Falando da ejaculação precoce sem medo ou preconceito

sexo é uma atividade comum a todas as pessoas. Se por um lado proporciona diversos benefícios a saúde, por outro é um tema que gera bastante preocupação e atenção, influenciando na intimidade e satisfação dos casais. A psicóloga Maitê Hammoud propõe o debate, para desmitificar o assunto.

Mesmo sendo um assunto tão importante, ainda nos tempos atuais, por questões religiosas e culturais, acaba causando desconforto e vergonha ao ser abordado; fato que prolonga desnecessariamente um sofrimento quando uma disfunção é percebida e se evita a busca por apoio profissional.

Falando de ejaculação precoce

Um assunto recorrente nas pesquisas e fóruns de dúvidas da Internet, mas ainda pouco frequente em consultórios, é a ejaculação precoce. O problema atinge de 20 a 30% dos homens com idades entre 18 e 70 anos, estando a preocupação com a rapidez da ejaculação como fator comum entre todos eles.

Os homens que sofrem desse problema queixam-se de uma sensação de falta de controle sobre a ejaculação e demonstram apreensão a respeito da incapacidade prevista para retardar a ejaculação em futuros encontros sexuais, causando sofrimento pessoal e prejuízos na satisfação sexual.

O que é ejaculação precoce?

A ejaculação precoce é um padrão persistente ou recorrente da ejaculação, que ocorre durante a atividade sexual com a parceira em até um minuto após a penetração e antes do momento desejado. Pode ser diagnosticada em diferentes tipos e graus:

Ao longo da vida

A perturbação esteve presente desde que o indivíduo se tornou sexualmente ativo. Nesse tipo, normalmente os homens experimentam a ejaculação precoce nos encontros e relações iniciais, podendo adquirir controle ejaculatório e normalizando as atividades ao longo do tempo. O prazo estimado para conquista do controle é de 6 meses.

Adquirida

A perturbação se inicia depois de um período de função sexual relativamente normal. Ocorre em idades mais avançadas ou em pessoas que iniciaram atividades sexuais há mais tempo, podendo estar vinculada a fatores diversos.

Generalizada

Não se limita a determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros.

Situacional

Ocorre somente com determinados tipos de estimulação, situações ou parceiros.

Se falamos de graus, a ejaculação precoce pode variar entre leve, moderada e grave, diferenciando-se pela sua duração:

• Leve: a ejaculação ocorre dentro de 30 segundos a 1 minuto após a penetração;
• Moderada: a ejaculação ocorre dentro de 15 a 30 segundos após a penetração;
• Grave: a ejaculação ocorre antes da atividade sexual, no início da atividade sexual ou dentro de 15 segundos após a penetração.

Possíveis causas da ejaculação precoce

Vários fatores podem ser atribuídos como causa da disfunção. Alguns dos mais recorrentes são:

• Problemas com a parceira: problemas sexuais ou estado de saúde da parceira.
• Fatores relacionados ao relacionamento: comunicação inadequada, discrepâncias no desejo para atividade sexual, ausência de intimidade, conflitos.
• Fatores relacionados à vulnerabilidade individual: má imagem corporal, história de abuso sexual ou emocional.
• Comorbidades psiquiátricas: a ejaculação precoce pode estar associada a quadros de depressão e ansiedade; estatísticas apontam que é mais comum em homens com transtornos de ansiedade, especialmente transtorno de ansiedade social (fobia social).
• Estressores: perda de emprego, luto, divórcio, entre outros.
• Fatores emocionais: pode estar relacionada à baixa autoestima, insegurança, pessimismo, sensação de falta de controle e preocupação com consequências adversas que podem ser ocasionadas no relacionamento. A ejaculação antes da penetração pode estar associada a dificuldades ou temores de concepção.
• Fatores médicos: pode estar associada a alguns genes e, também, pode haver relação com doenças da tireoide, prostatite e abstinência de drogas.
• Fatores culturais ou religiosos: inibições relacionadas a proibições de atividade sexual ou prazer.

Tratamento da ejaculação precoce

Inicialmente é fundamental que o homem busque um médico urologista para verificar através de uma avaliação e exames complementares se a disfunção está associada a algum problema orgânico ou biológico, necessitando de tratamento medicamentoso.

Caso causas orgânicas e biológicas sejam descartadas e seja levantada a hipótese de que as razões da disfunção estejam ligadas a fatores emocionais, como problemas no relacionamento, traumas ou baixa autoestima, através da psicoterapia serão trabalhadas a natureza do problema favorecendo o bem-estar, a construção da autoestima e a segurança, impactando diretamente no desempenho sexual.

Mesmo que o assunto cause desconforto, não deixe de procurar ajuda! O desempenho sexual é um aspecto de sua saúde, que pode ocasionar diversos prejuízos emocionais e em seu relacionamento se não receber a devida atenção.

Os profissionais da saúde estão aptos a atender esse tipo de demanda, podendo viabilizar um ambiente confortável para falar do que o perturba. Mesmo que a ejaculação dure pouco mais de 1 minuto, como critérios abordados nesse texto, se você se sente desconfortável, não deixe de procurar apoio profissional.

Vale lembrar que o acompanhamento psiquiátrico pode ser necessário para complementar o tratamento quando a causa estiver vinculada com problemas de ansiedade ou depressão.

Fotos: por MundoPsicologos.com

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