O mito do amor perfeito
Mitos... Estamos rodeados deles. Mesmo dentro das nossas casas, dentro dos nossos ideais e sonhos, do nosso interior.
Esta semana tenho pensado muito a respeito do mito do amor perfeito, que por vezes, apesar de ser um ideal "positivo", pode levar à ruína alguns relacionamentos. Não acredito que a perfeição é positiva de todo. Mas esse é um outro assunto. Cada um de nós tem dentro de si percepções criadas sobre vários temas da vida.
Olhamos o mundo através das nossas lentes. Nossas percepções advêm da história, cultura, família, contexto vivido... E por tudo isso, podemos, mesmo sem querer, construir dentro do nosso interior um ideal de casamento, de cônjuge, de relacionamento que pode não passar de um mito impossível de atingir: o mito do amor perfeito.
Sendo assim, perseguindo a perfeição desse mito que está desenhado dentro de nós, podemos trazer peso e uma busca frenética por um relacionamento idealizado e impossível de existir no dia a dia imperfeito da vida. Em alguns aspectos o relacionamento pode até se encaixar nas expectativas criadas, porém, quando o outro falha em alguma dimensão, a luta é tão grande para "consertar" o que está fora do esquadro que torna as coisas mais difíceis ainda.
Dai advém a frustração e o sentimento de derrota, por não ter conseguido levar adiante um relacionamento dentro do mito perseguido. Ou, de alguma forma, um ou ambos se acomodam ao silêncio e não mais lutam pelos seus espaços, suas opiniões, suas próprias imperfeições dentro da relação.
Felicidade é poder demonstrar quem realmente somos, com todas as fragilidades inerentes a nossa condição humana dentro das relações que estabelecemos, vivendo e sabendo viver sem querer um enquadre perfeito almejado pelas construções que imaginamos serem ideais do que é realmente amor e felicidade. É necessário abrir mão de estereótipos que enjaulam e não permitem um convite à vida real.
Foto: por nattu (Flickr)
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