Das Águas à Psicoterapia

Conexão das águas com a psicologia de Carl Gustav Jung no processo de individuação.

15 MAR 2018 · Leitura: min.
Das Águas à Psicoterapia

O mar, a praia, o rio, a cachoeira, a chuva, um banho quentinho, a piscina...

Sabe quando você pensa: "Seria bom ver o mar... Seria bom dá um mergulho na praia... Seria bom tomar um banho de chuva, de rio, de cachoeira ou tomar um banho quentinho..."

Então, pra quem está em sintonia com o Self, percebe constantemente esse chamado e sabe que quando isso chega é bom se guiar pela intuição. Sim, sua voz interior diz: "Você está precisando disso! Faça, sinta, viva!".

Podem pensar: "mas que besteira, tem gente que faz outras coisas para se sentir melhor". E eu digo, claro que tem e, inúmeras. Mas, a gente está falando de algo que conecta ou reconecta as pessoas a sua origem e ainda nos é acessível: a água.

A história da humanidade pode ser contada através de mitos. Na mitologia indígena, africana, greco-romana, judaico-cristã, budista, reencarnacionista, há várias passagens que acontecem com a presença da água, seja um dilúvio, tsunami (onda de porto ou maremoto), curas, transformações de um bicho em outro, do bicho no homem e vice-versa, passagem de um local para outro, abertura de portais para chegar em outro mundo (leia-se contos, inconsciente, etc.), fontes da juventude. Mergulhar, tomar um banho é se conectar com o sagrado, com o que está além dos nossos olhos. E, não falo de religião, falo de se conectar com o universo, com o micro e o macrocosmo.

A água limpa nossas impurezas, abre nossa alma, expande nossa consciência. Diverte, energiza, acalma, acalenta, alimenta. Bem antigamente se acreditava que a terra era quadrada porque a linha do mar onde se alcançava ver é uma reta. Sim, a água era nosso parâmetro para descobrir o mundo e conceituá-lo.

Nosso corpo é feito de mais de 80% de água. Se estamos com sede, desidratados ou inchados nos sentimentos mal. Quando dizemos que alguém derramou um rio de lágrimas, o que queremos dizer? Alguém que chora tanto estava precisando realmente esvaziar aquela dor e deixar ir como um rio que corre em uma direção. Sim, faz bem chorar. E depois repor o que perdeu de outra forma, transformado física e emocionalmente sozinho e com ajuda de outros seres.

Há fatos que você pode rememorar que aconteceu com você ou ouviu falar... Por exemplo, quando você está triste, mas não consegue derramar uma lágrima sequer ou você está dormente, não sente nada. Ouvir o som de uma fonte, tocar na água límpida podem facilitar um processo de mudança, transmutando a energia que você está carregando em algo mais positivo.

Quando você escuta ou diz o ditado: "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Isso poderia significar: Insistência, perseverança, violência, não-aceitação, transformação através do tempo.

Lembra da imagem quando era criança e, não queria sair da água? O que você pensa sobre isso? É uma sensação tão boa parecida com aquela primordial, que sentimos ao estar dentro da barriga de nossa mãe, e numa linguagem arquetípica, dentro do útero da Mãe Terra.

Se você chegou até aqui deve estar se perguntando: "O que isso tem a ver com psicologia". E, eu digo, tudo. A psicologia é uma ciência humana, e por si só é dinâmica e evolutiva. A psicologia profunda, a qual acredito demonstra a conexão que nós temos com as coisas do mundo. Isso, nós: nossas alegrias, nossas dores, conquistas, emoções, amadurecimento, discernimento, e sincronicidade dos acontecimentos.

Não falo de uma faixa etária específica, falo da espécie humana que há muito tempo vem criando formas de se conectar consigo mesmo e com o sagrado. Pois bem, a psicologia que eu pratico vai nesta direção e, não só. Uma das grandes invenções desta psicologia é utilizar os recursos que a própria humanidade cria ou já criou em determinada época. Temos a arteterapia, os contos de fadas, os mitos, e toda sorte de símbolos como recursos terapêuticos importantíssimo para auxiliar na conexão do consciente com o inconsciente pessoal e coletivo.

Se algo está disfuncional, torto, com uma sensação de antecipação ou atraso, medo do que está além do seu horizonte e o que está na sua sombra, dificuldade em aceitar algum estado, acontecimento ou perdas, converse sobre isso com alguém e com algum profissional capacitado. A psicoterapia não é uma simples conversa, é um meio de compreensão do seu processo de individuação, como Jung nomeia. Tomar consciência, rememorar vitórias e sofrimentos, e assim, nadar a favor ou contra a corrente. Vamos reatualizar seu mito pessoal com ajuda, claro, das águas.

Agradeço imensamente poder compartilhar da minha busca pessoal e profissional. E, sigamos juntas e juntos.

PUBLICIDADE

Escrito por

Psicóloga Alessandra Alencar

Consulte nossos melhores especialistas em
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

Comentários 3
  • Marilayne dos Santos Soares

    Doutora Alessandra Alencar e demais Membros... Peço, por favor...não pare de falar de Jung, não pare com a psicoterapia... eu acredito em você, eu acredito no SER, eu preciso de respaldo social e intelectual de pessoas que pensam, escrevem e agem como você, o mundo precisa da disseminação fecunda e contínua desse conhecimento eloquente. Abraço...corações verdes do chacra da saúde para vocês e TODO o Universo!

  • Jean Carvalho

    Muito bom o artigo Alessandra. Obrigado pelas explicações e associações.

  • Elaine Ornellas

    Adorei o texto! Penso exatamente igual. Precisamos a todo tempo nos reconectar com o sagrado, sem rituais específicos ou intermediários. Assim nos reconhecemos na dor e angústia dos outros, pois percebemos que estamos todos ligados pelo fio invisível da vida!

últimos artigos sobre terapias e abordagens

PUBLICIDADE