segundo a qual, quando certo alimento desejado não é ingerido a criança vem com a aparência do tal alimento.

E as que sugerem que o desejo serve para compensar uma determinada deficiência nutritiva da mãe, ou que somente as alterações que ocorrem com o paladar e com olfato fazem com que a mãe tenha preferência por alimentos de sabor e cheiro mais fortes e picantes.

E, por último, as oscilações do humor geralmente presentes desde o início da gravidez e que estão estreitamente relacionadas com as alterações metabólicas. Além de haver, na maioria dos casos, maior sensibilidade nas áreas de audição, olfato e paladar, isso se acarreta também na área emocional, através do aumento da irritabilidade, a mulher fica mais nervosa, vulnerável, chorona. Alguns estímulos externos, que anteriormente não a afetavam, passam a afetar, ela chora e ri mais facilmente.

Neste texto, me ative somente sobre as transformações do primeiro trimestre, sentimentos e sintomas. Deixarei para um próximo post o segundo e o terceiro trimestres. Espero poder ter ajudado vocês mamães e familiares nesse momento tão lindo iluminado, difícil e de sensações complicadas.

Foto: MundoPsicologos.com

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Escrito por

Daniela Roland Ferreira

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