Como lidar com auto sabotagem

Sabemos como é difícil lidar com uma "sabotagem" nossa, como ela nos atrapalha em nossos projetos e sonhos. Por isso vamos explorar um pouco mais esse assunto.

30 MAI 2023 · Leitura: min.
Como lidar com auto sabotagem

A palavra "sabotagem" tem origem nos tamancos de madeira que os trabalhadores usavam na revolução francesa para pisotear os maquinários dos proprietários das fabricas. Por isso sabot seria algo como "pisar com os tamancos", desfazer intencionalmente, destruir projetos. Mas como é possível, mesmo quando queremos muito alguma coisa, caminhamos com aquilo que nos faz mal e prejudica nosso processo?

"Auto sabotagem" é agir contra si mesmo, atrapalhar as próprias tarefas. Ela se faz muito presente quando nos colocamos no lugar de perfeccionismo: substituímos o "antes feito do que perfeito" por "se não for perfeito, melhor nem tentar" e destruímos as chances de que o imperfeito possa existir. O imperfeito não encontra espaço, não podemos não ser bons em algo.

Aqui nos inserimos em uma dinâmica de culpa. A culpa por uma não perfeição. A culpa por uma não produtividade. Como se existice um ideal e não pudessemos estar fora dele em nenhuma circustância.

Mas a questão é: realmente produzimos pouco e temos exigido de nosso corpo mais do que é razoável que ele faça? Outro ponto a nos atentarmos é quem nos dá essa ordem de produção.

Há de se levar em conta que existe uma ordem social de produtividade onde nosso valor pessoal se mede por nossa competência profissional. Reconhecer as falhas desse sistema nos ajuda a ver outras possibilidades de nos relacionarmos com nosso trabalho.

Pesquisas indicam que o ato de se sabotar é mais frequente quando o nosso cérebro está no auge da atenção, e não em momentos de cansaço ou distração. Isso já nos dá pistas para entender como esse mecanismo age.

Se nosso corpo encontra os limites do cansaço e aprende a não chegar ao esgotamento, nossa produtividade tende a ser melhor. Entendemos que não se trata de apenas levar horas produzindo algo, mas fazer menos coisas para que elas possam ter mais qualidade. Esse é apenas um dos mil motivos para você cuidar do seu descanso (cuide dele por você, e não pelo seu trabalho, ok?).

A auto sabotagem possui muitas facetas, pode se mostrar de infinitas formas, por isso é necessário um trabalho delicado para compreendê-la, já que ela costuma ser um elemento a mais numa dinâmica que vivemos. Não costuma ser nossa principal queixa, mas uma característica a mais no que sentimos.

Identificar como nos auto sabotamos é um exercício de autoconhecimento, e o trabalho com essa questão vai ser um processo de compreensão em como ela se dá individualmente em cada pessoa, mesmo que levemos em conta que estamos todos imersos em um contexto social mais profundo que nos atravessa de maneira coletiva, portanto temos características em comum. Entretanto, um contexto macro não necessariamente nos conta tudo sobre como vivemos uma experiência individual. Por isso não podemos apontar soluções simples para uma questão tão complexa que diz muito sobre nossa história e nossa formação pessoal.

Identificar os momentos em que a auto sabotagem ocorre ou sequer perceber que ela ocorre pode ser um ótimo ponto de partida para ampliar esse autoconhecimento. Levar esse material para um processo de terapia pode ser extremamente rico, assim há um cuidado maior com esse sofrimento.

Referências:

Monteiro, M. C. F. (2019). O sentimento de culpa sob o olhar fenomenológico existencial.

Bogo, F. H. M. (2017). Os sujeitos da escuta clínica: cultura, desejo e gozo como todo gestáltico.

Vargas, D. S. (2022). Resultados da formação de gestores nas empresas a partir da pedagogia ontopsicológica.

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Escrito por

Eloisa Goronci

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