Ninguém escolhe ser triste

As pessoas estão mergulhadas na ideia de que precisam estar bem o tempo todo. Como psicóloga faço o caminho inverso: insisto que meus pacientes falem sobre suas dores para buscarmos soluções.

28 DEZ 2015 · Leitura: min.
Ninguém escolhe ser triste

É extremamente complicado tentar explicar para alguém que nunca sofreu de profunda tristeza ou ansiedade, como é estar na pele de quem sofre com isso. Em nosso cotidiano as pessoas estão muito mergulhadas na ideia de que precisam estar “bem o tempo todo", independente do resto. Que é preciso “sorrir mesmo tendo vontade de chorar" entre outras tantas máximas que nos fazem esconder o que realmente sentimos.

Como psicóloga eu faço o caminho inverso: eu insisto que meus pacientes falem sobre suas dores. Seus calos, seus incômodos. Sobre tudo aquilo que estão o tempo inteiro tentando fugir. Pode ser que pensem que estou estimulando a dor, então talvez seja o momento de responder o porquê de tamanho estímulo pelos problemas.

Tudo que ignoramos tende a permanecer

Se não falarmos sobre nossas dores, talvez nunca tenhamos real noção do quanto elas nos afetam. Se ignorarmos nossos problemas é grande a chance de os empurrarmos adiante sem perceber, cultivando ramificações de uma problema que talvez tenha começado muito pequeno. É preciso podar as raízes de um bonsai para que ele não cresça além do tamanho do vaso, certo? Da mesma forma devemos fazer com aquilo de negativo que nos afeta: é preciso olhar para dentro, é preciso questionar nossos medos e desconstruí-los antes que eles tomem conta de tudo que temos.

Não é fácil encarar um medo. Aguentar no peito uma dor que parece ser forte demais pra nós. Ainda mais quando todos ao nosso redor dizem para ignorar o que nos aflige. Que “é bobagem, logo vai passar, dê a volta por cima". Os males só passam se nós permitirmos, conflitos mal resolvidos tendem a crescer dentro de nós feito veneno, problemas não encarados não costumam sair do lugar. É o princípio da inércia: um corpo parado tende a permanecer parado.

Na terapia o que fazemos é cutucar a ferida, mexer nas dores, nos medos, dúvidas e anseios. É um espaço de segurança, onde se pode falar sobre tudo que dói e que incomoda, sem julgamentos e sem pressão. Onde podemos nos desfazer por completo para, então, recomeçar. Como? Tirando do peito todas as dores que amarramos, pois dando corpo para as dores é que elas conseguem sair de dentro de nós. Enfim, trata-se de um espaço para buscar soluções que jamais poderíamos ver se não fizéssemos uma pausa para realmente olhar o problema.

PUBLICIDADE

Escrito por

Eduarda Paz Psicanalista

Consulte nossos melhores especialistas em depressão
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

últimos artigos sobre depressão

PUBLICIDADE