O lugar dos pais no tratamento psicológico de crianças
A procura pelo atendimento psicológico para crianças segue sendo cada vez mais frequente. Mas, qual o lugar dos pais dentro do processo psicológico infantil?
O tratamento psicológico infantil caracteriza-se por ser um espaço dirigido ao atendimento psíquico da criança, isto é, um espaço que tem como referencial o seu sofrimento (sintoma) e como objetivo ajudar a fornecer o desenvolvimento psíquico que irá ajudar a criança a encontrar os melhores caminhos para entender e aliviar o sofrimento (sintoma) que está em jogo. Assim, a busca pelo atendimento infantil vinculado a área psicológica vem sendo cada vez mais frequente, tendo em vista que o tratamento na infância - fase de desenvolvimento - abre a possibilidade da garantia de um futuro promissor.
Sabe-se, que pensar na criação de um filho coloca em movimento aspectos da vida de cada um dos pais, sendo assim, um filho reatualiza as vivências infantis destes pais e o tipo de cuidados parentais que receberam. Isto quer dizer, que dentro do processo de tratamento psicológico infantil é de fundamental importância que a figura dos pais se faça presente à medida que precisam pensar e repensar também os filhos que foram, os pais que tiveram e os pais que querem ser. Portanto, deve-se reconhecer que a criança vem atravessada por um inconsciente que não é só dela; atravessada pelo inconsciente também destes pais, que acaba se "revelando" à medida que os pais também possuem uma demanda. Desta forma, a escuta deve estar atenta à possibilidade da necessidade ou não de se indicar uma terapia para os pais da criança que segue em tratamento.
Por outro lado, não se pode perder de vista que ao mesmo tempo que a criança que segue em tratamento esteja atravessada pelo inconsciente destes pais, ela possui um sofrimento (sintoma) que é dela e uma necessidade de tratamento que também é própria. Tendo em vista todas essas questões, a postura do terapeuta é de entender que o foco principal está no tratamento do sintoma da criança, na indagação sobre a sua demanda - que difere de criança para criança e que pode levar a um diferente enquadre, isto é, por exemplo, sobre a posição do terapeuta se atende à criança e aos pais juntos, se atende de forma separada, quantas vezes na semana vão ocorrer os atendimentos, etc. Então, os pais não devem ser tratados como se estivessem as margens do tratamento, mas sim atendidos de forma que a nossa escuta terapêutica esteja atenta aos seus discursos e consiga trabalhar as relações existentes dentro da rede familiar.
Conclui-se, que o tratamento das questões psíquicas da criança deve levar em consideração que aproximar-se da figura dos pais é também poder apropriar-se da história da criança. É saber aproveitar a presença dos pais para entender a organização mental da criança e sua relação com a dinâmica psíquica destes pais, o que também abre a possibilidade para que os mesmos repensem e pensem no seu papel na vida dos filhos. Em vista dessas questões, a função do terapeuta infantil é investigar o inconsciente da criança, mas também abrir espaço para que o inconsciente dos pais se manifeste, pois a criança se caracteriza por ser um individuo em desenvolvimento psíquico, ou seja, ainda em dependência do outro quando se diz respeito a construção psíquica e de subjetividade.
As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.
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