Posso estar sofrendo com ansiedade?

Depois de muitos pedidos e muito estudo, vamos falar sobre ela: a ansiedade. Isso por meio de um personagem ficcional, a Jéssica.

7 SET 2016 · Leitura: min.
Posso estar sofrendo com ansiedade?

Assim como eu fiz nos textos sobre a depressão, criei um personagem, e é através dele que será o nosso bate papo da vez.

Jéssica estava cansada! Insônia, insônia e mais insônia; sabe aquela tirinha do Facebook, onde um cérebro conversa com a pessoa dizendo que ela tem coisas para fazer? Ahh, aquele era o cérebro da Jéssica, sem dúvidas!

Mãe de família em tempo integral, Jéssica também trabalhava no setor de máquinas de uma fábrica. Era uma funcionária muito dedicada, mas desde que as crises de insônia começaram, seu desempenho no trabalho caiu e nos últimos meses, com a falta de atenção, acabou sofrendo pequenos acidentes de trabalho. A todo momento, Jéssica sentia que algo de ruim ia acontecer, que ia se machucar ou que seria demitida, pois em sua cabeça, estava o tempo todo dando bola fora.

Jéssica nunca tinha sido repreendida pelo chefe, mas morria de medo de ser. Pensava que ele era uma pessoa dura e fria, e acabava ficando tensa com qualquer chance hipotética de isso acontecer. Não percebia, mas vigiava mais o ambiente do que a própria máquina que estava operando, pois queria estar preparada quando o chefe aparecesse, e algumas vezes até sentia o coração disparar ou começava a tremer.

Todas essas ideias negativas geravam um desgaste físico imenso, e Jéssica chegava em casa cansada, com dores no corpo todo, e ainda tinha que cuidar dos filhos e auxiliá-los nos deveres de casa. Na maioria das vezes, acabava não tendo paciência para nada, brigava com as crianças e depois, sentia um enorme peso na consciência. Tinha também que fazer o jantar, para então, deitar na cama e fingir que estava dormindo, pois não queria, mais uma vez, falar não para as "investidas" do marido, e estava muito, muito cansada para ceder.

À noite, muitas vezes, Jéssica costumava sentir coração disparar, e isso a deixava desesperada! Quando isso acontecia, ela tremia, suava e pensava: se algo acontecer, quem cuidará das crianças? E da casa? Será que tenho algum problema sério? Era angustiante, simplesmente angustiante e ela não sabia mais o que fazer, e sabia que seria uma longa noite! Jéssica estava no limite.

Agora vamos por partes

Antes de mais nada, é importante saber que a ansiedade é uma emoção comum a todos nós, assim como a tristeza, a raiva o medo e a alegria. O grande problema acontece quando ela passa a interferir, a nos causar problemas, assim como causou para a Jéssica.

Aí você me pergunta: a ansiedade então é normal? Como? A ansiedade é normal e pode inclusive nos trazer benefícios, por exemplo, quando nos impulsiona a estudar ou trabalhar mais para conseguir aquela promoção ou vaga na faculdade/cargo público, ou ainda quando nos ensina a lidar com nossas finanças e começamos a guardar dinheiro pois ansiamos aquela viagem, carro ou casa própria.

Porém, como com as outras emoções, tudo que é de mais, faz mal, e com a ansiedade não é diferente! Como vimos no texto, no caso da Jéssica, a ansiedade já estava interferindo de forma significativa em várias áreas de sua vida.

No trabalho, o seu desempenho caiu, sofreu alguns acidentes por falta de atenção, e por chegar em casa muito cansada e estressada, ela não conseguia dar a atenção que gostaria para os filhos e o marido. Sua qualidade de vida também mudou, visto que tinha muitas crises de insônia e consequentemente, vivia irritada, nervosa.

As preocupações excessivas e de certa forma, irreais com o trabalho, deixavam Jéssica tensa, e sem perceber, ela trabalhava com a musculatura das costas, pescoço e ombros contraídos, e no fim do expediente, estava com muita dor no corpo.

A tensão muscular é um dos sintomas da ansiedade. Por não conseguir relaxar e esquecer essas preocupações, Jéssica ficava o tempo todo atenta (e tensa), seguindo os passos do chefe e esperando a bronca ou demissão.

Com toda essa tensão, dá para ter uma ideia de como a Jéssica chegava em casa, não é? Cansada, esgotada, mas ainda tinha algumas coisas para fazer. Na cabeça de Jéssica, as tarefas da casa tinham que ser feitas por ela, pois o marido trabalhava por mais tempo fora e crianças eram crianças. Sem paciência, ainda ajudava os filhos, mas queria que eles terminassem os deverem no ritmo de um adulto, para que ela pudesse descansar, e acabava se irritando com as brincadeiras.

A irritabilidade ou nervosismo também é um sintoma bem presente na ansiedade, pois, em muitos casos, a pessoa não descansa, tem a falsa sensação de ter o cérebro em alerta o tempo todo.

Durante a noite, ao sentir seu coração disparando, Jéssica ficava insegura e com medo, por pensar que havia algo de errado com ela, e isso gerava também os tremores e a sudorese. Essas ideias deixavam Jéssica em estado de alerta, causando a insônia e abrindo espaço para outras ideias e pensamentos ligados ao trabalho, casa, filhos e marido.

Era sempre nesse momento que Jéssica lembrava que tinha roupas para lavar e passar, faxina por fazer, se perguntava se tinha olhado a agenda das crianças e examinava periodicamente o celular, contando quantas horas iria dormir e pensando como seria difícil ficar acordada tendo dormido tão pouco.

As preocupações excessivas, medos, taquicardia (coração batendo acelerado), sudorese (suor), tremores, insônia, e o constante estado de alerta são outros sintomas de quando a ansiedade está nos fazendo mal.

É importante enfatizar que os sintomas da ansiedade costumam variar de pessoa para pessoa. O fator determinante é sempre verificar se esta ansiedade está atrapalhando e interferindo no seu cotidiano, dia a dia, te impedindo de fazer coisas que você antes fazia tranquilamente ou ainda te afetando de forma significativa. Neste texto, procurei citar alguns os sintomas mais comuns e que eu mais vi/vejo em minha experiência com como psicóloga.

No nosso próximo texto falaremos um pouco sobre o tratamento e darei também algumas dicas para lidar com a ansiedade.

Foto: por Alessandra (Flickr)

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Escrito por

Júlia B. Benedini

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