O uso clínico da hipnose

Quando se ouve a palavra hipnose geralmente ela vem carregada de certo tom de ocultismo, magia ou mesmo show. A palavra hipnose desperta nas pessoas, em geral, medo e curiosidade.

21 DEZ 2015 · Leitura: min.
O uso clínico da hipnose

Existem registros que a hipnose já era usada há muitos séculos atrás pelos sacerdotes egípcios, nos famosos templos do sono. James Braid (1795-1860) foi o primeiro a cunhar o termo hipnotismo, referindo-se ao termo grego "Hipnos" que significa sono. Freud estudou hipnose com Charcot na França e fez uso clínico da hipnose durante alguns anos até abandoná-la para criar o método psicanalítico. Conforme consta no livro "Com Freud e a psicanálise de volta a hipnose" do professor Malomar Lund Edlweiss, fundador do Círculo Brasileiro de Psicanálise do Rio Grande do Sul, ao final de sua vida Freud voltou a reconhecer a hipnose como um recurso valioso para acessar e tratar conteúdos da mente Inconsciente.

Mesmo após Freud abandonar o uso de hipnose, outros pesquisadores continuaram a realizar estudos sobre a aplicação hipnose, como foi o caso do psiquiatra americano Milton Erickson, nascido em 1901, no estado de Nevada. Milton Erickson foi professor em várias universidades americanas, dirigiu centros psiquiátricos, foi um dos fundadores da Sociedade Americana de Hipnose clínica, foi o criador da revista American Journal of Clinical Hypnosis e é considerado o pai da hipnose moderna.

Usos clínicos

A hipnose vem sendo pesquisada mundialmente por instituições sérias como Universidades, hospitais e institutos por profissionais da área médica e psicológica. Uma pesquisa feita pelo psicólogo Guy Montgomery, da Escola de Medicina Monte Sinai, em Nova York, em 2007, demonstrou que 15 min. de hipnose antes de realizar cirurgias de câncer de mama possibilitou que as pacientes apresentassem diminuição de sintomas de dor e náuseas durante o processo pós-cirúrgico, possibilitando uma economia de U$772 dólares por paciente, já que ela necessitaram de doses menores de analgésicos e sedativos.

No Brasil, o Hospital São Camilo de São Paulo vem realizando o trabalho de hipnose clínica desde 2008. Eles têm obtido sucesso em reduzir a ansiedade de paciente claustrofóbicos que necessitam passar por exames de ressonância magnética e também no caso de pacientes com dores crônicas, náuseas e tabagismo. O Hospital das Clínicas em São Paulo vem utilizando a hipnose desde 1995 para auxiliar no tratamento de pacientes com ansiedade, dores crônicas, em trabalhos de parto e também como auxílio em casos de sedação para cirurgias de pequeno e grande porte.

O que é a hipnose

Segundo a médica Sofia Bauer, hipnose pode ser considerada um estado alternativo de consciência ampliada, onde o sujeito permanece acordado todo o tempo, experimentando sensações, sentimentos, talvez tendo imagens, regressões, anestesia, analgesias e outros fenômenos hipnóticos enquanto está neste estado. A pessoa fica mais interna, mais focada, mais acordada. Durante o transe, ela vai se desligando das percepções externas e tem uma grande atividade interna, sem perder seu estado de alerta.

É um estado natural de consciência ampliado, diferente do estado de vigília. Ocorre também no estado acordado, no nosso dia a dia, como um fenômeno natural. Quem já não viveu a experiência de estar conversando animadamente com um amigo e ao olhar para o relógio perceber que já se passou mais de hora? Ou estar tão empolgado na leitura de um livro que não nota quanto tempo se passou? Ou mesmo a experiência de estar dirigindo seu veículo e ao cair em si notar que já chegou ao seu destino? Segundo o médico Osmar Colás, fundador do grupo de Estudos de Hipnose da Unifesp, o transe é uma condição fisiológica, que tem a ver com concentração, a mente fica focada. Os Eletroencefalogramas de pacientes sob hipnose mostram que, mesmo em transe mais profundo os traços não são os de sono, aproximando-se ao EEG da vigília.

Durante o estado de hipnose o paciente pode estar em transe leve, onde as ondas cerebrais oscilam em ciclos de 9 a 13 Hz, transe médio, onde as ondas cerebrais oscilam em ciclos de 4 a 8 Hz e transe profundo, onde as ondas cerebrais oscilam em ciclos de 1 a 3 Hz . A maioria das pessoas entra em transe leve ou médio. Mesmo em transe leve é possível se fazer o uso terapêutico da hipnose.

A hipnose na terapia

A hipnose clínica pode ser útil para tratar pacientes que apresentam diversos tipos de distúrbios como fobias, medos, depressão, síndrome do pânico, vícios, transtornos alimentares, ansiedade, insônia, problemas sexuais como impotência, ejaculação precoce, diminuição da libido, além de doenças psicossomáticas e casos de dores. No campo da psicoterapia a hipnose tem várias formas de uso: a hipnoanálise, a escrita automática, a regressão de idade, a indução de sonhos, as sugestões pós hipnóticas, as entrevistas sobre hipnose, a dessensibilização sistemática, a hipnose associada ao psicodrama, as técnicas de projeção do futuro entre outras.

Segundo o psicólogo João Alexandre Borba quando o paciente está hipnotizado ele se torna altamente sugestionável. E é exatamente por estar nesse estado especial de consciência é que se consegue trabalhar no nível inconsciente da mente, descobrindo traumas de infância, fazendo regressões de idade e possibilitando que ele se lembre de problemas e emoções que foram reprimidos por algum motivo.

Para finalizar esse pequeno artigo é importante alertar que aos que buscam um tratamento que tenha a hipnose como base clínica que busquem informações sobre a formação do profissional escolhido. Aqui no Brasil, somente os profissionais filiados aos Conselhos de Medicina, Odontologia, Psicologia e Fisioterapia/Terapia Ocupacional estão habilitados a fazer uso clínico da hipnose.

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Escrito por

Edgard Tetsuo Utiama

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Comentários 2
  • Equipe MundoPsicologos.com

    Bom dia, para conseguir uma resposta mais rápida, melhor contatar os profissionais nesse serviço através da seção "Psicólogos". Os resultados podem ser filtrados por localidade. Att. Equipe MundoPsicologos.com

  • Raidalva Santos Cerqueira

    Sou de Salvador BA e tenho depressão crônica. Tem algum especialista aqui em Salvador? Por

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