Personalidade dependente: saiba mais sobre o transtorno

Sabe aquela pessoa que pede conselho o tempo todo, que parece não ser capaz de dar um passo sem consultar? Isso pode significar muito mais que insegurança ou baixa autoestima. Descubra aqui!

12 SET 2017 · Leitura: min.
Personalidade dependente: saiba mais sobre o transtorno

Insegurança exacerbada, busca constante por conselhos para tomar decisões simples como aquisição de peças de roupas, cortes de cabelos ou a ida a um evento social. Essas características podem ir além da baixa autoestima, sinalizando a presença de um transtorno de personalidade que oferece riscos para saúde e prejuízos no desenvolvimento e conquistas, sejam pessoais ou profissionais. A psicóloga Maitê Hammoud explica melhor a seguir.

Frequentemente nomeada como dependência emocional, o transtorno de personalidade dependente faz com que tais pessoas chamem a atenção por sua necessidade exagerada de uma figura de apoio a todo momento, dificultando a qualidade de sua rotina e de sua saúde emocional.

O desconforto, a angústia e temores de abandono estão presentes em grande parte do dia, fazendo com que recusem cargos de responsabilidades, sejam autocríticos, pessimistas e possuam extrema dificuldade em iniciar projetos pessoais, não por falta de energia, mas por se menosprezar, e pelo fato de sofrerem intensas crises de ansiedade diante da tomada de decisões.

Entenda as principais características do transtorno de personalidade dependente:

1) Indecisão e dependência constantes

Devido à intensa insegurança que as pessoas com esse transtorno vivenciam, necessitam de uma figura de apoio que garanta cuidados e tomada de decisões. A figura de apoio costuma ser o cônjuge, pai ou mãe, ficando responsável pela tomada de decisões e atribuição de grande parte das responsabilidades dos dependentes: pagamento de contas, escolha de peças de roupas, investimentos financeiros, escolha de corte de cabelos, até mesmo o que deve ser preparado para uma refeição.

É como se o dependente não possuísse quaisquer recursos para direcionar sua vida, e anulassem gostos, preferências ou qualquer tipo de intuição.

2) Conselhos ilimitados

Por conta desse perfil, o dependente é aquela pessoa que está sempre pedindo conselhos e opiniões de outras pessoas, muitas vezes se colocando em enrascadas por aceitar opiniões daqueles que não estão aptos para ajudar; ou então, em momentos de desespero, recorrer a suportes alternativos de orientação, como tarólogos ou videntes, estando sujeito a investimentos e tomada de decisões insensatas.

3) Medo de cuidar de si

A insegurança é tão devastadora que os medos do dependente rodeiam permanentemente seus pensamentos, questionando sua capacidade de cuidados consigo mesmo na ausência do outro. Os temores afetam os cuidados mais simples da vida cotidiana, indo muito além: temem demonstrar capacidades e competências, com medo de levarem à má interpretação de alguém, culminando com o abandono por parte dessa pessoa.

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Por esta razão, o dependente opera em um mecanismo constante de autossabotagem, omitindo qualidades e aspectos positivos sobre si mesmo.

4) Medo do abandono

A dependência é tão intensa que as pessoas com esse transtorno sentem que sua existência depende da presença da figura de apoio, motivando preocupações irreais e dolorosas sobre o abandono, mesmo quando o vínculo é sólido e não representa nenhuma ameaça.

Esse medo faz com que tenham extrema dificuldade para manifestar insatisfações com o intuito de evitar conflitos, levando-os a submissão, sacrifícios, situações de desconforto e, até mesmo, a tolerância de abusos sexuais, físicos, psíquicos ou verbais.

5) Ávido de aprovação

A necessidade de recebimento de afeto e apoio daqueles que ama faz com que o dependente não meça esforços para se sentir seguro na relação. Tal comportamento leva à sua anulação e desvalorização, oferece inúmeros riscos, podendo resultar em relações desiquilibradas e sustentando posturas de sujeição a situações desagradáveis ou que ofereçam riscos legais e para a saúde.

6) Emenda de relacionamentos

Cogitar a solidão é inimaginável para os dependentes emocionais. A intensidade de seus medos, somado à sua fragilidade, resulta na incapacidade de ficar solteiro, emendando rapidamente relacionamentos afetivos, mesmo que não exista interesse ou envolvimento emocional.

Como tratar o transtorno de personalidade dependente?

Traços da personalidade podem ser manifestados durante a infância e adolescência, mas não é considerado o diagnóstico devido às etapas de desenvolvimento. Por isso, sua prevalência costuma ocorrer no início da vida adulta, valendo tanto para homens como mulheres.

É fundamental que pessoas com esse transtorno contem com acompanhamento psicológico, para que seja possível o desenvolvimento de sua autoestima e confiança. A psicoterapia oferece uma figura de apoio segura, que previne enrascadas emocionais, assim como o sentimento de desamparo, solidão e desenvolvimento de transtornos depressivos ou ansiosos.

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Fotos: por MundoPsicologos.com

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Escrito por

Maitê Hammoud

Psicóloga clínica com curso de aperfeiçoamento em psicanálise, é especialista no atendimento de adolescentes, adultos e terceira idade. Seguindo a abordagem psicanalítica e da terapia breve, atua com foco em transtornos emocionais e comportamentais, relacionamentos interpessoais e questões familiares.

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Comentários 1
  • Valeria Maria

    Li o artigo e me identifiquei pois sou totalmente dependente do meu marido e meu marido tem transtorno bipolar e devido a isso dou a ele o direito de me agredir verbalmente e nunca revidei. Ele ja me traiu qdo teve uma crise e foi internado porem eu perdoei a traição mais nesse caso pq sei que ele estava fora de si. Depois de 1 ano ele teve uma nova crise e foi internado na mesma clinica e eu nesse tempo perdi a vontade de viver. Nao tenho prazer em nada pois sou totalmente dependente dele e sempre preciso mesmo de conselho de outras pessoas pq sou muito insegura e nao tenho auto estima, me acho feia mesmo sendo bonita, sempre penso coisas negativas de mim e tenho medo de ficar sozinha muito medo

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