Final de relação: onde foi que eu errei?

Quando acontece o final de uma relação, a tendência de pelo menos uma das partes, infelizmente, costuma ser culpar o outro.

7 MAR 2016 · Leitura: min.
Final de relação: onde foi que eu errei?

De quem é a culpa quando uma relação termina? Por que, diante de uma separação, a maioria das pessoas insiste em culpar a outra parte?

E quando essa parte que responsabiliza é a que quis o término, a outra fica, por vezes, soterrada em sua autoestima e assolada por comparações e porquês, em pensamentos obsessivos como se algo fosse mudar com tantas elucubrações estéreis.

A tendência

A tendência, principalmente quando somos nós quem ouvimos o "não", é a da revolta ou a de nos culparmos, pensando: e se eu tivesse feito diferente? E se eu tivesse dito diferente? E se naquele dia eu tivesse segurado o guarda-chuva pra ele (a)?

Ora, quem tá na chuva é pra se molhar! O outro simplesmente escolheu, e isso não te faz pior que ninguém, apenas os momentos de vocês são diferentes.

Traição

Quando o estopim da separação é uma traição (pois não costumo considerar uma outra pessoa o verdadeiro motivo, mas uma prova viva de que algo não ia bem), a parte traída parece entrar em looping, porque, daí em sequência, não necessariamente nesta mesma ordem, surgem as perguntas: "O que essa pessoa tem que eu não tenho? O que eu fiz de errado? Por que foi assim? E se eu tivesse feito diferente? E se…?".

Parece óbvio dizer, mas é necessário repetir, pois passamos batidos por essa frase: uma relação é feita de duas pessoas! Por mais que um tenha se equivocado mais do que o outro, cada um tem seu livre arbítrio e deve ter direito de dizer e opinar quando quiser.

Tendência até mesmo cruel de apenas reclamar do outro quando termina, de colocá-lo quase "abaixo do chão" num sério discurso de "não sei onde estava com a cabeça quando resolvi me relacionar com você"; por outro lado, muitas vezes, isto não é dito, mas o que saiu compulsoriamente da relação com questões de autoestima sérias para refletir, na verdade, apenas pensa: "Eu sou uma porcaria mesmo! Não sou capaz de manter um relacionamento!".

Estamos falando sobre culpa, sobre o que ambos podem sentir quando a relação termina, mas, muito mais do que isso, a bem da verdade, não é de culpa que precisamos falar, mas de responsabilidades.

Quer dizer então que agora tudo é ruim e antes não era? O jeito dele (a) falar, agir ou mexer no cabelo antes não importava e agora até sua respiração o incomoda? E o outro lado, que teve que aceitar a escolha do outro, de repente se vê possuído por um sentimento de desvalia e em um complexo de inferioridade sem fim.

E as comparações sobre o homem/mulher que ficou com seu (sua) ex? "Nossa, será que ele(a) é mais bonito(a)? É mais seguro(a)? É mais inteligente? É mais…!". Perceba: a história de cada um é única, especial. E, sendo assim, eu te proponho um exercício, não tão altruísta, mas necessário neste momento: perceba que ninguém está acima de ninguém e veja os defeitos do seu (sua) ex também!

Quando vocês se relacionaram, ambos gostavam mais de vermelho, mas agora ele (a) passou a gostar mais de azul. Isso faz o azul valer mais e o vermelho menos? Fuja das comparações e encontre alguém realmente compatível com você neste momento. Não existe melhor nem pior, mas almas afinizadas uma com a outra.

Perceba: outra coisa que parece tão obvia, mas por ser tão óbvia, passa tão batida, é: ninguém deu os passos que você deu, ninguém viveu o que você viveu e ninguém experimentou o mundo da sua forma. Só você, e ninguém mais, sabe o que você viveu e como você chegou até aqui. Você é especial em todas as suas idiossincrasias e qualidades.

Tire a experiência positiva desta situação. Se o outro não tivesse encerrado a história (por outro momento, ainda sim, entre as mesmas pessoas, seria uma nova relação), muito provavelmente você nunca se abriria para novos horizontes. Há um trajeto gigantesco na linha do horizonte que você não via – e defeitos, sim, do outro, que você deixou passar, enquanto ele, neste momento, não esqueceu nenhum seu. Questão de momento! Questão de foco!

Neste momento você pode estar resgatando as qualidades que depositava no outro, mas eram suas. Toda a segurança, a autonomia, a inteligência, a perspicácia, o carinho… você percebe que é muito mais forte do que você pensava. E que sua ideia estava equivocada.

Você não nasceu pensando assim. E para pensar diferente, faça diferente. Mude, mas agora mude por você. Para, por que não, viver uma relação nova e mais interdependente com outro alguém, que não te enxergue ao final apenas por seus defeitos, mas priorize suas inúmeras afinidades.

Foto: por Bart Booms (Flickr)

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Escrito por

Psicóloga Vivian Leivas

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