“E se”: a dimensão temporal em nossa vida

Esse artigo visa refletir sobre a temporalidade na nossa vida e as possibilidades de construção, reconstrução que permitem dar um novo tom e sabor à vida.

6 NOV 2014 · Leitura: min.
“E se”: a dimensão temporal em nossa vida

"E" e "se", duas pequenas palavrinhas que, quando ditas separadamente, parecem tão inofensivas, como dissera Sophie no exuberante "Cartas para Julieta", mas quando conjugadas juntas ganham uma força tão poderosa que pode acompanhar toda uma vida.

"E se" eu tivesse feito isso, "e se" eu tivesse casado com fulano, "e se" eu tivesse mudado de cidade, "e se" eu tivesse escolhido outra profissão, muitos são os "e se" que nos acompanham ao longo da nossa história.

Todos os "e se" que vamos acumulando vão colocando-nos cada vez mais distante do único tempo real e que de fato existe na nossa vida: o tempo presente. É no tempo presente que vivemos, que escolhemos, que temos a oportunidade de ressignificar e aprender com o passado (que passou e que não volta), para construir um futuro (que é vivido no presente), de forma diferente, mais intensa, mais rica e mais completa.

Porque passado e futuro são dimensões do presente. E o presente é a totalidade de tudo o que já fomos, tudo o que somos e tudo o que podemos vir a ser. É somente no presente que podemos fazer escolhas e são essas escolhas que irão definir todo o restante na nossa vida, porque a vida é feita de escolhas e nós somos os responsáveis por essas.

A dimensão temporal é tão marcante e decisiva na nossa vida que, se pensarmos nos traumas, nos complexos, nos elementos reprimidos que vão tomando parte no emaranhamento do nosso ser e determinando o que somos hoje, veremos que só conseguimos desatar esses nós, para atingir uma vida com mais plenitude, livre da sensação de peso que esses componentes nos fazem sentir, se pudermos, corajosamente, com a experiência do hoje, encará-los, vivenciá-los, reelaborá-los e ressignificá-los para que possam passar a ocupar um outro lugar na nossa vida.

Mas, voltando a tratar do nosso "e se", veremos que ele nos aprisiona, nos deixa refém de um passado, uma decisão, uma escolha que poderíamos ter feito nas nossas vidas, mas que, naquele momento, não foi possível de ser feita e precisamos entender e respeitar os limites nossos e de cada um na sua capacidade de dar os passos necessários ao que se busca alcançar.

Porém, nem tudo está perdido, tem a boa notícia. Os "e se" também podem ressurgir nas nossas vidas de uma maneira bem interessante, como uma forma de resgatar no hoje, tempo presente, com toda a experiência acumulada, aqueles sonhos, projetos, idéias e ideais, também amores, desejos, que por alguma razão tiveram que ser colocados para trás em algum momento, mas que podem ser vividos no agora.

Talvez essa seja a função criativa e libertadora dos nossos "e se". Se com a maturidade, experiência e sabedoria da Claire, "Cartas para Julieta", pudermos buscar algo que deixamos esquecidos em algum lugar de um passado, mas que pode ainda nos fazer sentir muito felizes e vivos.

Torço para que você, algum dia na sua vida, possa reencontrar algum dos seus "e se".

Boa sorte!

Foto: por A J Thackway (Flickr)

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Escrito por

Ana Cristina Botelho - Psicóloga

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