Personalidade obsessivo-compulsiva: saiba mais sobre o transtorno

A ordem e o perfeccionismo são duas características marcantes deste transtorno de personalidade. Saiba mais sobre os sinais comuns e entenda a importância do tratamento psicológico.

16 OUT 2017 · Leitura: min.
Personalidade obsessivo-compulsiva: saiba mais sobre o transtorno

Você com certeza já se sentiu insuficiente ao fazer algo para alguém metódico e exigente, que não esboçou o mínimo de satisfação ao receber aquilo que você se esforçou tanto para realizar. Ou então, sente que está ocupado em tempo integral em função do esforço que demanda fazer tarefas com perfeição, sentindo-se incompreendido pelas pessoas ao seu redor que não valorizam sua metodologia e/ou cronogramas minuciosamente elaborados a fim de alcançar excelência e eficácia.

Pensou em alguém ou se identificou com essas características? Cuidado, pode ser sinal do transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva. Saiba mais a seguir, neste artigo da psicóloga Maitê Hammoud.

As marcas da personalidade obsessivo-compulsiva

Pessoas que possuem o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva chamam a atenção por buscar, de forma constante, a ordem e o perfeccionismo, tanto nas atividades profissionais como pessoais.

Para elas, o controle é algo absolutamente necessário, tornando-se inflexíveis na hora de fazer ajustes em sua rotina, mesmo quando necessários. Relutam em abrir mão da responsabilidade de realizar alguma tarefa, temendo que não seja feita como deveria.

O resultado é uma extrema dificuldade para aderir ou cogitar possibilidades que possam otimizar sua qualidade de vida e saúde. Essas pessoas sofrem por se sentirem vulneráveis diante da possibilidade de mudança.

Outras características predominantes no transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva são:

  1. São excessivamente preocupados com detalhes, regras, ordem, organização e horários. Costumam ser conhecidos por seus procedimentos, protocolos, listas ou cronogramas, que determinam a execução de qualquer tarefa. Muitas vezes, por escassez de tempo, perde o foco do objetivo principal motivado pela metodologia, que precisa ser seguida em todo e qualquer caso.
  2. Habitualmente seu perfeccionismo interfere na conclusão de tarefas, tornando-se uma queixa recorrente. Quem tem o distúrbio responde com indignação e sofre diante da postura dos que o rodeia, pois são capazes de solicitar algo de maneira imprevisível, não levando em consideração o tempo que precisa para seguir sua metodologia.shutterstock-1032332608.jpg
  3. São excessivamente preocupados com trabalho, que vira fonte de interferência em relações interpessoais e no lazer.
  4. Como a mente do obsessivo funciona a partir de padrões de ordem e lógica, demonstram inflexibilidade em conversas sobre assuntos que não costumam ter respostas objetivas ou exatas. Por seguir com precisão valores éticos, morais ou religiosos, há uma extrema dificuldade e desconforto em dialogar sobre tais questões, e a pessoa reluta tentar compreender aqueles que não compartilham seus padrões e valores.
  5. Até os passatempos, que deveriam proporcionar lazer e descanso, assim como os esportes, são encarados com seriedade e disciplina, e acabam sendo vistos como compromissos.
  6. Têm imensa dificuldade em descartar objetos, mesmo quando não possuem valor sentimental. A possibilidade de doar uma roupa que não lhe serve mais ou descartar uma conta que já foi paga há muitos anos gera tantas possibilidades improváveis - mas possíveis em sua mente, que buscam se proteger do sofrimento acumulando objetos (de maneira organizada). Ficam imersos naquela famosa perturbação "e se...".
  7. É altamente difícil encontrar pessoas que atendam suas expectativas e lidem com suas regras, metodologias e cronogramas com a mesma seriedade que exigem de si mesmo. Por ter consciência disso, reluta em delegar tarefas ou trabalhar em equipe.
  8. Dificilmente fazem elogios, já que estão sempre visando contextos de perfeição totalmente utópicos.
  9. Até na orientação de tarefas simples como lavar pratos ou cortar a grama, instruem quem realizará a tarefa com informações de passo a passo.
  10. São propensos à repetição, por necessitarem se certificar de que tudo saiu como planejado. Têm o hábito de revisar suas produções (desde as mais simples até as mais complexas) na busca por erros.
  11. Mesmo gozando de estabilidade financeira, o dinheiro é visto como algo que deve ser poupado para emergências, chegando a causar estranhamento naqueles que o cercam.

O tratamento do transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva

De todos os transtornos de personalidade, com base estatística nos casos diagnosticados, o transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva demonstra ser um dos mais prevalentes, atingindo de 2 a 8% da população.

Quem o sofre, por buscar controle a todo momento, tem extrema dificuldade para expressar emoções ou se sentir confortável na presença de pessoas espontâneas. Pode parecer banal aos olhos de outros, mas essa característica é uma das que leva o obsessivo ao sofrimento: acumula emoções e se isola pela dificuldade que encontra em se relacionar.

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O obsessivo-compulsivo vai evitar eventos em que esse tipo de desconforto está sempre presente, como um velório, por exemplo. Quem está ao redor acaba classificando-o como alguém frio. A ausência de recursos no controle das emoções internas é sentida como um verdadeiro colapso emocional.

Sua metodologia faz com que seja compreendido como uma pessoa rígida ou teimosa, e mesmo querendo ser diferente, está em constante duelo com a necessidade de seguir padrões pré-estipulados por si mesmos. Tantas metodologias e detalhes certamente faz com que o obsessivo se sinta ocupado em tempo integral, e compreenda momentos de lazer como um desperdício de tempo. Por isso, posterga momentos em que desfrutaria da ausência de ocupações, demonstrando imensa dificuldade em relaxar.

O transtorno de personalidade obsessivo-compulsiva é frequentemente associado a quadros de ansiedade. Combinam as preocupações mencionadas anteriormente com os riscos à saúde física e psíquica, sendo fundamental a busca por um psicólogo.

A psicoterapia fornece um espaço para poder exercitar e desfrutar da expressão de suas emoções, indignações, o que contribui para a construção de habilidades e recursos que permitam lidar com situações inesperadas, ajudando a se tornarem mais flexíveis.

O acompanhamento psiquiátrico pode ser necessário para tratar de sintomas relativos à ansiedade e prevenir evolução de quadros que possam oferecer riscos à saúde física.

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Fotos: por MundoPsicologos.com

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Escrito por

Maitê Hammoud

Psicóloga clínica com curso de aperfeiçoamento em psicanálise, é especialista no atendimento de adolescentes, adultos e terceira idade. Seguindo a abordagem psicanalítica e da terapia breve, atua com foco em transtornos emocionais e comportamentais, relacionamentos interpessoais e questões familiares.

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