Depressão pós-parto: como isso pode ser possível?

Tenho o intuito de abordar por que a depressão pós-parto tem sido tão frequente nas gestantes atuais. Visando, assim, a reflexão sobre o tema.

11 NOV 2015 · Leitura: min.
Depressão pós-parto: como isso pode ser possível?

Sempre que ouço comentários em relação a uma mulher com depressão pós parto esse comentário vem com um certo ar de preconceito, afinal como pode uma mulher.

Que acabou de viver um dos momentos mais lindos de sua vida está depressiva? Como isso pode ser possível? Talvez a resposta possa ser a mais simples, mas também a mais assustadora para muitos. A maternidade é o momento mais lindo e mais difícil na vida da mulher. Sim, a maternidade em si não é cor-de-rosa como todos acham ou até mesmo como a sociedade faz parecer.

Estar grávida é ter um ser sendo gerado com muito amor, desejo e alegria, mas também com muitos medos, angústias, inseguranças e, em alguns casos, de risco e aí aquele momento "mágico" é também muito apreensivo. Ahhh! E não se pode deixar de fora o contexto familiar no momento da gravidez.

Sendo assim, podemos perceber que a gravidez é muito mais complexa que mágica e em meio a um turbilhão de hormônios e sentimentos nasce uma criança e também uma mãe. Mas nasce também as cobranças, os olhares, os palpites...

Vocês devem estar se perguntando se não é assim como todas as mulheres e por que somente algumas sofrem da depressão, correto? Essa diferenciação vem de como a gravidez evoluiu, do apoio recebido e da força que a mulher encontrará para lidar com o novo. Afinal o mundo cor-de-rosa da maternidade vem com cobranças e comparações intermináveis como:

  • Cesárea? Parto Normal? Parto Humanizado? Mil críticas frente a cada resposta, afinal não importa o momento da mãe e sim o que a sociedade julga ser o correto.
  • Amamentação? Mamadeira? Livre demanda? Rotina? Como assim você não tem leite? Esse leite está fraco?
  • Noites sem dormir por insegurança, mamadas, cólicas ou simplesmente porque a criança troca o dia pela noite... E aí nos deparamos rapidamente com: é porque você não deveria optar pela livre demanda, dá mamadeira a noite que sustenta mais, você deve está consumindo algo que está ocasionando a cólica, você o deixa dormir muito de dia por isso não dorme a noite...

E aí começam as dúvidas, as cobranças dessas mães que estão ali envolvidas num turbilhão de sentimentos, hormônios e inseguranças. O momento mágico vai pesando até que você não se acha mais capaz de cuidar do seu filho, de viver aquele momento, uma vez que para os outros tudo parece tão simples, todos sabem menos você. Qual mãe nunca ouviu eu já criei 2, 3, 4 e não tinha nada disso... faz assim que é o correto, assim está errado...

Mas o que é correto quando se trata de uma momento totalmente individualizado? Afinal cada mãe é uma mãe, cada criança é uma criança, cada casal é um casal e nessa individualidade toda existe uma mulher aprendendo a ser mãe, tentando conhecer seu filho, suas necessidades e também as suas limitações como mãe.

Dessa forma pode-se dizer que a depressão pós-parto vem carregada das exigências da sociedade junto a uma momento de fragilidade da mãe que acaba não suportando esse peso e passando a ter repulsa por esse momento mágico, mas acima de tudo exaustivo.

Diante disso é importante pensarmos que uma mãe precisa de apoio, de sentir-se segura. A presença da família e dos amigos é importante e muito bem-vinda, desde que não venha carregada de comparações, criticas e cobranças.

Que possamos viver momentos lindos sem ter que deixar de expor nossas ideias, medos e inseguranças e ser vista assim como uma má mãe. A maternidade, ao final, é a exaustão mais cor-de-rosa ou azul que uma mulher pode experimentar e vivenciar, e para isso ela conta com a compreensão e respeito de todos frente a sua forma de pensar, agir e criar seu filho.

Por uma sociedade menos autoritária frente à maternidade para que se possa ter mães leves e felizes!

Foto: por photosavvy (Flickr)

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psicólogos
Escrito por

Faraco e Melo Psicologia Clínica

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