Bullying, suas consequências no desenvolvimento da criança

Ao longo de décadas a ação de ridicularizar e debochar de alguém não eram visto como prejudicial na infância, era visto como natural seu vínculo com crianças e adolescentes na escola.

17 AGO 2019 · Leitura: min.
Bullying, suas consequências no desenvolvimento da criança

Foi a partir de 1970 que o tema bullying ganhou maior reflexão e atenção, a intimidação é um tema que foi percebido através de estudos, com a intenção de esclarecer a questão e caracterizá-lo. O tema proposto neste artigo, "Bullying, suas consequências no desenvolvimento da criança" parte do seguinte problema: quais as consequências que o bullying pode acarretar na criança?

Diante desta interrogação o objetivo deste artigo foi identificar e responder quais seriam estas consequências. A intenção é de fornecer uma compreensão deste elemento, pensar na possibilidade de multiplicar e objetivando também refletir nas possíveis sequelas deste tipo de agravo e suas variações de enfrentamento.

Fante (2005, p.28-29) define de forma concisa o termo bullying, facilitando a sua compreensão. De acordo com ela:

Bullying é um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são algumas das manifestações do comportamento bullying.

Diante de uma realidade cada vez marcada por situações que se pode definir como bullying, a reflexão deste tema por ser de grande importância, pois as chamadas "brincadeiras" são intencionais, maliciosas, intimidando as vítimas trazendo consequências desastrosas, para aqueles que são acometidos perversamente. O tema escolhido tem sido de grande impacto em perceber o sofrimento e desconforto daqueles que foram agredidos. A escolha desta temática em relação às consequências que o bullying traz; nos leva a perceber que por detrás, fenômenos pontuam a existência de conflitos inconscientes que vieram a se revelar através do corpo por meio de sintomas, que não são detectados através de exames cujo diagnóstico se mostram negativos.

No tocante à realidade Brasileira, a este respeito Fante (2005), vai dizer que o bullying é uma prática evidente nas escolas brasileiras, presente em todos os turnos, presente em instituições em zona nobre ou localizada em lugares aonde existam pessoas com baixo poder aquisitivo, não importando se particular ou pública. Pelo grande valor que remonta o tema, vem aguçando a atenção emergente na roda acadêmica, principalmente por que esta é uma tese que abarca questões multidisciplinares em diferentes ramos de atividade como a saúde, a educação e a área jurídica. Nesta pesquisa científica trataremos das questões ligadas ao bullying escolar.

Para contribuir neste processo de reflexão, esse artigo foi desenvolvido na perspectiva da pesquisa bibliográfica a partir de documentos científicos e livros que favorecem um aprofundamento em torno da temática. O objetivo com este artigo é responder dentro de uma comprovação teórica, o que é bullying; conscientizar que não é uma simples brincadeira, mas um ato perverso e desumano; mostrar suas consequências para o agredido; e por último apresentar uma proposta de tratamento. Neste percurso foi possível aprofundar o conceito de somatização, bullying, uma atitude agressiva, e os principais conflitos psíquicos que aparecem em torno a este enfrentamento.

Conceituando Bullying

O bullying é considerado por educadores, como ato violento que se revela de modo variado e em progressão na vida das pessoas. Tal agressão é violenta e estimula o emocional e o psíquico do agente agredido de forma devastador.

Bullying é originário da palavra inglesa que foi difundida no Reino Unido e Estados Unidos pelo então professor de psicologia Dan Olweus. Olweus (1993) diz que estudantes que agridem verbalmente e fisicamente são conhecidos como "bullies" ou seja, "valentões". Ela empreende precisamente o que concerne o termo bullying. O praticante de bullying tem prazer ascoso em promover a humilhação do outro reincidentemente.

As pesquisas sobre o tema deram inicio em 1978 até 1993, na Universidade de Bergen onde também se originou uma ação nacional antibullying. Segundo Catini (2004) diz que o lançamento de seu livro "Aggression in The Schools Bullying And Whipping Boy", no ano de 78, serviu de meta para o incremento de vários estudos, o que serviu para conquistar o interesse da Comunidade científica e educacional. Foi através da pesquisa que pôs em voga, questões puramente violentas que até então permaneciam desconhecidos sob um véu da ignorância e que por desconhecer nunca foram detectados. Dan Olweus colocou no cenário educacional pesquisas que contribuíram na formação de métodos para a prevenção do bullying.

Chiorlin (2007) define bullying não só como abuso de poder, mas também um problema inserido na sociedade com uma visão nítida de relação de poder. A esse respeito, Fante (2005, p.26) comenta:

O bullying é um conceito específico e muito bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência. Isso se justifica pelo fato de apresentar características próprias, dentre elas, talvez a mais grave, seja a propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas e envolvidos.

Segundo Lisboa, Braga e Ebert (2009), o bullying é o fenômeno aonde os agentes são crianças ou adolescentes envolvidos num complexo de atos prejudiciais, intercorrem sem estímulos evidente, e sim propositado por um ou mais "bullyinistas" (grifo meu). Segundo eles é causado por uma instabilidade onde está em jogo é o poder e a falta de sintonia, a vítima desprovida de qualquer recurso não tem meios para deter ou salvaguardar-se das investidas. Então, o conceito de bullying precisa ser compreendido como uma ação, atrelado à agressão física, verbal e psicológica.

Bullying, uma atitude agressiva

Passado muitos decênios, estudos comprovam que aquilo que era tido por "brincadeiras" inocente tem trazido consequências destrutivas e desastrosas às vítimas. Tal conduta foi percebida em muitas cidades em todo o mundo, os maus tratos entre pares têm levado as vítimas a angústia, sofrimento, intimidação, etc. Crianças que são acometidas desta perseguição psicológica e emocional podem apresentar um nível de cólera sem medida. Desse modo, o bullying é um comportamento associal, que matizam entre dissenções interpessoais e atos criminosos.

Segundo Pereira (2002), representa uma forma séria de comportamento antissocial que pela sua duração, pode prejudicar o desenvolvimento da criança, tanto imediatamente como á longo prazo. A destrutividade do bullying é tão abrangente que afeta não só as vítimas como também aos agressores, ambos estão propenso a desenvolverem problemas psicológicos.

Traduzir ato de violência configura-se uma ação impossível. Monteiro (2009) trás em voga uma ambiguidade entre violência e a indisciplina; pontuando não haver definições nítidas que abalizem o enunciado. De acordo com Abramovay (2012, p.1):

A violência é um fenômeno complexo e multifacetado, que se apresenta de forma variável em diferentes espaços sociais e cujos efeitos são não apenas os danos físicos, mas também o conjunto de restrições que impedem o acesso aos direitos cidadãos mais elementares.

Segundo Ribeiro (2007) a violência e indisciplina é um indicativo de transgressão, que pospõe o grau de ação dos fenômenos. A violência é mais abusiva em relação à indisciplina. Ela não se mostra agressiva, e sim uma transgressão as normas existentes, como no caso da própria escola que as crianças estudam. Já a violência tem um grau mais contundente. A compreensão que Czemisz (2010) teve foi de que se a relação entre pessoas é lesionada o dano se incorpora e então vem a violência. Tais danos despontam sempre no plano físico com repercussão no físico e moral.

O American Psychological Association – APA, (VANDENBOS, 2010) explica violência como sendo um misto de hostilidade e raiva com o propósito de ferir pessoas [...] Se pensarmos que o Bullying corresponde a um comportamento intencional agressivo, violento e humilhante concordaremos totalmente com os teóricos e os pontos já abordados em nosso estudo. O bullying é um ato agressivo e continuado que imprime medo, deixando suas vítimas ansiosas. Crianças vítimas desta violência tendem a se fechar e calar para não continuarem a ser foco de perseguições.

O bullying é tão segregador que acompanham um pacote de comportamentos aterradores, o pacote de violência vem com ameaças, os boatos são constantes, agridem fisicamente (arranham, cospem, roubam e batem) ou verbalmente.

Estudos feitos por Aquino em 2010 confirma que a violência são atos prejudiciais, voltado a pessoa. Segundo Negreiros, Simões e Gaspar (2009, p.27) a violência "consiste na utilização da agressão, do poder/influência física ou psicológica, ou da ameaça contra outra pessoa, grupo ou comunidade". Tendo a única finalidade de atingi-lo, de dominar e coagir.

A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2002) situa a violência como:

Um uso intencional de força física ou de poder dirigida contra o próprio ou contra outra pessoa ou grupo que pode resultar em morte, maus-tratos, danos psicológicos, privação ou défices de desenvolvimento (OMS 2002 apud NEGREIROS; SIMÕES; GASPAR, 2009, p. 22).

Acreditamos que a participação da família na formação da criança sempre será primordial, as bases precisam ser seriamente incutida para que valores como caráter, solidariedade e tolerância estabeleça uma visão mais humana, equilibrada e com equidade. Sendo assim formaremos á longo prazo uma sociedade onde as diferenças como a cor da pele, um defeito congênito, timidez, poucos amigos, dificuldades de se expressar e auto baixa estima não sejam motivos de escárnio e humilhação.

Por que em longo prazo? O bullying está presente desde sempre e até que possa ser completamente erradicada ou pelo menos minimizada, será necessário todo um processo incansável de trabalho.Asintervenções nas escolas é uma delas: grande parte do repertório social é adquirida no âmbito educacional, alia criançaaprende e internalizar normas morais e éticas. Desde o início da vida escolar é preciso priorizar atitudes que levem a criança a perceber e despertar seus sentimentos e direitos, principalmente dos seus colegas de classe, isto desenvolverá ações construtivas levando a decisões coerentes quando houver divergências.

Almeida, Silva e Deodoro (2014), diz que a família seria o motivo/causa para reação agressiva por não internalizar na criança entendimento adequada que o leve a tomada de atitudes corretas e valores que lhes dêem entendimento, que os façam rejeitarem atos de violência e desrespeito.

Dias, Schwartz e Lisboa (2014) diz que as agressões se desencadeiam pela busca de se obter a dominação ou controle de um grupo, como também está ligada a popularidade, isto acaba evidenciando para a criança uma posição de sucesso, por isso a agressão se tornou uma das estratégias que viabiliza manter seu lugar em voga.

Vítima e agressor

Dois protagonistas podem ser visto no cenário do bullying: o vitimado e o agressor, sem ter a pretensão de reduzir a um elemento somente. É muito comum encontrar diversas vítimas para um só agressor, bem como uma vítima para vários agressores. A dissemelhança existente entre estes agentes é sutil, levando a confundir simplesmente pelos traços similares como: o meio sociocultural e o familiar que na maioria das vezes estão sentido opostos.

O ato de agredir é definido pela forma de agir do sujeito? Segundo Bock, (2008) vai dizer que o ato está ligado a ação do pensamento, devaneios verbal e não verbal. Na perspectiva da psicanálise a agressividade é da natureza humana e que tanto a cultura, como a convivência em sociedade são preponderantes que regulam ações destruidoras.

Considerando o ímpeto do agressor, vem naturalmente de uma instabilidade familiar, cuja didática é nutrida pela violência, sendo aquele agressor uma vítima no lar, transformando-se em oportunista, fazendo pares em vítimas.Infelizmente, se deduz que tais agressores têm grande probabilidade de serem condenados e de cumprirem penas em prisões ou reformatórios, são passivos de problemas de conduta e comportamento desviante, ou seja, pessoas que se desviam das regras sociais e isto poderá se agravar com a passagem dos anos (OLWEUS, 1989).

O agente do bullying vê como indispensável a prática desta agressão, isto trás um sentimento de satisfação além do que há uma necessidade de ser visto e admirado, ser o centro das atenções, um sentimento de recompensa para ele é como receber um troféu. Tal agressão ao sujeito provoca um misto de prazer. Porém, a continuidade de se afirmar pode levá-lo a um outro nível de ação que é a violência doméstica ou outro delito de grande periculosidade, como roubos, pequenos furtos (BARROS; CARVALHO; PEREIRA 2009).

As vítimas dos agressores a maior parte é composta de pessoas do sexo masculino alcançando os dois extremos, não importando se pobre ou rico. O perfil das vítimas são aquelas rejeitadas pelos pares e que normalmente se isolam. Com o passar do tempo a incapacidade de se relacionar trás desajuste emocional (PEREIRA, 2006).

Tanto o agressor como a vítima se mostram frágeis, uma sensação de desigualdade. Ocasionalmente solicita auxilio em suas demandas. Gradativamente há uma diminuição de interesse, talvez por se sentir ameaçado entre em um estado de alerta por receio de mais ameaças. A rejeição, a exclusão que são submetidas as vítimas, são persuadidas a um desajustamento da adolescência a fase adulta, ainda, sentimentos como de instabilidade emocional incapacita a vítima na convivência com os outros (PEREIRA, 2008).

Outrossim, não seria correto afirmar que o bullying tem em sua conjuntura dois atores, neste cenário temos observadores que também estão sujeitos a consequências. Barros, Carvalho e Pereira (2009) diz que tais espectadores são alunos que estão nos bastidores e que não tem participação no ato, entretanto, assistem à ação violenta e mesmo que vejam como absurdo, como negativo, assumem uma posição de passividade para que não sejam eles as próximas vítimas. Esse clima de silencio pode ser interpretado como afirmação de seu poder pelos autores; este silêncio é maléfico, pois ajuda a encobertar a prevalência desses atos, passando uma tranquilidade dissimulada.

O bullying traz consequências não somente as suas vítimas e agressores, também aos que dela participam direta e indiretamente uma vez que este tipo de agressão é um fator puramente de ordem cultural, social, político, econômico, e individual, especialmente este último citado é preciso uma atenção exclusiva por se ver contida traços da personalidade no ambiente no qual se encontra. Outro fato de importância é o de ordem cultural por se tratar de regras da sociedade em que se vive (ANTUNES; ZUIM, 2008).

PUBLICIDADE

Escrito por

Samuel V. Lima

Consulte nossos melhores especialistas em bullying
Deixe seu comentário

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE